A Clínica tem dois anos e foi fundada por si. O que a levou a apostar numa clínica própria?
A Clivale aconteceu porque, ao fim de 12 anos a trabalhar para outros, acabei por ter a necessidade de criar as minhas regras, as minhas formas de trabalho, e a minha equipa. Esta última tinha de ser multidisciplinar, pois os
profissionais de Medicina Dentária são muito especializados, por isso seria impossível abrir uma clínica sozinha. A par disto, vem também o reconhecimento. Ao trabalhar para outros e nos mais variados locais, isso permitiu-me
conseguir saber com exatidão quem eu era na Medicina Dentária. Além de tudo isto, considero-me uma mulher empreendedora e este era um lado meu que queria explorar.
Sentiu alguma diferença neste percurso que fez pelo facto de ser mulher?
Dado que trabalho na área da Cirurgia, a maioria dos meus colegas sempre foram homens. Muitas vezes as pessoas perguntavam-me se era eu que ia fazer a cirurgia. Este padrão mental vem, de facto, de uma ideia preconcebida de que os homens são os cirurgiões. Além disso, há o desafio da maternidade. Após ser mãe, eu tinha duas preocupações: o bebé e o meu negócio. Senti a dificuldade de ter um negócio e querer que o negócio
crescesse; ter uma carreira e não querer estagnar; e ter tempo para a minha filha e para mim própria. Foi realmente difícil, porque a mulher é sempre muito associada às tarefas de casa, gestão familiar e, agora, ao empoderamento. Só que esse empoderamento resulta de muito esforço.
“Sempre tive a capacidade de explicar o meu trabalho
e passar[-lhes] a segurança necessária para levarmos a
cabo o procedimento”.
Conseguiu encontrar um equilíbrio entre vida profissional e familiar?
A minha estratégia tem sido delegar. Construí o negócio e uma equipa na qual acredito – 100% constituída por mulheres de várias faixas etárias – e depois comecei a delegar responsabilidades. Aumentei a minha equipa, porque tive essa necessidade. Preocupei-me em pôr a minha equipa em autogestão, de forma a conseguirem fazer crescer o negócio sem dependerem tanto de mim. Relativamente à vida familiar, o segredo é gerirmos muito bem
o tempo e termos uma boa rede de apoio. Obviamente que isto acarreta custos, mas se começarmos a trabalhar para um público que pague pela qualidade do serviço prestado, somos mais reconhecidos e mais bem remunerados, o que acaba por nos compensar profissional e pessoalmente.
Como caracteriza a Clivale e os serviços de que dispõem?
A Clivale é um espaço pintado de cinza escuro, com um ambiente moderno, muito acolhedor, onde primamos por fazer o paciente sentir-se especial. Temos dois gabinetes de medicina dentária, um gabinete de estética, um de terapia da fala, uma receção grande, um pequeno estúdio fotográfico, uma sala recatada, para efeito de pós-cirurgia… É uma clínica simpática, com pessoas sorridentes. É um espaço onde temos todas as especialidades da Medicina Dentária – Implantologia, Ortodontia, Endodontia, Odontopediatria, Reabilitação Estética, e temos a Terapia da Fala, porque acredito que ambas estão muito ligadas. Além disso trabalhamos também Harmonização Orofacial, pela minha parte. O reconhecimento do nosso trabalho tem sido feito, essencialmente, pela via do “passa a palavra”, através dos nossos pacientes, e já somos procurados por empresas da região, a fim de realizar protocolos para os seus funcionários.