Sendo o segundo concelho com o maior índice de envelhecimento na região do Tejo, com um indicador de “285 idosos por cada 100 jovens”, Cláudia Moreira não hesita em detetar as lacunas que podem ser trabalhadas no concelho para combater esse fator, não obstante as limitações financeiras que poderá encontrar pelo caminho:“Para além de termos uma densidade populacional muito reduzida, os nossos habitantes estão dispersos num território que é muito grande, o que nos obriga a acompanhar os casos quase individualmente. Nesse sentido, todos os projetos que temos vindo a desenvolver permitem exatamente fazer face a estas exigências que o nosso território tem. Desde a questão do acompanhamento aos seniores, à questão do envelhecimento ativo, temos desenvolvido imensas iniciativas”, afirma a Vice-presidente, que não descura “as famílias com carências que têm um poder de compra bastante limitado”.
AÇÃO SOCIAL: QUE INICIATIVAS?
Quais são, então, as iniciativas que tem marcado toda a componente social da Câmara Municipal de Chamusca nos últimos anos? Cláudia Moreira responde:“Contamos com apoios a extratos sociais desfavorecidos, através de um regulamento que nos permite apoiar famílias em dificuldades, no pagamento das contas de casa, como a renda, a luz ou a água. Temos apostado na requalificação de habitações que estão vulneráveis, temos várias habitações municipais com custos bastante acessíveis e dispomos ainda de uma loja solidária, em que apoiamos famílias com roupa para todas as idades”.
A vereadora, formada em Psicologia, conta também no seu gabinete com parcerias com vários associações e grupos de trabalho, como a APAV, e admite que nos últimos anos a ação social do concelho “tem sido cada vez mais encarada como parte inerente de uma intervenção social efetiva”.
A CULTURA COMO INSTRUMENTO SOCIAL
“Não conseguimos desassociar a ação social de outras áreas como a educação, cultura e o desporto”, revela a pronto Cláudia Moreira, quando questionada acerca da agregação da comunidade da Chamusca, numa operação que não olha a idades: “Se queremos uma vila cada vez mais informada e participativa, então essas áreas tornam-se fundamentais”, explica. “No que toca à cultura, promovemos o contacto em várias formas de expressão artística, através de uma agenda cultural que apresentamos de dois em dois meses”. A mais recente medida da câmara chamusquense foi apostar numa biblioteca itinerante que, segundo a vereadora, “mais do que livros, leva afetos”: “Estamos a chamar cada vez mais as pessoas à biblioteca, e à progressão da leitura, encurtando a distância sobre a mesma. A biblioteca itinerante que criamos serve exatamente para levar os livros a todas as nossas freguesias, o que também ajuda no acompanhamento das pessoas mais idosas. É sempre mais um local onde podem conversar com alguém, partilhar memórias, e claro, ler”.
UNIVERSIDADE SÉNIOR
Confirmando que para a Câmara Municipal de Chamusca as pessoas mais idosas estão sempre presentes no projeto, Cláudia Moreira retratou o desenvolvimento das universidades seniores, que já são cinco em todo o concelho. Financiadas pela Câmara e viabilizadas por vias de acordos administrativos com as juntas de freguesia, o boom das universidades tem sido aproveitado”para promover a intergeracionalidade”, segundo explica a própria. E não fica por aqui: “Os seniores passaram a ter um papel mais ativo e as crianças tem aprendido a viver com uma proximidade muito maior. Já não se realiza, por exemplo, uma festa nas escolas do concelho, sem que esses dois mundos não estejam ambos presentes. Os seniores passaram a estar muito presentes nas atividades escolares. Isto cria laços que achamos francamente positivos”, vinca. “Há pessoas que entram na universidade sénior e que parecem rejuvenescer 10 anos durante esse trajeto. É com muita felicidade que oiço alguns locais dizerem-me que estavam em casa à espera que a morte chegasse e que agora há uma data de novas distrações durante o dia que os fazem encarar a vida de uma forma diferente”, regozija a Vice-presidente, não escondendo o orgulho nos resultados obtidos no concelho.
Através do âmbito das universidades seniores, a Câmara de Chamusca, administrada pelo Presidente Paulo Queimado,tem desenvolvido outros projetos de ação social, que foram já candidatados ao “Portugal Inovação Social”, e não deixa de parte as atividades diferenciadas, como o yoga: “É algo que não é comum aqui, o que dificulta arranjar alguém que possa ensinar. É algo que faz parte do projeto “Asas no Tempo”, um dos projetos candidatados, e que permite levar o yoga às universidades seniores, sendo mais uma disciplina extra para motivar ainda mais quem lá está”, elucida Cláudia Moreira. Outro projeto em curso é o HIVEWORK, projeto esse de promoção e apoio ao empreendedorismo de base local, que passa por integrar pessoas em situação de desemprego com as necessidades e dinâmicas locais. Dentro desse âmbito, a vereadora explica que se tratam de “pequenas atividades que se podem fazer em qualquer altura e em qualquer lugar, para obter algum rendimento extra”, suportado pela “criação de uma oficina comunitária, que uma pessoa pode usar para experimentar e desenvolver os seus próprios produtos”. A autarquia conta também com uma “fábrica do empreendedor”, onde “é apoiada a criação de novos negócios ou já existentes, pois existem muitos negócios que são geridos com base familiar, e torna-se necessário o auxílio em muitas das burocracias que existem hoje”. Cláudia Moreira vinca que “a ideia é ajudar não só os novos empreendedores, mas também os que já existem e que devem continuar saudáveis”.
A EDUCAÇÃO COMO BASE DE INTEGRAÇÃO
No que toca à geração mais nova, a Câmara não só tem despendido cerca de um milhão de euros na área da educação – num orçamento anual que não chega aos 10–como tem promovido diversas atividades que promovem a linguagem corporal “como o yoga e a dança”, numa filosofia que faz por combater a ideia, que muitas vezes, as pessoas são educadas “do pescoço para cima”. A música também tem sido parte integrante do processo, com aulas em diferentes módulos, como parte integrante do crescimento de qualquer criança, como por exemplo a iniciativa escolar em que todos os alunos (da pré-primária e ensino básico) escovam os dentes a seguir ao almoço, no próprio estabelecimento escolar.Relativamente a eventos de dinamização e promoção territorial, a Câmara de Chamusca apresentará de 1 a 3 de Março o III Festival do Cogumelo da Parreira, organizado em parceria com a União de Freguesias de Parreira e Chouto. Para Cláudia Moreira, mais do que apoiar os produtos locais e dar destaque a um produto com história na região, o Festival é mais uma oportunidade de reforçar o sentido de comunidade que tem sido crescente no concelho, ao longo dos últimos anos: “É nas festas que as famílias se reúnem. A comunidade chamusquense precisa de se encontrar para ter a sua coesão e criar relações”, conclui a vereadora.