Barcelos é um concelho pertencente ao distrito de Braga, com uma dinâmica empresarial elevada. Como vê o atual panorama do tecido industrial barcelense?
O setor industrial é fundamental na estrutura económica e no desenvolvimento do nosso território. Se, em Portugal, a indústria é uma das maiores alavancas da economia e um setor estruturante para o país, mais ainda o é para o nosso concelho. Como é reconhecido, Barcelos tem no setor têxtil, não só uma enorme dimensão, como também empresas e marcas de referência a nível nacional e internacional. Só como exemplo da importância da nossa indústria no contexto da vida dos nossos habitantes, basta referir que Barcelos é o oitavo município com maior proporção de população ativa da região Norte, sendo que grande parte dessa população
trabalhadora labora em indústrias transformadoras. Estes números, só por si, dão para perceber a importância vital que o setor industrial tem na estrutura social e económica do nosso concelho. Para se ter uma ideia mais
concreta do que realmente está em causa, basta dizer que a indústria transformadora representa 50% do volume de negócios do território municipal barcelense. Ora, tudo isto só é possível porque o tecido empresarial concelhio, apesar das dificuldades e apesar de algumas crises cíclicas, tem demonstrado uma excelente resiliência e dinâmica. Por outro lado, se há características intrínsecas aos barcelenses, uma delas é a sua capacidade de iniciativa e de empreendedorismo. Temos, por isso, massa crítica empresarial e temos capacidade e vontade de realização. Da parte da Câmara Municipal de Barcelos, e desde que o atual Executivo tomou posse, demos um sinal evidente de que o tecido empresarial e comercial é essencial para o desenvolvimento do concelho; daí que
tivéssemos reduzido o IMI e a Derrama, sendo atualmente Barcelos o município do quadrilátero urbano com a mais baixa taxa de derrama (1,14). Além desta decisão, as empresas com rendimento coletável até 150 mil
euros estão totalmente isentas deste encargo.
A região Norte é, muitas vezes, falada pelo facto de não ter capacidade de atrair população – ou mesmo fixar os jovens que já lá residem. Em Barcelos esta dificuldade também se verifica?
Desde que tomamos posse que uma das nossas grandes preocupações tem sido direcionada à faixa etária mais jovem. Temos, felizmente, sediada no nosso concelho, uma das instituições académicas mais prestigiadas e que mais tem crescido no país; falo do Politécnico do Cávado e do Ave, que atrai para Barcelos milhares de estudantes do ensino superior. Perante esta enorme vantagem, o nosso objetivo é que os jovens que estudam e
concluem os seus cursos no IPCA possam ficar a residir e a trabalhar em Barcelos. Sabemos que isso não é fácil, mas temos vindo a desenvolver projetos em parceria com o IPCA para que o concelho possa reter talento. Por outro lado, pretendemos aproximar os jovens do mercado de trabalho ou motivá-los para o empreendedorismo, pelo que, anualmente, promovemos a Skill Up, uma forma de capacitar e motivar os jovens para os estudos e/ou para a vida ativa.
Como caracteriza Barcelos, no que respeita ao seu território natural e valências culturais?
O nosso concelho tem uma localização privilegiada, muito bem situado na região do Minho, perto da capital de distrito, a cerca de meia hora do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e a 15 minutos das praias do litoral, tudo motivos de atratividade à nossa cidade. Acresce aquilo que realmente distingue o nosso território e que nos faz ter uma identidade muito, muito própria. As nossas origens remontam à pré-história. Possuímos um rico património arquitetónico, de onde se destacam monumentos como a Igreja Matriz, a Ponte Medieval, os Paços do
Concelho, a Torre Medieval, a Igreja do Bom Jesus da Cruz, e muitos mais que pontuam a cidade. No artesanato, além da nossa marca distintiva – o Galo de Barcelos – temos uma diversidade de artesanato inigualável, que, de resto, e com todo o mérito, nos valeu o galardão de Cidade Criativa da UNESCO, na categoria do Artesanato e Arte Popular.
Em termos de Natureza, entre os nossos picos montanhosos, correm dois rios – Cávado e Neiva. Daí que estejamos a trabalhar em projetos que potenciarão uma maior fruição da natureza pelas pessoas. Falo concretamente da construção da ecovia urbana na margem esquerda e da execução dos Passadiços na margem direita do Cávado.
Temos ainda a vantagem de sermos o epicentro do Caminho Português de Santiago, num percurso de cerca de 45 km que atravessa o concelho de lés a lés. Tudo isto, aliado à nossa hospitalidade, à nossa riquíssima gastronomia, e regado com vinhos verdes de produção no concelho, faz de Barcelos ponto obrigatório de visita.
O Desporto é também estimado e apoiado pelo município? Que impacto tem o mesmo no desenvolvimento das novas gerações?
O Município de Barcelos encara a prática desportiva como um fator de desenvolvimento salutar dos jovens e uma excelente forma de ocupação de tempos livres. Barcelos é, muito provavelmente, o concelho do país com maior número de associações desportivas, realidade que mobiliza milhares de jovens, e não só, para a prática desportiva.
No que ao município diz respeito, temos vindo a seguir a prática de promover a assinatura de contratos-programa de desenvolvimento desportivo com todas as coletividades. Isto permite, além da facilidade de acesso à prática de desporto, ir criando e melhorando as muitas dezenas de equipamentos desportivos disseminados por todo o concelho.
Em suma, consideramos o Desporto como uma escola de valores e de vida e encaramos o investimento que fazemos nesta área como fundamental para o desenvolvimento integral da pessoa humana.
O seu mandato teve início em 2021. De então para cá, que balanço faz daquilo que já foi possível concretizar, no que respeita aos seus objetivos de mandato?
Ainda é muito prematuro estar a fazer balanços de mandato. O que nos importa é resolver os problemas das pessoas e fazer investimentos estruturais que perdurem no tempo e façam a diferença no desenvolvimento do concelho e na qualidade de vida dos barcelenses.
Em todo o caso, e porque me perguntou, posso dizer-lhe que o nosso concelho está a atravessar o período temporal de maior investimento municipal, em simultâneo, de que há memória. Com efeito, nestes menos de três anos de mandato, julgo termos trabalhado para corresponder não só aos que acreditaram no nosso projeto para o concelho, mas também a todos os barcelenses que querem que a nossa terra se desenvolva, evolua
e vislumbre novos horizontes.
Para que se tenha uma ideia, neste momento, só no que respeita à execução no terreno de três grandes obras públicas municipais, os investimentos ascendem a cerca de 14 milhões de euros, assim repartidos: Fecho da Circular Urbana – 9 milhões de euros; Ecovia Urbana do Cávado – mais de 1 milhão de euros; Passadiços do Cávado – 3,5 milhões de euros.
São três obras que vão mudar radicalmente a relação dos barcelenses com a cidade e com o rio. O fecho da Circular Urbana, no Nó de acesso à Estrada Nacional em Santa Eugénia/Gamil, vai dar resposta ao escoamento de trânsito, melhorando a mobilidade de entrada e saída de Barcelos. É o maior investimento jamais feito na rede viária do concelho, cerca de 9 milhões de euros. A isto acresce, como disse, as obras do Troço Urbano da Ecovia, na margem esquerda, e a obra dos Passadiços, na margem direita, projetos que vão potenciar atividades de desporto, recreio e lazer, permitindo uma fruição plena de ambas as margens.
Mas muitas mais obras promovemos e executámos. Muito recentemente inauguramos a requalificação da Estrada Municipal 505, no troço Barcelinhos- Carvalhas, que passa também pelas freguesias de Alvelos e Remelhe, dando resposta a uma aspiração e reivindicação que perdurava há quase duas décadas. Só nessa empreitada investimos cerca de 2,4 milhões de euros – requalificando uma extensão de estrada de quase seis quilómetros.
E se me permite, apenas mais um apontamento. Infelizmente, em pleno século XXI, Barcelos ainda possui dezenas de vias em terra batida. Ora, para acabar com essa lacuna, há cerca de dois anos lançamos, em
colaboração com as Juntas de Freguesia, o programa “Novos Caminhos”, o qual já permitiu concretizar dezenas, senão centenas de obras de pavimentação, num investimento superiora 10 milhões de euros.