A felicidade…tão falada, desejada, aliciada, vendida, imaginada e simultaneamente geradora de frustração, insatisfação e desilusão. Todos a queremos sentir, mas muitos poucos a sentem, a avaliar pelos resultados dos estudos a este respeito. E este desejo não alcançado leva-nos muitas vezes ao antídoto do que achamos que ela significa: a uma vida infeliz, insatisfeita e escassa.
A felicidade tem em si e por si só uma certa graça porque pode assumir significados e vivências diferentes para cada um de nós. Acredito que existam tantos significados de felicidade como pessoas, embora se consiga perceber que há um conceito social generalizado da mesma que está, grande parte das vezes, longe do conceito real. À parte desta diferença, quando não nos sentimos bem ou quando sentimos que precisamos de mudar alguma coisa na nossa vida recorremos à questão central: serei feliz? Alcançarei algum dia a tal felicidade?
Acredito que o novo ano traz consigo o questionamento do que queremos e do que de facto traz sentido às nossas vidas. No entanto, acredito que antes de queremos ser felizes precisamos de perceber o que é mesmo isto da felicidade. É ter saúde? Então e os que têm saúde só por si sentem-se felizes? É ter sucesso profissional? E os que têm sucesso profissional são à priori felizes? É ter dinheiro? Terão maior indice de felicidade os mais ricos? É ser bonito? É ter uma família, uma casa, filhos, reconhecimento familiar ou profissional? Afinal, o que é que é mesmo isto da felicidade?
Acredito que de forma taxativa poucos o saberão. Acredito que a felicidade, mais do que uma meta a atingir, é uma vivência interna alicerçada em parâmetros essenciais para melhor viver. Mais do que ter algo, pertencer a algum sítio, ter um estatuto ou construir uma determinada imagem é uma vivência interna de paz, amor e adaptação às incertezas da vida. Podemos ter dinheiro, uma casa confortável, um relacionamento, uma profissão reconhecida socialmente e um sem fim de coisas e nomes, mas se não vivermos bem dentro de nós com as nossas necessidades, insatisfações, erros, amor e em resiliência para os desafios diários acredito que será difícil ser feliz. Porque a felicidade não vem com nada nem com ninguém, é antes um estado construído com trabalho interior diário, de questionar o que nos dizem, quem somos, o que queremos, o que nos faz sentido e o que nos dá sentido à vida. Acredito também que a felicidade estará muito relacionada com a liberdade com que vivemos dentro de nós, para vivermos como queremos e assumirmos as limitações constantes que farão parte das nossas escolhas, comportamentos e da nossa vida. Acredito que ser feliz é assumir com aceitação que a vida vai ser um desafio constante com problemas para resolver recorrentemente, mas que há dentro de cada um de nós a capacidade infinita para transformar o que vier. É fácil de prever que a felicidade não vem com coisas quando percebemos que ao fim de umas horas de termos aquilo que achávamos que nos iria fazer sentir felizes percebemos que afinal estamos como estávamos antes ou piores, porque afinal a felicidade não veio com o casamento, o carro, a casa, o titulo de doutor, a maternidade ou o que quer que seja por muito que tudo isto traga outro sentido e vida às nossas vidas, que traz! Tudo isto fará parte de uma vida com significado, onde nos permitimos construir uma vida com algum tipo de realizações, conquistas, prazer, crescimento e evolução, mas não será a meta da felicidade porque essa vem de dentro, da forma como escolhemos viver os momentos de alegria e os momentos de desconforto.
Se queres ser feliz em 2020 permite-te ouvir as tuas necessidades mais profundas com respeito, questionamento, verdade, aceitação e liberdade. Aí sim, nessa forma de sentir a tua vida começará a tua felicidade, porque essa só tu podes descobrir o que significa e o que precisas de transformar diariamente em ti para viveres feliz.