Numa atualidade marcada por rápidas mudanças e desafios globais, a União Europeia está perante uma fase de transformação onde as adversidades e as oportunidades andam de mãos dadas. Este é o momento de continuar a colher os frutos do trabalho dos últimos cinco anos e de lançar mais sementes para a União que queremos
construir. Este é um momento crucial para fortalecer a nossa competitividade e soberania. Um ponto de viragem
para garantir que a Europa continua a responder aos desafios e prospera num cenário económico mundial cada
vez mais exigente.
A Comissão Europeia tem demonstrado resiliência ao encarar alguns dos desafios mais duros que a Europa alguma vez enfrentou. Desde a luta contra as alterações climáticas, à pandemia de COVID-19 e apoio à Ucrânia contra a agressão da Rússia, são múltiplas as crises globais. Tem sido uma resposta de resiliência e solidariedade, garantindo o respeito e promoção dos valores que estiveram na base da criação da União. Muitos passos foram já dados na transformação da União Europeia numa economia moderna, competitiva, eficiente na utilização de recursos e menos depende de regimes autoritários. Mas não podemos baixar os braços. Face aos
desafios emergentes, que se intensificam dada a digitalização acelerada e as tensões geopolíticas, reconhecemos que é urgente redefinir as prioridades da União Europeia, olhando de frente para o futuro e continuando a agir com audácia, sem deixar ninguém para trás. A capacidade de adaptação e inovação tem sido um marco da
liderança da Presidente Ursula von der Leyen e as recentes orientações estratégicas vêm evidenciar isso mesmo.
Prosperidade, segurança, democracia e competitividade. São estas as prioridades, transversais e interligadas, que se traduzem no reforço da coesão interna, reforço da ação externa e de segurança, na defesa dos valores democráticos, e na promoção da competitividade europeia, garantindo uma transição ecológica justa e sustentável. Esta visão foi recentemente reforçada com a publicação do relatório do ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, sobre o futuro da competitividade da União Europeia, alertando para os desafios que enfrentamos num mundo em rápida transformação. Na apresentação do documento, solicitado pela Comissão Europeia, Ursula von der Leyen destacou que “certamente este não é o fim do caminho”.
Distribuindo as conclusões de Draghi em quatro pilares fundamentais – competitividade sustentável, segurança económica, autonomia estratégica aberta e concorrência justa – constatamos uma visão sobre como deve ser reforçado o papel da Europa como ator global. No entanto, sem desvalorizar a criação de condições para a prosperidade das empresas, proteção do ambiente e criação de oportunidades justas. Com estas bases, a Europa estará certamente preparada para não só enfrentar o futuro, mas liderá-lo com determinação. Portugal é um exemplo claro das vantagens de pertencer ao projeto europeu. E Portugal pode, de facto, ser um elemento de
destaque neste percurso, com oportunidades de liderança na transição ecológica e digital – que foi aliás um dos temas centrais do primeiro mandato de Von der Leyen – e peça essencial nas prioridades até 2029. Por outro lado, as necessidades de investimento significativo em competências e apoio a setores emergentes, apontadas pela Comissão Europeia, abrem portas para que Portugal possa assegurar uma competitividade a longo prazo e fortalecer a sua economia social de mercado, – prioridades, aliás, alinhadas com as da União. Portugal tem assim uma oportunidade única de continuar a afirmar-se como um parceiro estratégico, sendo parte integrante da
construção de uma União Europeia mais coesa, inovadora e sustentável.
As prioridades da Comissão Europeia, juntamente com a visão apresentada por Mario Draghi e o precioso contributo do relatório Letta sobre o futuro do mercado único, traçam um caminho claro para que a União permaneça competitiva, resiliente, justa e inclusiva. Num cenário global incerto, o sucesso de uma Europa mais
forte, mais resiliente e mais protetora do ambiente dependerá da capacidade dos Estados-Membros de se adaptarem e alinharem os interesses nacionais com os objetivos comuns da União. O futuro da União Europeia será, assim, o que queiramos que seja, liderando pelo exemplo face aos desafios emergentes, e mantendo uma União fiel aos seus valores de solidariedade e cooperação, na certeza de que juntos somos mais fortes.
Sofia Moreira de Sousa, Representante da Comissão Europeia em Portugal