A importância de colaboradores felizes para a produtividade empresarial

A Saúde Mental está na ordem do dia e, recentemente, a Ordem dos Psicólogos Portugueses lançou um estudo onde se demonstra que se uma empresa tiver efetivas preocupações com a saúde mental dos seus colaboradores, isso garantir-lhes-á pessoas mais felizes, logo mais produtivas e uma poupança de 1,6 mil milhões de euros, no total das empresas portuguesas. A psicóloga clínica e especialista em Neuropsicologia, Sandra R. Santos, fala precisamente sobre a importância da atenção à saúde mental nas empresas.

0
568

Enquanto psicóloga, que análise faz à forma como as empresas nacionais já tomam para si a responsabilidade com a saúde mental dos seus trabalhadores?

As empresas têm vindo a mostrar uma maior consciência em relação à importância da saúde mental, nos últimos anos, e estas iniciativas são muito positivas. Contudo, é importante notar que ainda há um longo caminho a percorrer para se promover uma cultura de trabalho verdadeiramente saudável, equilibrada e inclusiva.

Que soluções, apontadas no estudo já referido, lhe parecem as mais importantes de implementar no contexto laboral?

Das medidas propostas no documento da OPP, considero que uma cultura organizacional saudável e a existência de planos de ação e procedimentos internos específicos para tolerância zero à violência são o ponto de partida. Só através destas duas medidas principais é que acredito que se pode, depois, alcançaras restantes soluções propostas.

Quais os principais problemas que afetam as pessoas em idade ativa e como se refletem os mesmos, posteriormente, no seu desempenho profissional?

Os principais são a Ansiedade, a Depressão e o Burnout. Estes problemas podem refletir-se através de dificuldades de concentração, tomada de decisão, diminuição do trabalho eficiente, da motivação e envolvimento com o trabalho, conduzindo a um aumento da procrastinação e uma diminuição da produtividade. Em alguns casos, pode acabar por levar ao absentismo ou ao presentismo.

Que opinião tem sobre a nova lei da Saúde Mental, que muitos dizem secundarizar o papel da prevenção?

Creio que aquilo que se pretende dizer com a secundarização da prevenção é que o foco seja algo mais remediativo, em vez de preventivo. É de certa forma claro que é difícil passar de um modelo remediativo para um modelo preventivo em menos de nada, dadas as condições existentes. Por isso, considero que primeiro é necessário criar estruturas que permitam dar resposta às necessidades atuais da população, e que, para isso, então o foco principal da nova lei seja nas questões remediativas. Contudo, não se pode deixar a prevenção
primária para mais tarde, sob pena de termos constantemente números alarmantes de prevalência de doença mental. É premente que, em paralelo com o trabalho remediativo, se criem estruturas, projetos, equipas que possam trabalhara promoção da saúde mental.

A conjuntura que vivemos atualmente pode influenciar a saúde mental das pessoas?

Sem dúvida que a conjuntura atual pode influenciar significativamente a saúde mental das pessoas. Após uma
pandemia, veio a guerra na Ucrânia e agora já se anuncia a crise económica. Sabe-se que as crises sociais, económicas e políticas podem também aumentar a ansiedade, o stress e a depressão nas populações. Desta forma, quando as preocupações e problemas começam a afetar o comportamento de uma pessoa, é importante que esta procure ajuda psicológica atempadamente.