O seu caminho profissional esteve sempre ligado à área das obras, construção e reabilitação. Como foi a experiência de trilhar um caminho num mundo com muito maior presença masculina?
Iniciei o meu caminho profissional em 2007, numa empresa de construção civil sita em Braga, pertenci ao departamento de planeamento e controlo, onde se preparavam estaleiros de obra e fazia compatibilizações de
projetos para antecipar problemas futuros. Ver os projetos ganhar forma desde as fundações até à entrega final, dá uma sensação de realização única, pois trata-se muitas vezes dos sonhos pessoais dos nossos clientes. Ainda existe na área da construção civil uma sensação de que certas funções são mais “masculinas”, criando algumas barreiras de progressão em algumas empresas. Encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho torna-se um grande desafio, exige uma organização cuidadosa, especialmente quando há responsabilidades familiares. O trabalho em campo ocupa bastante tempo em deslocações e os horários em obra por vezes estendem-se para pós-laboral “trabalhos noturnos”, para que os prazos sejam cumpridos rigorosamente.
“(…) a experiência em várias
obras mostrou-me que liderar com
transparência e ouvir as equipas
gera melhores resultados”.
Representa, atualmente, a marca “Melom Home”, cujo volume de negócios e também de faturação são dos maiores do Norte do país. Que responsabilidades isso lhe traz?
Desde o início de cada obra demonstrar competência técnica aliada a uma gestão eficiente de cargo e de equipa faz toda a diferença, cada obra é uma nova lição em planeamento, segurança e gestão de recursos. Reforçarmos a cultura de segurança e a qualidade do trabalho, com foco na prevenção de riscos, é uma das nossas maiores responsabilidades. Neste momento, pertencemos à maior rede de obras de Portugal – “Melom Obras” “Querido Mudei a Casa”, que atua de Norte a Sul do país, continuamos a privilegiar o rigor na execução de todos os trabalhos.
Como se define, enquanto líder?
Uma mulher na construção é bastante desafiador, principalmente em cargos de liderança e coordenação. Neste momento estou a atuar mais na gestão de obra e coordenação de equipas, a experiência em várias obras mostrou-me que liderar com transparência e ouvir as equipas gera melhores resultados. Para existir uma boa liderança é importante saber negociar, antecipar os riscos, gerir mudanças e manter sempre os clientes informados, é essencial para liderar obras com sucesso.
Quão importante é a presença de mulheres em cargos de liderança ou coordenação, sobretudo em áreas ainda socialmente mais associadas aos homens? Acredita que isso abrirá portas para as próximas mulheres?
O ambiente pode parecer dominado por homens, mas cada passo que damos revela que competência, planeamento e liderança não tem género. Quando entregamos resultados consistentes as dúvidas dos clientes diminuem e a confiança cresce, sendo este o passo mais importante no decorrer das obras. O caminho pode exigir resiliência mas também oferece oportunidades reais de liderança e impacto positivo na cultura do setor.
Que opinião tem sobre o mercado de trabalho atualmente e a forma como as mulheres estão inseridas nele, seja como empreendedoras, seja como trabalhadoras por conta de outrem, mas com oportunidades de verdadeiro crescimento profissional?
Atualmente acho que está com avanços favoráveis e notáveis, a presença de mulheres em cargos de liderança. Embora exista uma melhoria em muitos lugares, a diferença de remuneração entre homens e mulheres continua significativa em alguns mercados.









