“O setor privado reorganizou-se”

Francisco Melo Bento é o diretor clínico da Clínica São Sebastião, em Ponta Delgada, nos Açores. Com mais de 30 especialidades médicas disponíveis e 70 clínicos que dão resposta às necessidades da população, esta clínica sentiu um aumento da procura por parte de quem evita dirigir-se a hospitais públicos.

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Francisco Melo Bento, diretor clínico

Como descreveria a clínica e a sua filosofia de trabalho e relação com os clientes?

A Clínica de São Sebastião tem a sua filosofia de trabalho assente na noção de que o Serviço Regional de Saúde sofre de carências, consequentemente não dando resposta atempada e equitativa a toda a população em áreas mais solicitadas. É daí que a noção de medicina convencionada nasce, com legislação própria, que permite colmatar estas falhas. Durante muito tempo, no entanto, nos Açores não havia a capacidade técnica e humana no setor privado que respondesse a essa falha. A clínica tem uma preocupação de formação de profissionais mais novos, acolhendo-os através do recurso a programas de incentivo ao emprego jovem.

Como vê o papel do serviço de saúde privado na ajuda à população, na atual situação?

O papel do serviço de saúde privado é complementar as dificuldades do setor público, como sempre fez, embora com uma necessidade cada vez maior de atenção às regras necessárias e justas que a tutela estabelece, uma vez que é um setor que, ao contrário do público, não pode sobreviver sem uma rigorosa política de gestão.

Os serviços da Clínica São Sebastião podem ser uma solução para quem não quer dirigir-se a hospitais públicos?

A Clínica de São Sebastião tem capacidade organizacional em diversas patologias, nomeadamente nas situações com necessidade de resposta prioritária ou urgente. Tem também capacidade de triar ou organizar o processo de investigação clínica, que permite minimizar a dependência ou o tempo de permanência hospitalar.

Quais as áreas de especialidade mais procuradas?

As áreas mais procuradas têm sido as de Medicina Geral e Familiar, Oftalmologia, Psiquiatria, Urologia e Pneumologia, esta última com um acréscimo nesta fase pandémica. Os exames auxiliares de diagnóstico como TAC, Ecografia e Raio-x têm tido uma procura acentuada.

Desde que a pandemia teve início, sentiram alterações na afluência de pessoas à clínica?

Desde o fim do confinamento assistimos a um aumento da procura. A nossa leitura é que isto se deve ao facto de os doentes evitarem idas ao hospital, assim como à limitação nas viagens para fora das ilhas.

Como avalia as condições atuais de prestação de cuidados de saúde na sua região?

As condições atuais dos cuidados de saúde são preocupantes. Com vista à garantia da resposta à patologia urgente e prioritária, assim como na proteção dos profissionais neste contexto de pandemia, é inevitável uma quebra muito significativa de resposta no setor público. Por outro lado, toda a contingência atual obrigou o setor privado a reorganizar-se, com inevitáveis custos acrescidos. Urge pensar rápido em soluções que unam esforços e que os responsáveis políticos os viabilizem com a devida justiça e celeridade.

www.clinicasaosebastiao.com