De acordo com a sua experiência, o mercado imobiliário está diferente?
Quando iniciei a minha atividade na área imobiliária, em 2006, tínhamos um mercado a funcionar em alta, provavelmente com um desequilíbrio entre a oferta e a procura, em que a oferta disponível superava a procura existente, facto que também terá contribuído para a conjuntura que se seguiu, com um mercado caótico, sem financiamento por parte da banca e com muitos proprietários a não conseguirem cumprir os serviços de dívida assumidos com a banca. Esta conjuntura veio trazer uma nova realidade para o mercado, com a banca a acionar as garantias hipotecárias ou a aceitar como pagamento os imóveis que tinham sido objeto de financiamento.
Por outro lado, com a banca a financiar só a aquisição dos seus próprios imóveis, o parque imobiliário sofreu uma depreciação no seu valor (média de 20%), sem que, ao contrário do que se verificou noutros países europeus, tenha ocorrido uma real “bolha imobiliária”. Este período (2011/2016), coincidente com uma conjuntura internacional também desfavorável, foi também o momento da intervenção da Troika em Portugal. A partir de 2017, começaram a existir sinais de retoma do mercado, muito por força da reabertura da “torneira” do crédito bancário, sobretudo de crédito à habitação, com os bancos a pretenderem “encher” de novo as suas carteiras. Este processo tem sido evolutivo, a todos os níveis.
Sentindo essa avidez dos bancos e recordando os tempos recentes, o regulador, Banco de Portugal, teve necessidade de intervir, criando um conjunto de medidas macroprudenciais, com o objetivo de que a história recente não se repetisse. Neste momento, existe um claro desequilíbrio entre a oferta (escassa) e a procura (excessiva), com a formação dos preços em contínua ascensão e a avaliação bancária dos imóveis a acompanhar essa curva evolutiva e ascensional. As previsões para 2020 apontam para uma ligeira desaceleração no crescimento dos preços, ainda que seja estimado um crescimento médio de 4,5% no preço dos imóveis. Em síntese, temos hoje um mercado completamente diferente, na medida em que o desequilíbrio entre a oferta e a procura se inverteu, conforme acima referido.
Esta dinâmica existente nos valores praticados atualmente é sustentável para os próximos anos?
Enquanto não existir produto novo no mercado que satisfaça a procura existente e mantendo-se a “torneira” do crédito bancário aberta, em minha opinião, os preços continuarão a subir. No longo prazo é sempre esperada uma valorização dos ativos imobiliários. Podemos ainda apontar para o facto de, cada vez, mais existirem investidores em busca de investimentos imobiliários, retirando os seus ativos financeiros da banca tradicional, onde a rentabilidade dos mesmos é nula.
Especificamente em Torres Novas, que análise faz do mercado?
É um mercado em crescendo nos últimos anos, onde neste momento existe uma grande procura a nível de imóveis novos para aquisição, assim como para o mercado de arrendamento.
Enquanto agência D&S, que soluções disponibiliza aos clientes?
Temos os serviços de Intermediação de Crédito, Mediação Imobiliária, Construção de Imóveis, Obras e Mediação de Seguros.
Como antecipa a nova década?
Com novos desafios em todas as áreas, com o surgimento de novos stakeholders, com evolução tecnológica permanente a todos os níveis, com a permanente necessidade de adaptação e evolução, com novas oportunidades em todas as áreas, tudo isto com uma cada vez maior velocidade e um maior grau de exigência para todos os profissionais que operam nestas áreas.