“O Design adapta-se e reinventa-se”

Daniela Mateus e Fátima Gonçalves criaram a Projecto 84 em 2009, baseado numa filosofia de que o espaço deve adaptar-se a quem o habita e utiliza. Com a pandemia e o confinamento, a Projecto 84 viu-se privada de um dos seus pilares de funcionamento – a relação presencial com o cliente, mas tal não impediu o desenrolar dos projetos.

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Daniela Mateus e Fátima Gonçalves, fundadoras

Qual a vossa conceção de Design?

Sendo a nossa formação em Design de Ambientes, consideramos o design como sendo a capacidade de interpretar e de modificar o que nos rodeia. O design é fundamental para o nosso dia-a-dia, não só num aspeto estético, mas também ao nível funcional.

O design funcional é um desafio maior que o design conceptual?

Acreditamos que o espaço tem de se adaptar a quem nele habita e não o inverso, logo a premissa entre o design de todos os dias e o design conceptual está interligada, uma vez que a forma segue a função, seja ela num objeto, num espaço ou até mesmo na comunicação gráfica. A importância de saber interpretar um briefing dado pelo cliente e as suas necessidades dita o sucesso de conseguir criar um espaço com identidade, tornando-o único.

Como caracterizariam a vossa forma de envolver um cliente no projeto?

O Cliente faz parte da equipa a partir do momento em que estamos a projetar para ele, pois é o cliente que traça as suas necessidades, objetivos e sonhos. Estes são os elementos necessários para conseguirmos atingir o objetivo pretendido, um espaço funcional, que corresponda ao estilo de vida de cada um.

A pandemia e o confinamento criaram dificuldades à empresa?

A maior dificuldade foi gerir projetos entre a equipa à distância, uma vez que fazê-lo de forma presencial torna várias situações de mais fácil resolução. Mas, como referimos, na Projecto 84 apreciamos desafios. Com o recurso à criatividade, há que superá-los e concretizar novas ideias. No entanto, a construção continuou, logo, a gestão de obra nunca ficou suspensa. Assim, optámos por tirar partido desta pequena franja de manobra recorrendo a novas estratégias de reporting e comunicação online, o que permitiu que todos os trabalhos ongoing assim o permanecessem.

Quais os maiores desafios que o regresso ao trabalho vos trouxe?

O maior desafio foi, sem dúvida, a ausência de contacto presencial com os clientes, uma vez que esse contacto é algo fundamental para o desenvolvimento do projeto. Diferenciamo-nos pelo acompanhamento que damos ao cliente em todo o processo. A distância só nos trouxe uma nova forma de comunicar.

Como antevê a retoma económica?

Estamos a passar um momento de mudança. Um presente que exige reinvenção. Há novas linhas de negócio que se abrem. Com a questão do confinamento as pessoas começaram a dar prioridade à sua casa, em fazer mudanças. Tivemos contactos nesse sentido, pois a prioridade passou a ser o conforto do espaço, que muitas vezes estava esquecido. Em paralelo a este cenário, houve quem aproveitasse para realizar novos projetos, uma vez que os negócios estavam parados. A retoma económica faz parte de uma vontade de querer fazer mais. Todo um trabalho de equipa é fundamental. Mais do que nunca, o Design acompanha esta nova fase da vida, em que teremos de adaptar os espaços às novas necessidades.