“Em Portugal o provisório torna-se definitivo”

Isabel Cipriano, presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade refere que Portugal perdeu uma oportunidade em relação ao PRR e sublinha a importância dos desafios impostos pela Agenda 2030.

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Considerando a situação política da União Europeia, que impacto poderá ter para as empresas nacionais com vertente exportadora? Poderão ser afetadas pela incerteza política?

A Economia já está afetada e os últimos anos têm dado provas significativas de retrocesso civilizacional. É certo que temos uma guerra Ucrânia/Rússia; que somos afetados pelos conflitos no Médio Oriente, pela subida das
taxas de juro, pela inflação e pelas políticas norte-americanas. Mas desperdiçámos uma oportunidade única no passado recente, com um governo de maioria absoluta e um PRR à disposição. Agora é “correr atrás do prejuízo”.
Regra geral, em termos fiscais, em Portugal o “provisório” torna-se “definitivo”. No nosso país, a designada classe média vive atualmente pior. As empresas são asfixiadas com impostos. Se tivermos em linha de conta que mais de 96% do tecido empresarial português é constituído por PME’s, percebemos o impacto da fiscalidade no (não) desenvolvimento das empresas e o peso dos impostos e taxas nos rendimentos dos cidadãos.

As organizações lidam com vários desafios: a sustentabilidade, a importância de estarem na vanguarda da tecnologia, o cumprimento da legislação europeia e as normas da “economia verde”. Qual o papel dos contabilistas no apoio às empresas?

Um contabilista é de elevada importância em qualquer organização, pelo seu papel fulcral no desenvolvimento
de uma sociedade economicamente organizada e financeiramente sustentável. O planeamento estratégico de uma empresa também depende da análise cuidadosa dos riscos financeiros e operacionais. Por outro lado, a legislação
fiscal é das áreas mais complexas. Cabe aos profissionais da contabilidade manter as organizações informadas e em conformidade, procurando evitar litígios com a administração fiscal.

Qual é a importância da formação dos profissionais, considerando que o mercado com o qual lidamos não é apenas o nacional, mas sim o europeu? Como é que a APOTEC apoia os seus associados?

Num contexto globalizado e em mudança, onde as novas tecnologias e exigências surgem constantemente, a formação contínua apresenta-se como um diferencial competitivo. Profissionais bem formados não dominam apenas os conhecimentos essenciais à sua área de atuação, mas também desenvolvem uma visão mais crítica, criativa e maior capacidade de adaptação, fundamentais para a inovação e para a tomada de decisões informadas.
Na APOTEC orgulhamo-nos de proporcionar mais de mil horas de formação anualmente, enriquecendo conhecimentos e fortalecendo competências profissionais. À medida que o conteúdo das atividades de formação da APOTEC se expandiu, o leque de pessoas que participam cresceu e incluem também o público em geral.

Com tantos desafios em Portugal, na Europa e no mundo, que perspetivas tem a APOTEC para os próximos anos?