“Percebi cedo que o caminho era a especialização e a independência profissional”

Vera Malheiro ficou desiludida quando entrou no mercado de trabalho, na área da Fisioterapia, logo após concluir os seus estudos. Percebeu que, da forma como o sistema estava organizado, nunca conseguiria dar atenção aos seus pacientes. Então, arriscou e criou o seu próprio espaço clínico, especializado em áreas onde a oferta era menor e trabalhou muito para alcançar bons resultados. Hoje, o seu espaço é a prova de que acreditar e trabalhar para o sonho é metade do sucesso!

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O que a levou a fundar um espaço clínico em seu nome? Que impacto e responsabilidade isso lhe trouxe?

Quando terminei a faculdade, estava motivada para transformar vidas através da Fisioterapia. No entanto, o primeiro contacto com a realidade da profissão em Portugal foi desmotivador. O modelo predominante, com seis a sete doentes por hora, tratamentos padronizados e pouca autonomia, não era para mim. Desde cedo, percebi que o caminho era a especialização e a independência profissional. A responsabilidade aumentou significativamente.

Tem traçado o seu percurso na área da Fisioterapia Músculo-Esquelética, bem como nas áreas da Fisioterapia Invasiva, Ecografia e Saúde da Mulher. Porquê optar por estas áreas? Qu impacto têm na saúde feminina, em particular?

Optei por áreas onde me pudesse destacar e que ainda tinham pouca oferta. A Fisioterapia Invasiva, por exemplo, é maioritariamente dominada por homens e exige extrema precisão, pois os tratamentos são ecoguiados e não há
margem para erro. No início, questionei-me se seria capaz, mas a experiência provou que sim. Na saúde da mulher, a minha motivação foi cuidar, informar e quebrar tabus. Percebi que podia aliar a Fisioterapia Invasiva à Saúde da Mulher, uma abordagem pouco comum. Desde então, os tratamentos para disfunções pélvicas tornaram-se muito mais eficazes e rápidos.

O que é a Fisioterapia Avançada e o que pretende quando afirma que quer “quebrar o conceito do convencional”?

A Fisioterapia Avançada baseia-se nas técnicas mais recentes, é individualizada e coloca o fisioterapeuta como profissional de primeiro contacto. Através de uma avaliação clínica rigorosa, identificamos a origem da dor, traçamos um plano de tratamento personalizado e trabalhamos na prevenção de recidivas. A Fisioterapia convencional, por outro lado, segue um modelo rígido e impessoal. Dou um exemplo: duas pessoas com epicondilite. Uma desenvolveu a condição por movimentos repetitivos; a outra, devido a uma disfunção no ombro que sobrecarrega o cotovelo. A verdadeira fisioterapia analisa estas diferenças e trata cada caso como único.

Que serviços presta e como se diferencia das restantes clínicas?

Os meus serviços centram-se na Fisioterapia Músculo-Esquelética, Desportiva, Invasiva e Uroginecológica, com uma abordagem avançada e personalizada. O que me diferencia é a forma como trato cada caso: não sigo
protocolos generalizados, mas sim uma avaliação rigorosa para identificar a verdadeira causa da dor ou disfunção, ajustando o tratamento a cada paciente.

Que mensagem deixaria às mulheres na área da Saúde que desejam ter o seu próprio projeto, mas ainda estão indecisas sobre a forma de o levar a cabo?

Acreditem nas vossas capacidades e não tenham medo de dar o primeiro passo. Especializem-se, procurem conhecimento e rodeiem-se de pessoas que acrescentem valor. Quando trabalhamos com dedicação e confiança, os
resultados surgem, e a satisfação de criar algo nosso é incomparável.