Portugal é um país bom para investir em energias verdes, pelas suas qualidades geográficas. As empresas também já começam a perceber isso, mas só 30% delas já investiram em energias verdes. Enquanto profissional da área, que análise faz desta percentagem?
Depende muito do conhecimento que o empresário tem em relação a este assunto. Infelizmente, no passado recente, houve alguns casos malsucedidos devido a informação incorreta, mas hoje, de um modo geral, as empresas que operam no setor são muito credíveis, o que se traduz num aumento substancial de projetos nesta área.
O parque empresarial português está ciente das soluções que existem para conseguir reduzir os custos energéticos da empresa?
Sim. Devemos entender as energias renováveis como uma componente importante na eficiência energética. As empresas têm ao seu dispor um conjunto muito vasto de soluções, práticas e baratas, que podem contribuir para a eficiência energética.
Que tipo de produtos e serviços já existem que permitem a uma empresa reduzir os seus custos energéticos, sem ter de fazer um grande investimento inicial?
O processo deve começar sempre por uma análise cuidada dos vários consumidores de energia, quer seja elétrica ou térmica. Em função dessa análise decide-se onde intervir. Um caso flagrante em que o investimento tem retorno quase imediato é a substituição da iluminação por tecnologia led.
Para aquelas que têm capacidade de fazer um investimento maior, a solução de instalar painéis solares que permitam produzir energia para alimentar os trabalhos da empresa é viável?
Tudo depende do tipo de laboração da empresa, nos casos de horários diurnos, é de facto um investimento muito rentável, com retorno sempre inferior a cinco anos.
Os empresários já começam a estar mais despertos para esta realidade sustentável? Ou são ainda os empresários mais jovens aqueles que mais apostam na sustentabilidade?
O último quadro comunitário teve um papel preponderante no desenvolvimento deste tipo de projetos, esperamos que o próximo dê continuidade. É curioso ver empresários menos jovens com uma apetência extraordinária para estes assuntos.
Como vê o setor e a sua evolução, a médio prazo, tendo em conta as consequências desta crise?
Como referi anteriormente, vai depender em grande parte do próximo quadro comunitário. Acredito que, se a economia europeia tiver uma recuperação rápida e equilibrada, Portugal irá beneficiar muito com isso e as empresas farão os seus investimentos assentes na ótica da eficiência energética.