Da última vez que falámos, já considerou que as empresas tinham passado a valorizar grandemente a tecnologia. Três anos após esta nossa entrevista, mantém a sua opinião: a tecnologia continua a ser um dos aspetos mais valorizados de uma empresa?
Sem dúvida. A pandemia não só acelerou a adoção de tecnologias essenciais como o home office e o teletrabalho como as tornou o standard em muitos setores de atividade, alterando pela primeira vez em décadas as próprias relações de trabalho nas empresas. E com a alteração nas relações de trabalho e na forma como empregado-empregador se relacionam, surgiram novas preocupações, não só com a cibersegurança, mas também com a gestão de equipas à distância e produção de memória e serviços de apoio a reuniões e grupos de trabalho remotos, o que alavancou a utilização produtiva da IA de forma muito mais rápida do que inicialmente esperado. Em Moçambique, este processo está completamente em curso, dado que não existe uma transição tecnológica, mas sim uma adoção direta das novas tecnologias pelas empresas. Observamos isso em setores como a banca
e comunicações, onde não existe uma real transição, mas sim a adoção direta, por exemplo, de serviços de banca online por pessoas que nunca tiveram uma conta bancária num banco tradicional, ou de relação com marketplaces através de redes sociais por pessoas que nunca utilizaram outros tipos de lojas online.
Que impacto teve esta facilitação trazida por um maior e mais fácil acesso à tecnologia no desenvolvimento e evolução das PMEs moçambicanas?
O impacto foi transformador. As PMEs moçambicanas, especialmente as novas iniciativas empreendedoras, acedem à tecnologia ao mesmo tempo que as grandes corporações e, pelas suas características, de forma muito mais ágil. Tecnologias como plataformas de e-commerce e ferramentas de gestão financeira e de clientes estão a empoderar estas empresas para se modernizarem rapidamente e muitas competem de forma direta com empresas anteriormente estabelecidas no mercado.
A inteligência artificial já está, hoje, ao serviço de muitas empresas, ainda que de uma forma básica. Esta é uma área que acarreta perigos particulares, no que toca à cibersegurança? Como tem sido possível responder a estas questões?
O trabalho remoto e descentralizado, a digitalização de processos e a proliferação de locais onde a informação é produzida, partilhada e armazenada, assim como as novas ferramentas de IA, transformam as relações de trabalho e entre empresas. Nesse contexto, trouxeram grandes desafios ao nível da cibersegurança. Não só a IA, mas todo o novo modelo de organização do trabalho cria estes desafios. No caso da IA e da automação de
processos, a sua proliferação pode abrir portas para novas vulnerabilidades, especialmente em áreas como privacidade de dados e ataques cibernéticos. Na Axiz, por exemplo, temos investido em parcerias com líderes de cibersegurança, para garantir que os nossos clientes tenham acesso a soluções avançadas de proteção. Estas soluções são críticas em setores como a banca e as telecomunicações, que são destino preferencial dos ataques cibernéticos. Em Moçambique, instituições como o Banco de Moçambique e o INCM têm chamado repetidamente a atenção para a necessidade de cuidados e prevenção de fraudes como os deepfakes ou phishing inteligente. É um mercado em crescimento e que tem um potencial enorme de desenvolvimento.
Quais as últimas novidades que a Axiz pode partilhar, a nível das soluções que disponibiliza aos seus clientes?
Na Axiz, temos estado na linha da frente com soluções integradas de cloud computing, cibersegurança e IA aplicada a telecomunicações. Recentemente, lançámos uma gama de soluções de armazenamento inteligente que
utilizam machine learning para otimizar o uso de dados, além de plataformas de comunicação de última geração que permitem às empresas maior flexibilidade e resiliência operacional. Lançámos plataformas de gestão de dados baseadas em cloud que utilizam inteligência artificial para otimizar a alocação de recursos e reduzir custos
operacionais. Temos também explorado o potencial das energias renováveis no suporte às infraestruturas tecnológicas, como sistemas de backup alimentados por energia solar.
