CTGA e ENVIMAN
O que levou ao nascimento da CTGA e à sua consequente evolução?
A CTGA, inicialmente designada por CTGI – Centro Técnico de Gestão Industrial, Lda., foi fundada em 1994 por um grupo de quatro elementos ligados à Universidade de Coimbra. O objetivo era criar um núcleo de técnicos especializados para apoio à atividade industrial e empresarial, com competências nas áreas da hidráulica e ambiente. A empresa iniciou a sua atividade assente no desenvolvimento de estudos e projetos, complementando
com serviços de consultoria e assistência técnica à exploração de instalações de tratamento de águas de processo e de tratamento de águas residuais em indústrias. Neste período destacam-se como principais referências os projetos das infraestruturas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais dos empreendimentos turísticos do Vale Manso, inserido na Albufeira de Castelo de Bode, e do Vale da Aguieira, em
plena Albufeira da Aguieira. Digno de menção, os projetos das ETAR dos referidos empreendimentos turísticos, pelo grau de depuração a cumprir e pelas linhas de tratamento definidas. Entretanto, em meados da primeira década do
século XXI, fruto do aumento das preocupações ambientais e do surgimento de generosos pacotes financeiros da União Europeia para o desenvolvimento de infraestruturas de abastecimento de água e de saneamento de águas
residuais, a empresa foi desafiada a envolver-se em projetos para municípios, empresas municipais e serviços municipalizados.
A primeira grande transformação da empresa deu-se nos anos de 2006 e 2007, altura em que se deu a alteração da designação comercial para CTGA – Centro Tecnológico de Gestão Ambiental, Lda., de modo que a designação estivesse mais enquadrada com o principal foco da sua atividade – a gestão ambiental. No seguimento deste processo houve uma alteração da totalidade da estrutura acionista e um aumento de capital, resultando na alteração da gerência, que foi então assumida por mim, pelo Hugo China e pelo Vitor Ribeiro, que já éramos colaboradores da empresa. De 2007 em diante, a estratégia foi claramente assumir a CTGA como uma empresa voltada para o mercado dos serviços, aumentando os serviços de engenharia, na conceção de estudos e projetos, abrindo novas frentes, como nos serviços de operação e manutenção de infraestruturas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais, alargando progressivamente a sua abrangência territorial para todos os distritos de Portugal continental e ilhas.
Um marco relevante neste longo período de expansão foi, sem dúvida, em 2018 a aquisição e instalação da sede, base logística, oficinas centrais e laboratório no complexo CTGA Park, localizado em Taveiro, Coimbra, que dispõe de uma área de aproximadamente 2,5 hectares, com 800 m2 de escritórios, quatro hangares de 1100 m2 e ainda áreas de parqueamento de viaturas e dos meios de operação, onde se instalaram todas as empresas do grupo. O crescimento foi progressivo e sustentado. De 2007 a 2023, sem exceções, o volume de negócios da CTGA foi
incrementado ano após ano, mesmo nos anos da “Troika” ou da “Covid-19”, representando em 2023 um volume de faturação mais de 120 vezes superior ao volume de faturação de 2006. As distinções de PME Excelência obtidas consecutivamente nos últimos oito anos atestam bem a solidez desse crescimento sustentado.
Não posso deixar de mencionar que este crescimento e evolução constantes só foram possíveis pela existência de excelentes profissionais, com elevada qualidade técnica, competências relacionais e um compromisso inabalável com os propósitos, valores e objetivos da empresa.
Este ano, a CTGA passou por um processo de aquisição, por parte de um grupo francês – SAUR. O que veio esta mudança trazer à empresa?
O processo de aquisição pela SAUR deu-se como consequência do crescimento e afirmação no mercado nacional que a CTGA apresentou, sobretudo, nos últimos 15 anos. Com esta mudança, a CTGA passa a integrar o maior grupo português do setor da água, a Aquapor, e um dos maiores grupos à escala internacional, a SAUR. São transformações que, para além de conferirem maior solidez e resiliência, abrem portas de atuação em novos mercados internacionais.
Por que motivo é a CTGA uma mais-valia para o Grupo SAUR?
A CTGA traduz-se numa mais-valia para a SAUR, desde logo, permite a liderança destaca no mercado nacional dos serviços e manutenção de infraestruturas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais, somando à quota de mercado que já detinha, através da sua participada Luságua, para além de ter
também a liderança de mercado das concessões em Portugal com a Aquapor. Adicionalmente, ao integrar a CTGA, a SAUR aumenta também a sua capacidade de resposta ao nível dos serviços de engenharia, nomeadamente no suporte aos processos de DBO (conceção-construção-exploração) nos mercados nacional e internacional.
“O acompanhamento atento da evolução tecnológica
sempre fez parte da nossa cultura e
forma de estar”.
Como se posiciona a CTGA no mercado? Considerando todas as áreas em que desenvolve atividade, esta empresa tem de estar sempre atenta à evolução técnica e tecnológica, para garantir que está sempre na vanguarda das melhores práticas do setor?
A CTGA posiciona-se como uma empresa especializada nos domínios da conceção e gestão de sistemas de abastecimento de água e de drenagem/tratamento de águas residuais, abrangendo desde a captação, tratamento,
armazenamento e distribuição de água para consumo até à recolha, transporte e tratamento de efluentes urbanos e industriais. O acompanhamento atento da evolução tecnológica sempre fez parte da nossa cultura e forma de estar. Aliás, o nosso regular envolvimento em projetos de investigação científica, com o envolvimento de instituições universitárias ou instituições do sistema científico e tecnológico nacional, são bem reveladores dessa postura e filosofia.
Quais os projetos que a CTGA já concretizou e que se destacam, a seu ver?
A CTGA tem no seu portfolio um vasto rol de processos emblemáticos relevantes, quer pela sua complexidade, quer pela sua dimensão, quer pela importância para quem deles usufrui. Deixo menção ao projeto da ETAR de Vila
Nova de Ceira, primeira ETAR do Grupo AdP com a tecnologia MBR, em 2010, o leading edge da tecnologia de tratamento de águas residuais urbanas à época; ao projeto de reabilitação e beneficiação da ETAR da Quinta da Bomba, em Almada, uma instalação dimensionada para 200 mil habitantes equivalentes; os projetos desenvolvidos
para a Águas do Algarve, S.A. para a reutilização de águas residuais tratadas na rega de campos de golfe; a operação e manutenção das infraestruturas de drenagem e tratamento de águas residuais da região do Alto Zêzere
e Côa (AdVT), da região do Alentejo (AgdA), do Douro Interior (AdN), ETAR de Espinho (AdCL) ou da operação e manutenção dos sistemas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais em “baixa” do Sistema de Águas da Região Noroeste – SARN (AdN).
Considerando as questões da sustentabilidade, da redução da pegada carbónica e ambiental, e o compromisso que Portugal assumiu nesse sentido, parece-lhe que o país está a caminhar no sentido da concretização das metas propostas ou, a nível público, ainda há muitas áreas a precisar de revisão e atualização das suas infraestruturas?
Esta pergunta é complexa e torna-se difícil dar uma resposta linear… Apesar da crescente pressão mediática e da definição de metas a cumprir pelo país, perante os compromissos internacionais assumidos, julgo que existe
ainda um longo e sinuoso caminho a percorrer para atingirmos esses objetivos. A definição da estratégia, dos programas e da agenda terá de ter maior envolvimento de todos os stakeholders. Há necessidade de alterar
paradigmas, de planear e executar alterações profundas ao nível de instalações e infraestruturas, encontrar meios financeiros para estas transformações, garantir capacidade técnica para responder aos desafios e acautelar que não se destroem ou simplesmente inviabilizam setores importantes da nossa economia, fundamentais para a subsistência e sustentabilidade do país.
A ENVIMAN nasceu em 2014 e, durante quatro dos seus 10 anos de existência, foi considerada empresa Gazela pela CCDR Centro. Isso significa que a empresa crescia mais de 20% ao ano. A que se deveu este sucesso de crescimento?
Os índices de crescimento da ENVIMAN, nos seus primeiros anos de existência, são o reflexo da pertinência e oportunidade da sua criação. O vasto conhecimento do mercado, a qualidade do trabalho comercial desenvolvido
por via da CTGA à época e o leque de serviços oferecidos, no seu conjunto, traduziram-se numa importante alavancagem da empresa e no seu galopante crescimento.
Porque sentiram necessidade de criar a ENVIMAN? Em que áreas desenvolve esta empresa a sua atividade?
A ideia da criação da ENVIMAN surgiu por percebermos que, complementarmente às atividades de operação e manutenção da CTGA, existiam diversos serviços específicos que poderiam representar um potencial interessante,
nomeadamente ao nível da manutenção especializada e reparação de equipamentos eletromecânicos, no fornecimento e instalação de equipamentos para beneficiação ou construção de novas instalações, que acabaram
por ser as áreas essenciais da ENVIMAN no seu início de atividade. Atualmente, a ENVIMAN organiza-se em quatro
divisões que congregam, cada uma, as principais atividades e valências da empresa, designadamente a manutenção de sistemas ambientais; as instalações técnicas especiais, relacionadas com o fornecimento e instalação de equipamentos; a manutenção de edifícios; e a gestão de resíduos, com especial enfoque nos serviços de limpeza, desobstrução e inspeção vídeo de coletores de água residuais, e na limpeza de fossas e transporte de lamas líquidas.
“Os índices de crescimento da ENVIMAN, nos
seus primeiros anos de existência, são o reflexo da
pertinência e oportunidade da sua criação”.
Que projetos importantes destacaria, executa dos pela ENVIMAN?
Relativamente aos serviços de manutenção de sistemas ambientais, possui uma oficina de topo em Portugal, que inclui uma banca de ensaios para eletrobombas de águas sujas e limpas. Destaque ainda para as parcerias com
conhecidas marcas de equipamentos de bombagem, equipamentos de produção de biogás e cogeração e de equipamentos de desidratação de lamas, para as quais garante serviços de assistência técnica certificada. Nas instalações técnicas especiais, realce para os processos de conceção-construção e exploração desenvolvidos para o setor industrial, com principal relevo nas indústrias alimentar e farmacêutica, que resultaram na construção de instalações de tratamento de água e de instalações de tratamento de águas residuais industriais, em contratos na
modalidade “chave na mão”. Na componente referente à manutenção de edifícios, importantes referências como o MARL, primeiro contrato de manutenção de edifícios e que se mantém ativo aos dias de hoje, para a Construção Pública (antiga Parque Escolar), onde atualmente a ENVIMAN tem a cargo 13 lotes de escolas, de Norte a Sul de Portugal, sem esquecer clientes como o Banco de Portugal, a Imprensa Nacional Casa da Moeda, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ou a sede da Águas de Portugal. Na gestão de resíduos, a ENVIMAN destaca-se por ter uma das maiores frotas nacionais de meios de limpeza, desobstrução e limpeza de coletores, tendo contratos de norte a sul com empresas como AdN, AdRA, AdCL, AdVT, APIN, ABMG, CP, CM Lisboa, entre outros.
Esta complementaridade entre a ENVIMAN e a CTGA foi a chave para o sucesso e crescimento de ambas?
Acredito que esta complementaridade tenha sido um vetor importante no crescimento e afirmação de ambas as empresas. Aliás, com a criação da ENVIMAN, o objetivo assumido era o de fechar, dentro do possível, o ciclo dos serviços que as entidades gestoras necessitavam.
O homem e o empreendedor
Há cerca de 20 anos entrou na CTGA e, desde então, foi crescendo e evoluindo juntamente com a empresa. Como se caracteriza, enquanto líder e decisor?
É verdade… 20 anos, a completar em abril de 2025. Como o tempo voa! Este período representa sensivelmente metade da vida laboral média de uma pessoa. É um facto irrefutável que o meu desenvolvimento pessoal e profissional, muito à semelhança dos meus companheiros de gerência, fica indissociado daquilo que foi o trajeto das empresas que gerimos. Quanto à minha caracterização enquanto líder e decisor, sou muito empenhado e comprometido com trabalho. Gosto de desafios, de planear e monitorizar, de mobilizar e motivar as equipas. Tenho
tendência para o pensamento racional, objetivo e pragmático, e creio que as competências relacionais são fulcrais para o exercício da liderança nos nossos dias. Não sou muito eufórico nas vitórias, nem muito descrente nas derrotas… O mais importante é o caminho.
Imaginava, há duas décadas, que a CTGA teria a evolução que teve? Quanto desse caminho considera ter a sua influência?
Se me perguntassem em 2005 se em 2025 seria possível fazer todo este caminho e chegar onde cheguei profissionalmente, com o sucesso empresarial que tenho tido, diria que nem no melhor dos sonhos acharia possível… Quanto à minha influência no sucesso da CTGA, considero que tive um contributo muito importante e decisivo naquilo que foram as diversas transformações ao longo dos tempos. A CTGA foi para mim um projeto de vida em termos profissionais. Ao longo destes anos, ininterruptamente, dei o melhor de mim para que a empresa tivesse sucesso. Tenho a felicidade de fazer algo que gosto e que me permite sentir realizado em termos profissionais e pessoais. Dentro do vasto rol de pessoas que deram o seu contributo para o sucesso da CTGA e da ENVIMAN, não posso deixar de dar uma palavra muito especial ao Hugo China, que sempre foi o parceiro mais ativo na gerência, companheiro de luta, amigo, entusiasta e cúmplice no caminho.
“Se me perguntassem em 2005 se em 2025 seria possível fazer todo este caminho e chegar onde cheguei profissionalmente, com o sucesso empresarial que tenho tido, diria que nem no melhor dos sonhos acharia possível…”.
Além destes projetos, é responsável por mais duas empresas: a Mondegorent e a Biggermount. Há quanto tempo existem estes dois projetos e a que áreas se dedicam?
A Mondegorent foi uma empresa criada em 2021 com o objetivo inicial de se especializar na gestão de frota automóvel, inicialmente apenas da CTGA e ENVIMAN, que, entretanto, já tinham mais de 200 viaturas ao serviço.
A partir de 2024, esta empresa abriu-se ao mercado, nomeadamente nos serviços de aluguer operacional de viaturas e equipamentos e gestão de frotas empresariais, estando já a prestar serviços para outras entidades
públicas e privadas.
A Biggermount é uma empresa muito recente, criada em meados de 2024, com o objetivo de reinvestir capitais, concretamente no ramo imobiliário, com a aquisição, construção ou transformação de imóveis para disponibilizar no mercado de arrendamento, tanto no segmento empresarial (indústria e comércio), como no segmento habitacional. Além destas valências, a empresa estará também vocacionada para investimentos no ramo agro-florestal e desenvolvimento de instalações para turismo rural.
Agora que 2024 está quase a terminar, que análise faz ao que este ano trouxe, a nível profissional e como se prepara para 2025, considerando os desafios que a economia nacional enfrenta e a instabilidade geopolítica que se vive?
2024 foi um ano de grandes transformações a nível profissional. Estes novos tempos de adaptação têm requerido um esforço adicional de toda a equipa, mas estamos empenhados que o processo de integração no novo grupo decorra de acordo com as expectativas criadas.
Relativamente a 2025, antevejo um ano com algumas indefinições e incertezas, fruto de tensões geopolíticas, fragmentação do comércio, taxas de juros mais altas por mais tempo e desastres relacionados com o clima. As economias nacional e europeia dão preocupantes sinais de fraco crescimento e risco de estagnação. Esperamos que a execução dos fundos do PRR e do novo quadro comunitário possam dar um estímulo à economia, nomeadamente ao setor do ambiente, dando margem às perspetivas de crescimento da atividade.