O que a levou a fundar a sua clínica dentária?
Em primeiro lugar o amor à terra, a Mortágua. A clínica foi fundada em 1999, imediatamente após ter concluído a licenciatura. Era relativamente simples abrir uma clínica de Medicina Dentária, pois o mercado não estava tão
saturado como está hoje e as imposições de licenciamento eram menores. A decisão de abrir aqui, em Mortágua baseou-se nos laços afetivos e na vontade de poder fazer diferente e de ter um serviço de maior proximidade e
humanidade. Claro que no início de carreira trabalhava também noutras clínicas como prestadora de serviços, mas à medida que o tempo foi passando e a clínica foi crescendo, mudámos de instalações, construímos a clínica-mãe de raiz, o que nos permitiu ter um espaço funcional com cerca de 200 m2, que na altura parecia gigante, mas que agora já parece pequeno e que nos permitiu ter todas as acessibilidades e funcionalidades necessárias. Neste momento já temos três clínicas, com sete cadeiras e mais de 25 colaboradores, entre prestadores de serviços e funcionários.
“Aquilo que nos diferencia é um serviço de proximidade e atenção dado ao paciente”.
Um espaço em nome próprio tem uma responsabilidade diferente, na medida em que a competência, a eficiência e a responsabilidade para com o bem tratar quem vos procura fica diretamente ligado ao seu nome. Assim, em que pilares fundamentais assentou os serviços da sua clínica?
Em última instância, quer tivesse o nome ou não, a responsabilidade seria sempre minha. Mas é um orgulho ter um conjunto significativo de profissionais altamente qualificados a identificarem-se com o meu nome e a gostarem de trabalhar comigo. É também um orgulho que a maioria dos funcionários já esteja na empresa há mais de 10 anos, alguns há 25. Para mim, isso valida a estratégia seguida até agora, em que os funcionários se sentem parte da
equipa, sentindo-a como sua e “vestem” a camisola da empresa, zelando pelo bem-estar dos pacientes. O que nos dá mais prazer é ver um paciente sorrir, satisfeito com o resultado do nosso trabalho. Ter esse sorriso é a maior gratificação. Daí o nosso lema ser “Construímos sorrisos”. Os pilares fundamentais são o profissionalismo, a dedicação ao paciente, a qualidade, a humanidade e o trabalho de equipa. Aquilo que nos diferencia é um serviço de proximidade e atenção dado ao paciente.
Que características considera possuir que a ajudam a liderar a sua clínica e a sua equipa?
O respeito pelo outro, quer sejam funcionários ou quem nos procura. Mais do que uma visão empresarial há uma preocupação em cuidar do outro, resolver os problemas de quem nos procura e de incutir na empresa uma consciência social. Para além disso, foi preciso ter uma capacidade grande de arriscar, uma determinação e persistência para superar todos os desafios que foram surgindo ao longo destes 25 anos. A valorização do ambiente de trabalho, que deve ser atrativo porque as pessoas passam aqui grande parte do seu dia, e só se
sentem motivadas se se sentirem valorizadas, é essencial para o bom funcionamento do espaço. O maior desafio das empresas é manter e motivar a sua equipa. E nisso acredito que temos sucesso, o que se reflete na
satisfação dos nossos pacientes.
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Pouco mais de 30% dos líderes no setor da saúde são mulheres. Por que motivo lhe parece que tal acontece?
Eu nunca me senti discriminada por ser mulher. Também não dei oportunidade para isso. Sei que as mulheres com a maternidade, com a família, passam por dificuldades diferentes dos homens, mas na realidade nunca me senti discriminada nem beneficiada por ser mulher. Acredito que os desafios que as mulheres enfrentam com a maternidade e a família fazem com que a vida profissional seja colocada em segundo lugar e por isso decidam não
atingir os lugares de topo. Felizmente a minha família sempre me proporcionou a retaguarda necessária de modo a que eu me sentisse à vontade para prosseguir com o trabalho nas clínicas.
A clínica completou, em 2024, 25 anos de atividade. Ao longo destes anos, que mudanças sentiu na atividade e no setor e como evoluiu, simultaneamente enquanto profissional e líder da clínica?
É verdade! Este ano estamos de parabéns! São 25 anos e desde 1999 muita coisa mudou. Começámos pequeninos num espaço arrendado, com um gabinete e uma assistente, quando me formei éramos 2500 médicos dentistas, neste momento somos quase 15 mil e ainda assim conseguimos afirmar a nossa posição no panorama regional, estando agora a expandir para outras zonas geográficas. Se há 25 anos os médicos eram generalistas, hoje em dia caminhamos cada vez mais para subespecializações, em que cada médico dentista está dedicado a uma área
específica. Sempre apostámos na qualidade dos serviços e equipamentos, na formação do corpo clínico e das assistentes dentárias. Neste momento, nas nossas clínicas temos à disposição CBCT, ortopantomógrafo, fluxo
digital, scanner intraoral e os nossos profissionais têm acesso a formação académica e de desenvolvimento pessoal e emocional. A nível nacional, houve um aumento substancial do número de médicos dentistas e de cadeiras de dentista que, infelizmente não se traduziu num aumento da qualidade dos serviços prestados, nem numa melhoria no acesso aos cuidados de saúde oral da população em geral.
Dispõe do seu próprio laboratório de próteses dentárias. Que vantagens traz ter um espaço próprio onde pode produzir diretamente as próteses de quem procura os seus serviços nesta especialidade clínica?
O laboratório sem dúvida que nos diferencia, pois permite ter uma resposta mais rápida, muitas vezes imediata, em termos de consertos de prótese e de colocação de próteses no próprio dia. E, claro, permite-nos ter uma qualidade de serviço acima da média.
“Acredito que os desafios que as mulheres enfrentam com a maternidade e a família fazem com que a vida profissional seja colocada em segundo lugar”.
Além da especialidade de Medicina Dentária, de que outros serviços médicos dispõe?
A Medicina Dentária sempre foi o nosso foco. Os outros serviços acabam por ser um pequeno complemento no sentido de proporcionar uma oferta de serviços médicos a quem nos visita. Temos as especialidades de Reumatologia, Fisioterapia, Psicologia, Medicina Geral e Familiar e Acupuntura.
Existem planos para continuar a crescer, a médio/longo prazo? Que tipo de desafios o crescimento de uma clínica aporta a quem a lidera? Como tem lidado com eles?
As Clínicas Elsa Batista nasceram em 1999 em Mortágua. Durante a pandemia da COVID-19 decidimos que era altura de expandir para outras localidades e abrimos uma clínica em Penacova e outra na Branca, Albergaria-a-
-Velha. Parece contranatura investir na área da Medicina Dentária quando estávamos fechados em casa por causa de uma pandemia, mas acreditamos que existe espaço para clínicas de Medicina Dentária com uma filosofia e modo de olhar para os pacientes como nós temos. Os nossos planos passam por abrir mais um espaço nos próximos dois anos. Para além disso fazemos consultoria e ajudamos outros profissionais a melhorar o modo como gerem as suas clínicas, melhorando o serviço e a satisfação dos profissionais e dos pacientes. O crescimento tem
trazido vários desafios, sendo que o maior é o recrutamento e a manutenção da equipa. Nos últimos anos tem havido uma pressão emigratória sobre os profissionais de saúde, havendo um número muito significativo de
médicos dentistas que emigraram. Adicionalmente, os médicos dentistas preferem trabalhar para várias clínicas do que trabalhar apenas para uma. O modo como temos lidado com estas dificuldades tem sido com flexibilidade e procurando dar aos médicos dentistas o contrato que eles pretendem. No fundo, facilitamos a integração na nossa equipa, exigindo sempre e cada vez mais qualidade dos serviços prestados, responsabilidade e atenção no paciente. Queremos que cada paciente seja tratado como se fosse um membro da nossa família. É esse o modo que gostamos que tratem de nós quando vamos a outras especialidades médicas, pelo que é esse o modelo que queremos ter nas nossas clínicas.