“Temos de acreditar que a economia pode continuar a crescer”

João Carlos Cunha é o responsável pela Capitalges, uma empresa de Contabilidade, Fiscalidade e Consultoria que está sempre atenta às necessidades de inovação e de empreendedorismo dos seus clientes, e de si própria. Os desafios para 2025 são grandes, atentando na incerteza global que afeta setores como a política e a economia. Ainda assim, João Carlos Cunha acredita que o país pode continuar a crescer economicamente.

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Que análise faz à evolução do mercado empresarial português, considerando a sua capacidade de criação de startups e o desígnio empreendedor da população portuguesa?

Sem dúvida que tem havido um crescimento, principalmente no que toca a startups do setor tecnológico, com o surgimento de cada vez mais incubadoras e aceleradoras de apoio ao empreendedorismo jovem. O aumento também do número de fundos de capital de risco e a sua dotação é outro fator a imputar, assim como a criação, por parte do Governo, de programas como o Voucher Startup.

Quais os impactos que a constante necessidade de inovação tem nas empresas nacionais?

Essa foi, é e será uma necessidade para qualquer tipo de atividade profissional/empresarial. Hoje o progresso parece ser mais rápido que nunca e ninguém que queira explorar uma atividade de forma sustentável a longo prazo se poderá deixar ficar para trás. Acho que não só a necessidade de inovar, mas também de o procurar antecipadamente impacta bastante o sucesso que um negócio poderá ter.

A sustentabilidade é outro dos temas constantemente em cima da mesa, atualmente. As empresas têm de rever os seus processos, para garantir que a sua pegada ambiental é cada vez mais reduzida. Isso impacta financeiramente uma empresa?

Certamente. Uma empresa, se fizer alguma reestruturação no seu ciclo produtivo, terá o seu custo, mas não podemos negar que, do outro lado da moeda, está um custo muito maior a pagar que poderá não ser pago diretamente por nós, mas pelos nossos filhos. Temos mesmo de olhar para dentro de nós e decidir que tipo de mundo e valores queremos deixar.


A Capitalges, tendo em consideração a área onde atua, também já sentiu necessidade de se modernizar e de assegurar que os seus processos são os mais sustentáveis possíveis?

Sem dúvida, quando nos olhamos ao espelho ficou evidente qual era o nosso impacto. Um escritório de contabilidade gasta muito papel. Temos, assim, criado processos de digitalização de documentos, incentivando os
clientes também a abandonar a entrega dos documentos em suporte físico, em prol do digital. De momento, a Autoridade Tributária já permite que tenhamos os documentos todos em suporte digital, o que é um passo
importante no caminho certo.

Considerando os desafios que são pedidos às empresas nacionais e a incerteza que se vive nos mercados, parece-lhe possível que a economia portuguesa continue a crescer, para o próximo ano?

Vivemos um período definitivamente único na nossa história a nível mundial, temos um conflito a ser travado em território europeu desde inícios de 2022, algo que não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial, tivemos
recentemente a alteração do cenário político americano, entre outros exemplos macroeconómicos que podem comprometer o crescimento a nível europeu. Dito isto, a esperança tem de ser a última a morrer e temos de acreditar que podemos crescer.

Quais os fatores que as empresas deveriam ter em consideração, aquando do início de 2025, e para os quais deveriam preparar-se desde já, se quiserem continuar na linha da frente do crescimento, no seu setor de atividade?

Os fatores macroeconómicos referidos anteriormente podem impactar todos os setores, cabendo a cada empresário ter capacidade de ver dois passos à frente e entender as condições únicas do seu setor e identificar oportunidades
e ameaças. Não existe uma fórmula de sucesso, embora existam rácios e métricas que nós, enquanto contabilistas, procuramos garantir que os nossos clientes cumpram de forma a entender a saúde da empresa.

http://www.capitalges.pt