A nível profissional, como foi o seu percurso até chegar a CEO da Visual Thinking?
Licenciei-me em 1999 e, na altura, entrei numa pequena empresa que entretanto cresceu e tornou-se uma referência nacional no mercado da automação e robótica, onde, até hoje, ainda exerço o cargo de diretora financeira. No entanto, o “bichinho” de ter um projeto próprio existiu desde muito cedo. A Visual Thinking surge em 2018, com o objetivo de criar um projeto diferente, onde pudesse exercer mais do que a função apenas financeira, mas também de direção de um projeto que é mesmo meu.
Ao longo deste percurso, alguma vez sentiu que as dificuldades eram maiores por ser mulher?
Sem dúvida que senti, principalmente nos momentos em que fui mãe. E, como mãe de três filhos, foram três momentos em que senti a dúvida e a confusão mental e emocional por querer assumir a maternidade com foco. As mulheres que assumem o papel de mãe têm uma dificuldade acrescida em relação ao homem, porque a sociedade ainda está muito focada na ideia de que a mãe é que é a cuidadora da criança.
Existem características na liderança feminina que a tornam mais eficaz?
Sem sombra de dúvida. Eu acho que nós temos uma sensibilidade que, hoje em dia, é um fator preponderante na liderança de qualquer organização. Uma das dificuldades dos dias de hoje é a retenção de talentos e as mulheres conseguem perceber o que move individualmente o colaborador e, de alguma forma, conseguem criar condições na organização que vão ao encontro dos objetivos individuais dos colaboradores. Outra característica tem a ver com a conciliação, i.e., em caso de ideias contrárias, a mulher consegue mais facilmente trazer o consenso. A mulher pensa com a razão mas também com o coração e isso faz com que as decisões possam ser um bocadinho mais equilibradas.
Que balanço já é possível fazer da sua posição neste cargo?
Apesar de ainda não estar na Visual Thinking a tempo inteiro, é um projeto que me move. A área de atuação é uma área em expansão, e criar um projeto de raíz trouxe um novo ímpeto à minha agenda profissional. O balanço é positivo e a organização já transparece alguns pontos que reconheço pessoalmente, nomeadamente a cultura e os valores que incuto em toda a equipa.
Que desafios trará a próxima década para os “data thinkers”?
Os “data thinkers” têm de ser cada vez mais os que vão “pôr o dedo na ferida” quando colocam as questões aos decisores. Terão que colocar as questões corretas para que, depois, os dados que se vão procurar e transformar em informação relevante sejam os que o decisor necessita. Desafios associados: a segurança dos dados, principalmente quando tratamos de dados pessoais e sensíveis. Será uma década muito interessante, com a cloud a crescer, o 5G já aí à porta, a computação quântica a desenvolver-se a olhos vistos, com ferramentas muito interessantes e economicamente apetecíveis para tornar as nossas organizações ágeis.