Portugal e o mundo atravessam novamente uma situação difícil, no que respeita ao estado da economia. Enquanto empresária, como descreveria o ano de 2022 para a Medsquare?
Os ciclos económicos afetam de forma diferente as PME e as grandes empresas. Tendencialmente, as contrações económicas podem trazer oportunidades de crescimento que só uma empresa pequena, mas dinâmica, consegue
alcançar. A Medsquare, em 2022, conseguiu adaptar-se, tendo sido distinguida com a certificação TOP 5% melhores PME de Portugal.
Considerando o efeito da inação na situação financeira dos portugueses, parece-lhe que pode haver, da parte de alguma população, a incapacidade de cuidar da sua saúde, considerando que tal poderá implicar custos mais elevados?
O impacto da inflação na Saúde implica, em primeira instância, uma quebra em atos considerados menos urgentes e, posteriormente, pode chegar a situações mais urgentes e críticas. É fundamental que se considere o setor da Saúde como prioridade e que o Orçamento do Estado para a Saúde seja ajustado à inflação, quer do ponto de vista de volume, quer do ponto de vista fiscal.
Como antecipa que o ano de 2023 se revele, para a Saúde e, em particular, para empresas como a Medsquare, que trabalham de forma próxima de empresas e população?
A resiliência é uma palavra que entrou no vocabulário de todos nós. Infelizmente, existem limites para a resiliência quando o tema é Saúde, sobretudo nos casos mais urgentes. 2023 será um ano em que não se prevê melhorias, porque ainda há muita Saúde a recuperar dos tempos de pandemia, quando uma parte ficou em suspenso. Assim, tornar real e presente esta capacidade de recuperar é um dos grandes objetivos de 2023.
A Medsquare conjuga a área dos cuidados clínicos de Saúde com serviços de gestão e assessoria clínica. O que a levou a avançar para a criação de uma empresa com essas valências? Que tipo de necessidades ainda sente no mercado?
O setor da Saúde necessita de inovações disruptivas. É necessária uma digitalização no apoio à prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento do paciente. A Medsquare pode ser o agente catalisador da inovação em Saúde em Portugal e contribuir para esta mudança, atuando de forma ativa na prevenção da doença e
promoção da saúde.
A liderança feminina é uma presença assídua nas empresas nacionais, mas Portugal também tem um grande número de mulheres que criam os seus próprios negócios. A que lhe parece que se deve este empreendedorismo demonstrado?
Portugal é um dos países com maior percentagem de mulheres empresárias e gestoras de empresas, e
acredito que será importante para o nosso país que o mercado de trabalho continue a evoluir no sentido de podermos olhar exclusivamente aos perfis mais qualificados e ajustados aos cargos de liderança, ao invés de fazermos avaliações com base no género. Tendo em conta o caminho percorrido no sentido da igualdade e da mudança do papel da mulher na sociedade, existe cada vez mais a vontade de realização pessoal e de independência, aliadas à perceção das oportunidades de mercado. Felizmente, estas são, hoje, sonhos ao alcance de qualquer pessoa com perfil empreendedor.
Qual a importância da inteligência funcional e da inteligência emocional para o seu trabalho, enquanto CEO da empresa e também na relação com os colaboradores e clientes?
A conjugação de ambas as dimensões é fundamental. Revelar inteligência emocional é ter a capacidade de gerar empatia e de criar laços e sentimento de pertença, permitindo motivar as pessoas e extrair o melhor de cada uma delas. Enquanto líder, é importante que sejamos capazes de potenciar o desenvolvimento da inteligência
emocional de cada colaborador. De braços dados com esta componente tem de estar a capacidade de desenvolver e operacionalizar aquilo que entendemos ser o rumo certo para a empresa. Na relação com os colaboradores, é fundamental sermos pragmáticos e transmitirmos de forma eficaz o que queremos, com clareza e consistência.