“A desmaterialização foi o começo da evolução da profissão”

Inês Maurício Lagarto é licenciada em Contabilidade, Fiscalidade e Auditoria pela Universidade Lusófona de Lisboa desde 2017 e membro da Ordem dos Contabilistas Certificados desde 2018. Ter trabalhado em vários escritórios de contabilidade deu-lhe a oportunidade de lidar com clientes das mais diversas áreas, e de várias nacionalidades, o que, acredita, a fez crescer profissionalmente. Depois de ser mãe, em 2023, percebeu que o tempo que passava em família era o mais importante e, por isso, tornou-se uma profissional independente, em meados de 2024.

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Quais as ferramentas tecnológicas que tem à sua disposição para desenvolver o seu trabalho?

Na contabilidade, a tecnologia tem trazido mais eficiência, precisão e automatização aos processos. Algumas das principais ferramentas tecnológicas que temos disponíveis são os ERP’s, as ferramentas de Business Intelligence, as plataformas de armazenamento em cloud, robots para automação de processos (RPA’s), etc. Estas ferramentas permitem que o contabilista se foque em atividades mais estratégicas, como o aconselhamento financeiro e a análise de resultados, tornando-nos num parceiro estratégico para os nossos clientes.

Quais os desafios que destaca no setor da Contabilidade?

Os desafios vão crescendo diariamente, quer seja pelas alterações regulamentares constantes, ou pelos avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, devido à Inteligência Artificial, assim o contabilista que não queira ficar para
trás tem o grande desafio de se manter atualizado. O contabilista que consiga estar a par das alterações regulamentares e avanços tecnológicos consegue entregar ao seu cliente informação tempestiva e certeira, mitigando assim os riscos inerentes ao negócio do cliente, e isto só se consegue com formação constante.

A utilização da cloud e da Inteligência Artificial pode vir a permitir uma consulta alargada dos documentos por parte da empresa e do seu contabilista, de forma mais ágil. Além disso, a análise dos dados financeiros pode também ter ficado mais facilitada, por via da utilização de ferramentas digitais. Reconhece que esta possibilidade de trabalhar com as ferramentas digitais ajuda a dar respostas mais concretas no que toca a fornecer análises exatas sobre as perspetivas futuras do setor ou do estado da empresa em causa?

Sim, atualmente estamos à distância de um clique para obter os documentos contabilísticos dos nossos clientes e por outro lado com o facto de conseguirmos recorrer a ferramentas com IA, é muito mais fácil o seu tratamento. A possibilidade de trabalhar com ferramentas digitais, como a cloud e a IA, não só melhora a agilidade e a precisão na gestão financeira, como também permite que os contabilistas forneçam análises mais exatas e projeções mais informadas sobre o futuro das empresas. A transformação digital está a redefinir o papel dos contabilistas, que se estão a afirmar como consultores estratégicos essenciais para o sucesso financeiro das empresas.

Como poderiam os contabilistas ter ainda mais disponibilidade para os seus clientes, e serem consultores, além de parceiros contabilísticos das empresas?

Em primeiro lugar, é necessária uma mudança na mentalidade dos contabilistas, ainda há pouca confiança quanto à utilização destas novas tecnologias. Se começarmos a desmistificar o uso da IA, das Business Intelligence, de RPA’s, dos arquivos e dos ERP’s em cloud, conseguimos liberdade suficiente para deixarmos de ser meros contabilistas de lançamento de faturas e submissão de obrigações declarativas e passarmos a ser um elemento indispensável ao crescimento do negócio do nosso cliente, entregando dados estratégicos quase em tempo real, que permitam tomadas de decisão muito mais conscientes e estruturadas.

A profissão evoluiu de forma satisfatória para os profissionais que a integram? Que mudanças nota que contribuem para um maior sucesso da profissão?

A nível tecnológico, a desmaterialização foi o começo da evolução da profissão. Por outro lado, a Ordem dos Contabilistas Certificados tem ajudado muito na evolução da profissão, ao disponibilizar cada vez mais oferta formativa e criar repositórios de informações técnicas, o que permite aos contabilistas manterem-se atualizados.