A regra dos três I -Investimento, Investigação e Inovação

A regra de três simples é um processo matemático para encontrar um quarto valor a partir de três conhecidos. Ora, se aplicarmos esta regra matemática aos conceitos de Investimento, Investigação e Inovação, qual será o resultado? A resposta é simples: um mundo melhor para todos.

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Alcino Lavrador, Diretor Geral Altice Labs

O investimento pode ser em tempo ou em recursos (não só financeiros), mas sem o qual não se chega à inovação e daqui à sobrevivência sustentada das organizações. A inovação é uma das formas mais fascinantes de resolver os problemas cada dia mais complexos desse mesmo mundo.

Muitas vezes confunde-se investigação com inovação. De uma maneira simples podemos dizer que investigação traduz-se em transformar dinheiro em conhecimento, enquanto que inovação é transformar o conhecimento de volta em dinheiro. Assim, inovação é, muitas vezes, uma invenção que encontrou o seu lugar no mercado.

Criar valor de formas diferentes, melhorando a vida das pessoas, em qualquer dimensão da sociedade ou economia, é a principal diferença entre inovação e invenção. A maior dificuldade com a inovação não é fazê-la acontecer uma vez, mas antes fazê-la de uma forma sistemática e repetível.

Existem vários mitos sobre inovação. Um deles é o do Momento Eureka, apenas a parte visível de um longo processo de ligar pontos dentro do cérebro e do acréscimo incremental muitas vezes subconsciente. Requer um ambiente, cultura e hábitos focados na inovação. Einstein dizia que não possuía nenhum talento especial, era apenas apaixonadamente curioso. E a atitude de questionamento permanente, exteriorizada ou mantida internamente e aliada à vontade de aprender é a competência que determina quem vai ser decisivo para mudar o mundo.

Há um segundo mito que diz que é sempre a melhor ideia que ganha. A ideia (ou tecnologia) pode não ser a melhor mas é aquela que ajuda a sociedade ou instituição a ser a melhor. A melhor ideia tem que ser testada, corrigida e melhorada. Tal como na ciência, a evolução, na maior parte das vezes, resulta da eliminação uma a uma das várias hipóteses com base na experimentação, até que fica a última, a vencedora. O mesmo se deve aplicar numa organização.

Um terceiro mito é o do inventor solitário. Não se trata de uma tarefa específica de uma pessoa ou equipa específica, antes deve ser um objetivo e um propósito para todas as equipas, sem exceção, dentro de uma companhia. Para além das equipas internas, muitas vezes viciadas num determinado quadro de referências fechado, é extremamente importante que o processo de estimular a criatividade com vista à inovação seja permeável a pessoas, equipas e entidades externas, que contribuem com visões e experiências diferentes sobre um determinado problema. Podemos dizer que a inovação dá muito trabalho. Exige um esforço continuado da gestão que implemente atividades e processos que garantam o envolvimento de todos e que partilhem dos objetivos, visão e valores da organização. Cada um deve perceber qual o seu contributo para o propósito maior da organização e não apenas se a sua tarefa especifica é concluída no fim do dia. A tarefa de cada um é sempre algo inacabado mas que, se alinhado com o propósito maior, vai atingindo fases e marcos que levam a organização para outro patamar na criação de valor.

O processo de gestão de inovação na Altice Labs envolve todos os colaboradores que numa primeira fase são chamados a imaginar possíveis cenários futuros num horizonte de 5 anos. Nesses cenários, construídos a partir da identificação das forças de mudança obervadas
na sociedade, política, mercado e tecnologia, posicionamos os nossos clientes e daí chegamos ao nosso posicionamento num cenário final. Com isso determinamos quais as áreas de atuação onde pretendemos estar, e traçamos o caminho a percorrer, como domínios de inovação, competências e conhecimento necessário. No final pretendemos construir um portefólio de produtos, serviços e aplicações que sejam diferenciadores e criem valor na sociedade futura orientada por princípios de sustentabilidade e éticos.

Queremos deixar a nossa marca na construção de um mundo melhor e queremos que cada um dos nossos colaboradores sintam que ajudaram a construir esse futuro. É inegável que o futuro, essencialmente tecnológico, terá de ser mais sustentável, mais ecológico e com uma gestão mais eficiente dos recursos. Por isso mesmo, e de forma a promover o país e os seus recursos, desenvolvemos, em parceria com um dos maiores players da indústria, um router com ambições claramente ecológicas e que promove a cortiça, um dos produtos nacionais mais emblemáticos. Temos também levado o nosso trabalho de investigação para o mais próximo possível das matérias que possibilitam uma maior dinamização do ecossistema tecnológico em Portugal. Temos projetos de investigação, em parceria com a Academia, ou projetos de desenvolvimento, em parceria com Start-ups, que tocam temáticas tão abrangentes como a vitivinicultura de precisão, a apicultura inteligente ou a otimização de processos de monitoria de condições ambientais.

Integrado na nossa estratégia de proximidade com as pessoas e com os territórios está o trabalho de colaboração com a Academia, onde mantemos relações privilegiadas com uma parte significativa das Universidades e Politécnicos do País e Centros Tecnológicos. Trabalho que considero ser de extrema importância, dado dinamizar o espírito de inovação junto das camadas mais jovens e potenciar o investimento local.