Capitalges: Os desafios que esperam as empresas em 2024

João Carlos Cunha é o CEO da Capitalges, uma empresa de Contabilidade e Consultoria vocacionada para o apoio a micro, pequenas e médias empresas. Em 2023, com as alterações provocadas no mercado pelas guerras e pelos valores da inflação, as empresas estão a atravessar tempos particularmente complicados. No entanto, o responsável pela Capitalges deixa uma mensagem de esperança no novo ano.

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A situação económica nacional parece estar controlada, quando se olha a questão pelo lado da redução da dívida pública e pelo crescimento económico esperado. Enquanto player da área financeira, e trabalhando tão de perto com os empresários nacionais, parece-lhe que esta situação positiva é, de facto, real?

Tendo em conta o que temos lido sobre os indicadores, os mesmos apontam nesse sentido, mas a verdade é que os empresários das PMEs, e acima de tudo de pequenos negócios, continuam com dificuldades e não sentem essa melhoria. Naturalmente que existem sempre empresas que continuam em crescimento e cada vez mais saudáveis, mas outras têm dificuldades em aumentar preços e veem os seus custos de produção a aumentar. O acesso ao crédito está difícil e, com a agravante do aumento das taxas de juro, piorou. Há ainda a destacar a dificuldade em contratar pessoas, entre outros desafios.

O que podemos esperar para 2024, no que respeita a áreas como as exportações, o peso do IRC nas contas das empresas nacionais e a forma como as empresas veem impulsionadas áreas como a transição digital e a adoção de políticas de sustentabilidade?

Existem alguns mercados para exportação que estão sempre em crescimento, mas as empresas têm que ter imensas cautelas. As oscilações políticas e as guerras têm destruído alguns mercados e os empresários tentam encontrar mercados alternativos. Em Portugal a taxa de IRC poderia ser mais atrativa, é um facto, mas o que me preocupa mais são as empresas que nem chegam a pagar IRC, porque não geram lucros. A questão da transição digital e as políticas de sustentabilidade são o tema atual e existem empresas com sensibilidade para o tema, que procuram tomar medidas para o efeito, no entanto o pequeno empresário ainda não está preocupado com o tema, porque o considera dispendioso e não lhe atribui benefícios de imediato. Existem medidas de apoio para
incentivar as empresas a tomar esse rumo, mas nem todas as empresas têm condições de acesso às mesmas.

Que considerações tece sobre a forma como as empresas poderão beneficiar de mais apoios – integrados no PRR e noutros fundos europeus – que possam ajudar a aumentar a sua competitividade a nível internacional?

Relativamente aos apoios integrados no PRR e outros, considero que são uma mais-valia para as empresas. O reparo que posso registar é que, em alguns apoios, os parâmetros e exigências das medidas nem sempre
abrangem todas as empresas. Quem tem condições de acesso deve aproveitar para crescer com esse auxílio, no entanto os restantes empresários têm que continuar com os seus meios, têm que se reinventar e devem procurar reforçar as suas competências ao nível do conhecimento, para acrescentar valor ao seu negócio e procurar parcerias com empresas mais robustas.

Que mensagem gostaria de deixara quem o lê, considerando o balanço de 2023 e aquilo que nos pode esperar em 2024, a nível económico-financeiro?

A mensagem que gostaria de deixar é algo que já foi dito por muita gente. Esperar pelo melhor, estar preparado para o pior e aceitar o que estiver à nossa frente. Aceitar não significa não lutar, dar o máximo de nós e ter fé
que tudo correrá bem. Os aspetos menos bons que nos surgem têm de servir como alavanca para evoluir e corrigir. Aos empresários gostava de dar uma palavra de coragem e dizer que devemos cuidar bem das nossas
equipas de trabalho. Para isso temos que melhorar as nossas qualidades humanas. Aos meus colegas de profissão e à minha equipa de trabalho, desejo um bom ano de 2024 e sendo competentes, responsáveis e
honestos, nada nos deve preocupar.

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