Mário Sousa fez o seu percurso profissional de forma contrária ao que é habitual. Iniciou o seu percurso laboral como contabilista certificado, tornando-se depois diretor financeiro de uma empresa, até optar, em 2013, por fazer parte de uma nova empresa, com um projeto de raiz. A Move Up tem uma forma de trabalhar bem definida e, na primeira reunião, Mário Sousa faz questão de passar duas mensagens: “Em primeiro lugar, gosto de deixar claro ao cliente que, para que nós possamos fazer bem o nosso trabalho, e isso inclui cumprir todos os prazos, ele deve fazer-nos chegar toda a informação a tempo. Faço questão de ir buscar, muitas vezes, o material diretamente à empresa do cliente, para ter oportunidade de ver a empresa, o ambiente de trabalho e mesmo alertar o cliente para qualquer questão que seja necessária corrigir – como a chegada de um colaborador novo à empresa, do qual ainda não nos foi dada nota. Outra questão que saliento sempre é que somos humanos e cometemos erros. Quando isso acontece, corrigimos o erro de imediato e avançamos. Quando há lugar a coimas, para o cliente, assumimos o erro e pagamos o valor em causa”.
“Não somos apuradores de impostos”
Mário Sousa assume que ainda existem alguns casos, no próprio setor, em que os contabilistas não confirmam todos os documentos e se assumem como “apuradores de impostos”. Todavia, para a Move Up, esse é um modelo desatualizado: “O nosso foco é a contabilidade. Daí a nossa exigência, com os nossos clientes, para que nos forneçam toda a documentação necessária para que o nosso trabalho decorra com normalidade. No entanto, falta muito conhecimento, por parte dos empresários”.
Mário Sousa considera fulcral que essa formação exista: “Fala-se muito em empreendedorismo e criou-se, inclusivamente, o serviço ‘empresa na hora’, que é absolutamente extraordinário, mas falta instruir os empresários. Era importante que existisse um curso obrigatório, para todos aqueles que criam a sua empresa, para que tomem conhecimento de todas as obrigações fiscais que existem e das suas responsabilidades económicas e sociais. A grande maioria deles desconhece muitas destas obrigações, o que dificulta o trabalho dos contabilistas e o reconhecimento do mesmo”.
A pandemia, sobretudo o período do primeiro confinamento, onde a maioria das empresas, dos mais variados setores, foi obrigada a parar a sua atividade, foi um momento crítico, em que os contabilistas estiveram na linha da frente e Mário Sousa recorda o que vivenciou: “Foi o pior período da minha vida. Ninguém contava com todas as dificuldades que surgiram, mas conseguimos dar resposta a todos os nossos clientes. Ainda assim, mais uma vez, aquilo que sempre dizemos aos clientes refletiu-se na procura de ajuda bancária – dizemos aos nossos clientes que estes não devem realizar a sua contabilidade apenas tendo em consideração exclusivamente a parte fiscal, porque é importante apresentar um bom histórico, quando se precisa de ajuda bancária, mas grande parte das empresas apresentam anos e anos de históricos de resultados negativos. É difícil perceber como pode uma empresa existir tanto tempo, considerando que apresenta anualmente prejuízo. Depois, os Bancos não se sentem seguros para financiar estas empresas e isso viu-se agora, em tempos de pandemia. Aliás, mesmo para o acesso aos apoios estatais, esses históricos foram solicitados e o problema colocou-se, da mesma maneira”.
Mário Sousa realça o apoio que foi providenciado pela Ordem dos Contabilistas Certificados, que se posicionou ao lado dos profissionais do setor para assegurar que recebiam a newsletter diária contendo todas as alterações e nova legislação existente e esteve disponível para esclarecer as questões que surgiam: “Nesse período, o dia tinha poucas horas e nós não podíamos falhar, pois se isso acontecesse um cliente poderia ficar sem um apoio que era essencial para a sobrevivência da empresa. Era uma responsabilidade imensa”.
A Move Up ultrapassou esse período com distinção, graças ao muito trabalho desenvolvido pela equipa, mas o diretor da empresa não esquece a frase que guia o seu procedimento: “Eu trabalho para viver, não vivo para trabalhar, por isso na Move Up não fazemos horas extraordinárias e não trabalhamos aos fins de semana nem aos feriados. É importante que todos tenham a sua vida particular e o trabalho não deve sobrepor-se”.