“A multiplicidade de papéis vividos pelas mulheres ajuda-as a gerir prioridades”

A SINAMBI tem como propósito assegurar que a preocupação com o ambiente e a consciencialização sobre as melhores práticas ambientais estão presentes nas empresas e instituições. Quem o afirma é a CEO, Cristiana Pacheco. Nesta entrevista, esta mulher empreendedora esclarece o que pensa sobre a presença das mulheres em cargos de liderança e o que elas podem agregar ao mercado de trabalho.

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Como se posiciona a SINAMBI no que respeita ao papel da mulher no mercado de trabalho?

Na SINAMBI, o papel da mulher no mercado de trabalho é naturalmente valorizado — prova disso é que a maioria da nossa equipa é composta por mulheres. Não foi uma escolha deliberada, mas o reflexo de um ambiente onde a
competência, a sensibilidade e o compromisso com a sustentabilidade se destacam. Acreditamos que o verdadeiro impacto vem da forma como lideramos e criamos condições para que todos, independentemente do género, possam crescer com equilíbrio.

Existem políticas internas desenhadas para responder a necessidades particulares do sexo feminino?

Mais do que políticas definidas, promovemos a igualdade com base em práticas humanas: flexibilidade, autonomia e respeito pelas diferentes fases da vida. A conciliação com a vida pessoal e familiar é uma prioridade — não apenas para mulheres, mas para todos os que fazem parte da equipa. Estas práticas ajudam a garantir um ambiente de trabalho equilibrado e apoiam, naturalmente, as mulheres e todos os colaboradores em diferentes fases da vida.

Que impacto acredita que a liderança feminina traz a uma empresa? Como se aplica isso, por exemplo, à sua pessoa, enquanto CEO?

Não vejo a liderança feminina como algo oposto à masculina, mas sim como uma forma complementar de ver e fazer, trazendo para a empresa uma abordagem mais empática, colaborativa e focada nas pessoas, o que contribui para um ambiente de trabalho mais saudável e motivador. Acredito que essa sensibilidade permite uma melhor gestão dos desafios, sobretudo na negociação de soluções equilibradas e na promoção do crescimento sustentável. Para mim, liderar é também ouvir, adaptar e inspirar.


Acredita que a legislação relativa à paridade já responde a algumas lacunas do mercado, nomeadamente a diferença salarial ainda existente entre homens e mulheres que desempenham, no entanto, as mesmas funções numa empresa?

É um passo necessário, mas ainda não suficiente. A legislação ajuda a criar regras, mas a mudança verdadeira acontece nas práticas do dia a dia. O desafio está na cultura das organizações, na forma como contratam, promovem e valorizam as pessoas. E isso exige mais do que leis — exige liderança consciente.

Acredita que as mulheres poderão estar mais capacitadas, dado o seu histórico de multiplicidade de papéis (mãe, esposa, gestora da casa, e profissional), para encontrar, a nível profissional, soluções de equilíbrio e negociadas para problemas críticos?

Acredito que sim, que essa multiplicidade de papéis que muitas mulheres têm assumido ao longo da vida lhes dá uma experiência única na gestão de prioridades, na resolução de conflitos e na procura de equilíbrio — competências fundamentais no contexto profissional atual. Ter de conciliar constantemente diferentes áreas da vida desenvolve uma capacidade prática e empática que pode ser uma mais-valia na hora de encontrar soluções equilibradas e negociadas, especialmente em situações críticas.

Como descreve a SINAMBI?

Descrevo a SINAMBI como uma empresa sólida e comprometida com um propósito muito claro: assegurar que a consciencialização ambiental faça parte integrante das organizações, de forma sustentável e equilibrada. O que mais
destaco é a forma como alia conhecimento técnico e inovação com um verdadeiro sentido de missão. Trabalhar na SINAMBI significa fazer parte de um projeto que vai além do negócio — é contribuir ativamente para uma mudança
de mentalidades e práticas, promovendo um equilíbrio entre desenvolvimento e responsabilidade ambiental.

Quais os serviços que mais se destacam, de entre todas as áreas em que prestam apoio?

Na minha opinião, os serviços que mais se destacam são no âmbito da Avaliação de Impacte Ambiental. É uma área central na atuação da SINAMBI e onde se nota claramente o compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. Este serviço não só garante que os projetos cumpram com os requisitos legais, mas também que sejam pensados e desenvolvidos de forma mais consciente, minimizando os seus efeitos no ambiente.

Como lhe parece que Portugal se posiciona no que respeita à evolução da mulher e do seu papel na sociedade, enquanto profissional e empreendedora?

Portugal tem, sem dúvida, avançado no que respeita à evolução do papel da mulher na sociedade, tanto a nível profissional como enquanto empreendedora. No entanto, ainda há espaço para crescer, sobretudo no que toca ao
reconhecimento das múltiplas dimensões que a mulher assume e ao apoio efetivo à conciliação entre vida pessoal e carreira. No meu percurso, o maior desafio foi começar de um sítio improvável – a vila do Caramulo – e mostrar
que é possível fazer diferente e com impacto, mesmo fora dos grandes centros urbanos. Outro grande desafio foi equilibrar a construção de um projeto profissional exigente com a vida em família, onde a presença é tão importante como a ambição. O que aprendi ao longo do caminho é que não precisamos de escolher entre um lado ou outro. É possível, com tempo, resiliência e alguma criatividade, fazer caber ambos. E isso tem sido essencial na forma como lidero a SINAMBI – com uma visão de equilíbrio e propósito, que se reflete tanto na forma como gerimos os projetos, como na forma como valorizamos as pessoas.