A Barcovez nasceu em 2006. De então para cá,que mudanças sofreu o mercado imobiliário?
T.B.F.: Há 10 anos, a mediação imobiliária não era igual à que existe atualmente. Hoje temos de estar constantemente a evoluir, em busca de formação e novas soluções para oferecer aos clientes.Além disso, o mercado do Alto Minho, nomeadamente Arcos de Valdevez e Ponte da Barca também mudou. Se antes falávamos de um mercado fechado, desconhecido dos estrangeiros e investidores, atualmente o mercado é aberto, dinâmico e o facto de algumas iniciativas culturais terem trazido notoriedade a Arcos de Valdevez permitiu que se começasse a olhar para este mercado imobiliário de uma forma diferente. Foi valorizado. A somar a todas estas questões está ainda o facto de cada vez mais, as pessoas procurarem a qualidade de vida inerente ao facto de viver em comunhão com a Natureza e Arcos de Valdevez e Ponte da Barca têm precisamente a maior área do Parque Nacional Peneda-Gerês.O parque industrial também aumentou, o que permitiu que mais pessoas se instalassem na região, criando também maior dinamismo no que respeita às atividades culturais e à necessidade de construção de novos edifícios de habitação.
Como se analisa a dinâmica entre a procura e a oferta?
Existe uma necessidade subjacente ao arrendamento – logo após sair de casa dos pais, uma mudança de local de trabalho – e, atualmente, existe já quem não queira ter casa própria. Eu acredito que só se melhoram as condições de arrendamento em Portugal quando tivermos uma lei de arrendamento clara e acessível a todos, pois neste momento os proprietários estão praticamente desprotegidos, em detrimento dos inquilinos, o que faz com que muitas pessoas não queiram colocar os imóveis que têm disponíveis no mercado, pois consideram que, avaliando o risco, o arrendamento não é atrativo nem compensatório.
Existem casas suficientes no mercado, mas os proprietários não as arrendam com receio do que possa acontecer à propriedade.Assim, aqueles que optam por arrendar os imóveis, tentam nesta fase rentabilizar da melhor forma os seus ativos, sendo que a escassa oferta de imóveis no mercado de arrendamento, leva a uma oferta com um valor de renda mais elevado. O ideal seria conseguir alterar esta lei, para proteger um pouco mais os proprietários. Noutros países, já existem seguros de renda, por exemplo, o que permite que uma seguradora haja como fiadora do inquilino. Além disso, todos os registos financeiros e de segurança social do inquilino têm de ser validados antes da assinatura do contrato de arrendamento.
No que respeita ao mercado da compra, as taxas de juro estão muito baixas, o que pode levar as pessoas a querem comprar casa, em vez de arrendar. Porém, o Banco de Portugal quis garantir que a crise que vivemos há poucos anos não se repetiria e assegurou que as pessoas teriam, no mínimo, 10% de entrada para conseguir adquirir uma habitação. É ótimo se as pessoas perceberem que, quanto mais dinheiro juntarem, melhor será o seu spread, bem como a prestação mensal e ainda ficam com uma margem de negociação alargada, caso surja algum problema inesperado.
A Barcovez é Intermediária de Crédito desde julho deste ano. Para além deste, que outros serviços disponibilizam?
O nosso objetivo é estar sempre presente no processo do cliente, seja ele comprador ou proprietário. Ajudamos, nomeadamente na análise documental, se houver alguma situação processual que esteja em falta ou que precise de correção, o nosso departamento jurídico e processual pode acompanhar na resolução da situação. No que respeita ao serviço de intermediação de crédito, estamos credenciados pelo Banco de Portugal desde julho deste ano. Isso permite-nos apresentar aos clientes várias propostas com o objetivo de os ajudar a desenvolver e a escolher a melhor proposta de crédito, a que mais se ajusta ao seu caso. A mais-valia da intermediação de crédito prende-se com o facto de simplificarmos a linguagem técnica e bancária, o que faz os clientes ficarem mais à vontade para questionar e entender efetivamente o contrato que se propõe.Dispomos também de análises de seguros e de soluções no ramo da energia e das telecomunicações. Queremos garantir que o cliente consegue ter todos os serviços num só lugar, personalizados de acordo com as suas necessidades.
Como antecipa a nova década que se avizinha?
Acredito que não vamos voltar a passar por uma crise como aquela que atravessámos, mas também antecipo que teremos alguma estabilidade, porque há mercados que já atingiram uma dinâmica tão elevada que não será sustentável por muito mais tempo. Todavia, não é o caso de Arcos de Valdevez, já que o único preço por metro quadrado que aumentou foi o dos apartamentos, pois surgiram construções novas desta tipologia e, também, porque quem vem morar para Arcos opta por ficar a viver. Neste mercado ainda com características rurais, além dos apartamentos, também se transacionam terrenos e casas rústicas, bem como moradias.
No que respeita ao país, Portugal ainda é considerado um país muito barato para comprar casa, por isso iremos continuar a ter um forte investimento estrangeiro.
No que concerne à Barcovez, em 2018 crescemos cerca de 60 por cento e em 2019 o crescimento rondou os 25 por cento. Continuamos a aumentar a nossa equipa – já somos 25 – e queremos dinamizar uma estrutura no que respeita à intermediação de crédito e serviços associados. Poderemos ter de estudar o nosso plano de expansão, mas ainda temos muito para crescer em Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.