O que a fez interessar-se pela área da Psicologia?
A Psicologia surgiu na minha vida de uma forma muito natural. Desde sempre me questionei sobre o padrão comportamental do ser humano e as diferentes dinâmicas relacionais. Na hora de ingressar na faculdade, a Psicologia fazia todo o sentido, tendo em conta a minha ânsia de conhecimento nesta área e a minha vontade
de ajudar o outro. Atualmente, é a forma de eu dar o meu contributo à sociedade, acreditando que de algum modo acrescento valor. Neste processo, aprendo todos os dias com os meus pacientes e sou-lhes muito grata pela confiança, partilha e conhecimento que me transmitem.
Que opinião tem sobre as consultas de Psicologia online? É um método seguro e eficaz de acompanhar e tratar quem a procura?
Sem dúvida, as consultas de Psicologia online são um método seguro, eficaz e cómodo. A consulta online garante os princípios fundamentais inerentes ao processo terapêutico e permite que muitas pessoas possam com mais facilidade recorrer aos serviços de Psicologia.
Agora que se iniciou mais um ano letivo, começaram também alguns problemas para pais e filhos, nomeadamente os problemas do desinteresse escolar, a ansiedade por ir para a escola, ou problemas de bullying. Que estratégias podem ser adotadas para tornar mais suave o regresso às aulas e garantir que pais e filhos desfrutam do momento?
A ansiedade é uma das grandes preocupações, nomeadamente, a ansiedade de separação das crianças mais pequenas relativamente às figuras de referência. É importante que os pais se mantenham calmos, passem uma mensagem de segurança e tranquilidade aos filhos, ouçam o que as crianças têm para dizer, tenham uma
atitude empática e promovam, juntamente com a comunidade escolar, uma integração adequada e funcional. Nos mais crescidos, temos processos de ansiedade decorrentes da pressão associada ao desempenho académico,
desportivo e do grupo de pares. É importante passarmos a mensagem aos nossos jovens que todo o processo de aprendizagem é um contínuo e decorrente da tentativa-erro. Esta mudança na perceção do erro possibilita que
os nossos jovens se permitam errar, aprendam com o erro, não entrem em processos de frustração e desânimo, aumentando a sua perseverança e resiliência perante as adversidades.
O bullying é outra problemática inerente à escola e a outros contextos relacionais, que necessita da maior das atenções por partes dos adultos. O bullying é um comportamento hostil, em que há desequilíbrio de poder, sendo um processo repetitivo sobre o outro. É importante trabalharmos desde tenra idade a autoestima, a resiliência, os mecanismos de autoeficácia e a capacidade de resolução de problemas, de modo que as nossas crianças se
consigam posicionar, impondo limites e sendo assertivas. De igual forma, um trabalho ao nível da capacidade de se colocar no lugar do outro, ser empático, inclusivo e aceitar a diferença evita episódios de bullying nas escolas e em outros contextos relacionais.
Sendo cada indivíduo um ser único, como é possível chegar até ele, conhecê-lo e ajudá-lo verdadeiramente, através da Psicologia?
A Psicologia é a arte de entender o outro, compreender as suas idiossincrasias, os seus padrões de comportamento e as suas emoções. É num processo de escuta ativa, empatia e aceitação incondicional que se acolhe o outro e se abrem novas portas para a mudança. A mudança é um caminho que a pessoa tem de estar disposta a percorrer, e o psicólogo é a pessoa que o orienta nesse caminho.
Num momento em que se assinala o Dia Mundial da Saúde Mental, que mensagem é importante deixar aos cidadãos?
A saúde mental é uma peça importantíssima para uma vida equilibrada e saudável. Quanto melhor soubermos escutar, compreender e gerenciar os nossos pensamentos e sentimentos, mais funcional e adaptativos são os nossos padrões comportamentais. O cuidar da nossa saúde mental devia fazer parte das nossas rotinas quotidianas, e se assim fosse, muitas problemáticas pessoais, sociais e relacionais seriam evitadas.