“Evolui muito, juntamente com a clínica que fundei”

Leila Mota Amaral fundou, há 22 anos, em parceria com o marido, a clínica SmileCare. Admite que muita coisa mudou, no âmbito da Medicina Dentária, e a evolução estendeu-se a si própria, enquanto pessoa, profissional da área e gestora.

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A clínica SmileCare já celebrou 20 anos de atividade. Ao longo deste tempo, que evolução notou também em si, enquanto diretora deste espaço clínico?

A Clínica SmileCare está a caminho dos 22 anos. Houve uma mudança enorme nestes anos, tanto em mim como na clínica. Esta expandiu o número de colaboradores e, em toda a modernidade que acontece na Medicina Dentária, fomos caminhando lado a lado com a evolução. Enquanto profissional e pessoa, evolui juntamente com
a clínica, moldando-me e melhorando como administradora, diretora e médica dentista. Foi uma evolução conjunta, pois esta administração é realizada também com o meu marido. Estes 22 anos trouxeram-me muita maturidade, aprendizagem, mudança e desgaste.

Existem mudanças notórias quando um profissional da saúde oral decide apostar na abertura de um espaço clínico próprio? Que características descobriu em si desde que teve de dividir a sua atenção entre as tarefas profissionais ligadas ao desempenho da sua profissão e aquelas relacionadas com o contexto de direção desta clínica?

É uma mudança significativa, quando uma pessoa deixa de ser colaboradora e passa a ser proprietária, pois traz mais responsabilidades e obrigações. Temos de tomar conta de tudo, desde material, recursos humanos, pacientes,
faturação, salários e Segurança Social. Quan-do terminamos o dia como dentistas, continuamos a parte administrativa. Hoje faria tudo de novo, embora muito trabalhoso, toda a conquista faz parte de um processo de mudança e acarreta sempre uma responsabilidade e uma dificuldade.

O que, a seu ver, faz com que ainda existam menos mulheres a desempenhar cargos de coordenação ou direção de espaços clínicos?

O trabalho de gestora é um trabalho difícil. Requer muita dedicação e tempo, esta responsabilidade profissional, juntamente com a responsabilidade familiar, a maternidade e um pouco de machismos faz com que existam poucas mulheres a ocupar estes quadros administrativos.

O que seria importante alterar, no mercado de trabalho, para que a mulher pudesse alcançar a paridade laboral relativamente ao homem?

Acredito que a falta de igualdade de salários, distribuição de funções, certa habilidade masculina em entender que a mulher quando se torna mãe teria de ter uma gestão mais adequada… É um assunto que vai demorar décadas, estamos a caminhar lentamente, mas caminhamos.

Como avalia o caminho que foi feito até ao momento, nesta clínica? Existe a possibilidade de crescer, em número de profissionais de saúde ou serviços prestados?

A nossa clínica já cresceu bastante, começou comigo e com o meu marido, neste momento temos 12 colaboradores, dois protésicos, oito médicos e dois higienistas e um número muito grande de pacientes. Podemos crescer um pouco mais, em relação aos tratamentos realizados temos todos os tratamentos disponíveis na área da Medicina Dentária, excepto na área da Harmonização facial, que ainda não possuímos de uma forma muito bem estabelecida, sendo talvez este o próximo objetivo alcançar.

Que mensagem gostaria de deixar às mulheres que estão a pensar abrir o seu próprio negócio?

A abertura do próprio negócio é um passo muito grande que a mulher dá na sua vida. É necessário programar de forma organizada, saber se vai ser rentável, ter noção de quanto tempo irá suportar sem ter um rendimento por
parte do negócio, gerir as expectativas, saber escolher os seus parceiros, sócios e colaboradores, persistir, ser resistente, acreditar que está no caminho certo e dar o seu melhor sempre!