Gondomar: um município verde

Gondomar é conhecido como o concelho D’Ouro e Capital da Ourivesaria, dada a sua ligação com este setor. Em simultâneo, existe uma grande ligação ao rio Douro e aos espaços verdes municipais, nos quais foi feita uma grande aposta – na sua criação e revitalização – durante o mandato presidencial de Marco Martins. Em entrevista, o autarca explica as razões para esta aposta e qual o objetivo da futura rede concelhia de Parques Urbanos, que contará com nove espaços.

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Marco Martins, presidente da Câmara Municipal de Gondomar

Que características gostaria de destacar, no que respeita ao Turismo, à capacidade de atrair e fixar empresas, à qualidade de vida para a população e à empregabilidade?

A filigrana está intrinsecamente ligada ao território e às gentes de Gondomar, mas é o setor de atividade da ourivesaria que demarca o nosso concelho, conferindo-lhe o título de “Capital da Ourivesaria”, em Portugal. Nesse sentido, temos procurado abrir as portas do mercado oriental para que os nossos produtores possam exportar para países como o Japão, Hong Kong, Macau e China. Conseguimos ainda certificar a marca da Filigrana de Portugal e criar a Rota da Filigrana que, em menos de quatro anos, recebeu mais de 15 mil visitas de turistas nacionais e estrangeiros. Mais recentemente, orgulhamo-nos de acolher as instalações da Contrastaria Nacional da Casa da Moeda, que de resto apenas existe em outros dois pontos do país (Porto e Lisboa). Com uma tradição secular, Gondomar é hoje responsável por 60% da produção nacional de ourivesaria, o que nos acresce, enquanto executivo, a responsabilidade de preservar e promover este setor de atividade.

Outra grande mais-valia de Gondomar, a montra do concelho, é o Douro. O município de Gondomar goza de 36,5 quilómetros de frente fluvial com o rio Douro, sendo o único dos 23 municípios ribeirinhos com território em ambas as margens. Esta é uma particularidade única que nos permite afirmar, com orgulho, que “Gondomar é D’Ouro”. Se, por um lado, Gondomar gozava já da marginal do Polis, com uma extensão de dois quilómetros e meio de passadiço a ligar Gramido a Ribeira de Abade, por outro lado, potenciamos ainda mais a marginal, prolongando esse passadiço até ao Porto, num percurso pedonal que passou a ligar as duas cidades. A somar ao Passadiço do rio Tinto, pretendemos aproximar a comunidade aos rios, bem como preservar e valorizar o nosso património ambiental. Ainda no sentido de aumentar a qualidade de vida das pessoas, estamos a desenvolver uma rede concelhia de Parques Urbanos, a qual irá criar vários “pulmões verdes” espalhados pelo concelho.

Por fim, temos várias políticas municipais que visam atrair e fixar empresas e, assim, aumentar a empregabilidade no concelho. Ligadas à ourivesaria, temos por exemplo a criação de um centro de incubação de empresas, em parceria com a ANJE, o qual pretende valorizar especificamente este setor, dando oportunidade àqueles que, não tendo ainda os seus negócios devidamente constituídos, se possam desenvolver e dar continuidade a esta arte. Mas temos ainda o orgulho de albergar no nosso concelho empresas de maior dimensão, tais como a Bicafé, que recebeu o Prémio Metropolitano de Empreendedorismo pela Área Metropolitana do Porto, ou a empresa de metalomecânica de precisão Ricardo e Barbosa Lda. que, em parceria com a Marinha Portuguesa, está a desenvolver um ventilador mecânico para Unidades de Cuidados Intensivos e para pacientes no domicílio.

A construção e a reabilitação de espaços verdes do concelho têm sido uma prioridade neste mandato. Por que sentiu a necessidade de apostar nesta área de requalificação e trabalho ambiental?

Não se prende tanto com o sentir de uma necessidade, mas mais com o facto de como perspetivamos o futuro do nosso concelho. Isto é, como gostaríamos de ver Gondomar no futuro? Todo o caminho até aqui percorrido tem sido desenvolvido para dar resposta a essa pergunta, aproveitando as particularidades do nosso território e respeitando o meio ambiente.

Que projetos foram desenvolvidos neste âmbito?

O projeto mais sonante é, sem dúvida, a nossa rede concelhia de Parques Urbanos que irá elevar para nove o número de parques no município. O objetivo desta rede é, desde logo, proporcionar à comunidade local espaços verdes, não muito distantes das suas habitações, de forma a que um gondomarense, onde quer que viva, esteja a poucos minutos de um espaço verde. Outro objetivo passa por referenciar Gondomar como um município verde, em alternativa aos centros de betão armado que parecem multiplicar-se pelas cidades portuguesas e introduzir junto dos mais jovens – os adultos de amanhã – a preocupação com as questões ambientais. Além da rede concelhia de Parques Urbanos, está também a ser desenvolvida a reabilitação hidrográfica e valorização da ribeira da Archeira e dos rios Tinto e Torto. Esta reabilitação será feita através de uma engenharia natural, com recurso a raízes de árvores e à plantação de árvores autóctones, a fim de proteger estes espaços na natureza e de garantir a sustentabilidade dos recursos naturais. Os rios Sousa e Ferreira serão os próximos a ser intervencionados, na esperança de romper com a ideia de que os rios, em Gondomar, são “locais para onde se atira lixo”.

Qual tem sido o feedback da população a estes novos espaços?

A população de Gondomar tem revelado uma atitude bastante positiva, quer perante o Parque Urbano de Rio Tinto, o primeiro a ser inaugurado, quer perante o conjunto de vias pedonais que acabam por ser vítimas do seu próprio sucesso. Isto porque a Marginal Polis, por exemplo, acaba por registar, principalmente aos fins-de-semana, um excesso de procura, tornando difícil a prática de exercício físico. Porém, é essa demonstração de interesse, por parte dos gondomarenses, neste tipo de equipamentos municipais, que nos faz acreditar estarmos no caminho certo quanto à criação de novos espaços.

Que outras ações desenvolvem no sentido de promover a utilização de veículos sustentáveis ou transportes públicos ou, claro, a circulação a pé?

Além da promoção da mobilidade pedonal, com a criação de vias pedonais e cicláveis um pouco por todo o concelho, vimos aprovado, no início deste ano, o lançamento do programa base da futura linha de metro entre o Dragão e o Souto, que levará as composições do Metro ao centro de Gondomar. Essa alternativa de transporte público é mais um passo verde em direção à mobilidade em Gondomar.

Num momento tão único como este que o mundo atravessa, como se posicionou o município no que respeita às questões económicas e sociais que afetaram empresas e famílias?

No âmbito do atual contexto pandémico, a dinamização dos serviços municipais, nomeadamente relativos ao desenvolvimento económico e social no concelho, tem sido bastante intensa, pelo que seria exaustivo dissertar sobre as várias iniciativas que temos levado a cabo. Devo, contudo, referir que, ao nível do ambiente, e seguindo as recomendações da APA, da ERSAR e da Organização Mundial de Saúde, foram constituídas equipas especiais para a higienização dos contentores, das vias e espaços públicos municipais, a fim de prevenir a disseminação da Covid-19. Além dos inúmeros apoios sociais, foi implementada a Rede Gondomar Protege, a qual centraliza todos os pedidos de apoio social a nível concelhio, com vista a uma resposta mais eficaz e maior eficiência na gestão de recursos e precavendo a duplicação de apoios. Além do contacto com agregados familiares isolados e/ou fragilizados, contactamos mais de 18 mil munícipes integrados no Programa Idade D’Ouro – seniores com 60 ou mais anos – para avaliação de necessidades de apoio social e outras.

www.cm-gondomar.pt