“Mais do que contabilistas, somos parceiros dos clientes”

Ana Martins é contabilista certificada e criou a empresa Caixa Mágica há cinco anos, para se iniciar em nome próprio nesta área de trabalho. Desde então, os desafios são diários, mas o gosto por ajudar os seus clientes e ser um parceiro no desenvolvimento das empresas move Ana Martins sempre mais além. Nesta entrevista discute-se, também, o impacto que as novas tabelas de retenção na fonte vão ter para os contribuintes e empresas.

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O Governo publicou recentemente as novas tabelas de retenção na fonte em sede de IRS, sendo que o mês de setembro e o de outubro serviram para devolver o que foi descontado a mais, desde janeiro, aos contribuintes. No entanto, a Bastonária da Ordem dos Contabilistas e outros colegas da mesma área já alertaram para o facto de os reembolsos do IRS poderem ser menores ou o contribuinte poder mesmo pagar IRS. Concorda com esta realidade? Que impacto poderá ter esta medida, no momento de declarar os rendimentos?

Concordo que devemos avaliar bem as consequências das novas tabelas de retenção na fonte e que devemos ter cuidado ao comunicar as alterações das taxas de IRS e a retenção na fonte mensal. As tabelas de IRS para os rendimentos de 2024 baixaram e foram atualizadas face a 2023, no entanto apenas ligeiramente, uma vez que se tem feito, mesmo em alterações anteriores nomeadamente em 2023, uma tentativa de aproximação da retenção na fonte com o imposto real a pagar no final do ano. A medida tomada pelo Governo de antecipar já, durante os meses de setembro e outubro, o “reembolso” do que foi pago a mais durante os meses de janeiro a agosto, vai ter reflexo mais tarde aquando da entrega das declarações anuais e onde não haverá grande diferença para o imposto real correspondente aos rendimentos anuais, ou seja, contribuintes que normalmente estão habituados a receber, porque vão retendo IRS ao longo do ano a uma taxa superior à efetiva anual, podem vir a não receber tanto como estavam habituados, uma vez que vão receber em setembro e outubro.

Esta alteração da retenção na fonte pode ser considerada um “adiantamento”, que os contribuintes pagarão mais tarde, em sede de declaração de rendimentos?

Não creio que seja um “adiantamento” a ser pago no futuro, vejo mais como um adiantamento do que é suposto receber. Quero crer que serão mais os casos em que deixam de receber no futuro do que os que terão de pagar, mas cada caso é um caso. Será muito importante os contribuintes saberem e poderem valer-se de todas as medidas de benefícios fiscais ao seu dispor, e que possam aumentar as suas deduções à coleta final. Ainda temos três meses para poder usar essas ferramentas, que também já não vão sendo muitas, mas que temos que aproveitar.

Que custos adicionais esta medida pode trazer para os contribuintes e para as empresas, em 2025?

Os custos desta medida para as empresas serão principalmente administrativos, de formação e de atualização tecnológica, uma vez que todos os programas de processamento de salários terão que ser atualizados, mas estas
atualizações constantes e “fora de época” não são benéficas do ponto de vista de processos, de transmissão de informação, de tempo de adaptação às novas tabelas e de tempo para explicações e clarificação dos novos valores e de como funcionam as novas tabelas. Para as empresas e para os contribuintes, penso que seria muito mais fácil e menos dispendioso se existisse uma alteração anualmente, como está prevista de agora em diante, e que fosse implementada no início de cada ano, evitando assim dúvidas e alterações em termos de rendimento mensal.

Há quanto tempo já nasceu o projeto da Caixa Mágica? Que serviços presta?

O projeto Caixa Mágica surgiu em 2019, com o início da atividade de Contabilista Certificada, como projeto individual. Tinha vontade de ter uma profissão com uma função de acrescentar valor e onde pudesse ajudar empresas a focarem as suas atenções no seu negócio e deixar a parte contabilística, fiscal e financeira nas mãos de alguém cujo foco do seu trabalho é justamente essa área. Prestamos serviços de Contabilidade e Consultoria de Gestão, processamento de salários, consultoria fiscal, apoio administrativo, faturação, e outros que nos vão solicitando, como auditorias a contas, abertura e encerramento de empresas, preenchimento de declarações anuais de IRS, etc.

Um contabilista pode funcionar como um grande aliado de uma empresa. Este é também o vosso papel junto dos vossos clientes?

Sim, um contabilista é para muitas empresas o seu departamento de suporte para tudo o que não é do seu negócio e do seu conhecimento. Em muitos dos clientes, o nosso trabalho não passa só por fazer a Contabilidade e entregar declarações fiscais. Somos departamento de Recursos Humanos e damos suporte em contratações e
despedimentos, em registos de novos funcionários, somos apoio jurídico e ponte de contacto com a Autoridade Tributária, Segurança Social, Registos e Notariado, etc… Somos realmente parceiros, confidentes, e, em alguns casos, ombros amigos nos momentos difíceis dos negócios e até a nível pessoal.