Inteligência artificial ao serviço das pessoas e do ambiente

A AiTecServ concentra grande parte do seu negócio em tecnologia relacionada com Inteligência Artificial (IA) e Ciência de Dados. Jaime Santos, o diretor-geral, destaca, de forma particular, nesta entrevista, a solução AiAction, adotada em smart cities e aplicada, particularmente, em questões de proteção do meio ambiente e segurança das pessoas.

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Quão importante é a IA para o desenvolvimento das cidades inteligentes?

As tecnologias envolvidas na IA possibilitam o processamento e análise de grande volume de dados, sendo capazes de captar padrões e comportamentos não identificáveis pela nossa capacidade humana ou de substituir o papel e as ações de um humano. Elas permitem a decisão em tempo real, mesmo em cenários de elevada
complexidade, aumentando a qualidade da decisão e a rapidez de resposta. Podemos utilizar estas tecnologias em diversas vertentes. No âmbito da cidadania participativa, na otimização de serviços e mobilidade inteligente (e.g otimização do fluxo de tráfego) ou na sustentabilidade ambiental. Podemos também utilizá-las na segurança pública, área em que a AiTecServ traz uma solução inovadora com os seus agentes de IA de visão computacional
(processamento de imagens capturadas em tempo real).

Quais os desafios primários que há que resolver para que se possam transformar as cidades atuais em smart cities?

Antes de mais, o planeamento e estratégia, cuja ausência levará a soluções desintegradas que não aportam valor conjunto, aumentando custos e o insucesso de alguns programas. Depois, a segurança. Se pensarmos por exemplo na captura de imagem, importa implementar procedimentos que garantam a privacidade e a não identificação de pedestres. Mas, para qualquer solução de IA há que garantir a resiliência de sistemas e
infraestruturas para a segurança cibernética, prevenindo ataques e protegendo os dados. Existem diversas áreas a ter em conta: (a) conectividade de elevado desempenho; (b) arquiteturas robustas para processamento de
grande volume de dados; (c) interligação entre sistemas; (d) acesso, para facilitar o direito ao esquecimento, atualização dos dados pessoais e introdução de procedimentos de inclusão; (e) por fim, a revisão e adaptação das leis, políticas e procedimentos a fim de impedir o uso abusivo, a limitação da liberdade pessoal, a discriminação, entre outros riscos.

Segundo a vossa própria descrição, a AiAction “é uma solução de visão computacional baseada em inteligência artificial”. Como pode esta solução encaixar no planeamento de uma cidade inteligente, atualmente?

Ao dotarmos as nossas cidades com capacidades de processamento de imagem em tempo real, caminharemos na redução de impactos e aumento da segurança dos cidadãos. Certamente nos lembraremos de casos de túneis em Lisboa inundados, com automóveis presos. Com este exemplo facilmente podemos ver o benefício do que será ter uma solução destas, que ao detetar a presença e crescimento de água pode automatizar um sinal luminoso, seja para interditar a passagem ou providenciar um aviso de perigo efetivo.

A que problemas pode esta solução baseada em IA dar resposta e que impacto ela pode vir a ter aquando da sua implementação mais alargada?

A solução AiAction permite a deteção antecipada de incêndios e inundações. A deteção de um fogo permitirá o acionamento de alertas, sejam alarmes locais de aviso à população, ou sejam alertas digitais para as entidades competentes, antecipando o início do combate. No caso da água, ao detetar a sua presença e ao se entender um
crescimento fora do normal, do caudal de um rio ou o brotar de água de condutas, permitirá, além dos alertas, a automatização de sinais luminosos ou de perigo.

Noticias recentes dão-nos conta de que as alterações climáticas levarão ao aumento exponencial de inundações e incêndios. Isto ajuda-nos a antecipar que a implementação alargada permitirá a redução substancial de impactos. Além disto, ao cobrirmos maiores áreas o investimento na estrutura técnica será alavancado, em simultâneo que se potencia a solução AiAction com novas funcionalidades, a título de exemplo, detetar em simultâneo incêndios e perturbações da ordem pública.