“Transformação digital implica tecnologia, processos e pessoas”

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A Flowinn é uma marca que fornece soluções de software e consultoria, especializada nos setores da indústria alimentar e farmacêutica. Miguel Catela, CEO da empresa, explicou as realidades díspares destas duas áreas e como a transformação digital poderá afetar o ambiente de trabalho das empresas, no futuro.

A transformação digital levou, obrigatoriamente a uma mudança na cultura organizacional de todos os setores de atividade, mas a indústria alimentar e área farmacêutica são distintas entre si, na forma como se adaptaram à nova realidade: “A maturidade de uma organização é muito importante, quando se pensa em investir em projetos de transformação digital, isto porque esta transformação apenas se consegue conjugando tecnologia, processos e pessoas e se alguma destas falha, o projeto não atinge o seu potencial máximo. Por exemplo, o setor farmacêutico é reconhecido, na área da indústria/produção, como tendo uma forte aposta em I&D e, principalmente, em tecnologia, desde há largos anos. Num laboratório é frequente vermos linhas de produção totalmente automatizadas /robotizadas. Já na Distribuição, a aposta na transformação digital é mais localizada na área logística. A preocupação é na maximização da eficiência da operação. Os grandes players têm a área logística com divisão entre totalmente automática, semi-automática e manual, consoante o que for melhor para o processo. Todos têm robôs a dispensar medicamentos e a utilização de comunicações eletrónicas entre os sistemas informáticos da cadeia de valor do medicamento é uma obrigatoriedade.

Contudo, ainda na distribuição, os restantes players já vivem uma realidade diferente. É frequente encontrarmos empresas com os processos mal definidos e muito manuais. No que respeita à indústria alimentar, é um setor onde, na generalidade, a gestão ainda é pouco profissional e onde existe menos investimento”.

Este atraso no investimento deve-se, frequentemente, à presunção de que investir em tecnologia avançada é muito caro, mas Miguel Catela desmistifica: “Não é necessariamente assim, pois uma solução tecnologicamente avançada é aquela que melhor se adequa ao processo que se está a procurar melhorar, de forma a torná-lo mais ágil e fiável, pelo que o tipo de solução necessária acaba por variar muito, de empresa para empresa”.

nas farmácias, é preciso perceber que não é porque tenho um robô adispensar medicamentos que tenho uma transformação digital adequada

Por outro lado, o CEO da Flowinn alerta para o facto de ser importante para as empresas diminuir os custos, mas não a qualidade dos produtos e é aqui que a tecnologia pode ajudar: “A transformação ajuda as organizações a aumentarem a eficiência, através da redução de custos, pela melhoria dos processos, mas permite também disponibilizar a informação gerada em prol da gestão, melhorando a tomada de decisão e assegurando a evolução da qualidade do serviço/produto”.

Quando questionado sobre que operações/serviços mais são automatizados, Miguel Catela é perentório: “Trabalhamos essencialmente as áreas de logística e produção, pois são aquelas onde as empresas mais precisam de ganhar eficiência. Porém, estamos a começar a trabalhar outras áreas, como o procurement, comercial e controlo de gestão. São áreas onde o problema não é a otimização de processos, mas a tomada de decisão. É isso que tem de ser melhorado, através dos dados de que dispomos.

Acreditamos que a melhoria dos negócios, no futuro próximo está na forma como as empresas trabalham a informação que têm disponível e como a colocam ao serviço do negócio”.Esta automatização de processos acabará por colidir com determinadas funções, antes exercidas por pessoas, que terão de se requalificar ou, em caso extremo, mudar definitivamente a sua profissão: “As empresas estão interessadas na transformação digital. A grande questão a ultrapassar é ter a cultura organizacional preparada para a mudança. Envolver os diferentes níveis da organização num projeto de transformação digital é importante para a aceitação da mudança. Por outro lado, a avaliação certa do investimento e o cálculo do seu retorno é também uma equação que nem sempre os gestores resolvem antes de decidir”.

As novas tecnologias, como a Data Science, Blockchain e Inteligência Artificial, estão a chegar a Portugal e o país está atento e disposto a investir nestas novas tendências. No entanto, o caminho ainda é longo: “Temos um caminho ainda muito grande a fazer pois partimos de um universo empresarial em que o patamar está muito recuado. Contudo, penso que esse facto é um aspeto positivo, pois as empresas conseguem dar o salto mais depressa (do ponto de vista tecnológico e de competências de negócio estamos ao nível dos melhores). Gosto de dizer que Portugal está novamente a mostrar ao mundo que temos capacidade e boas ideias. Somos inovadores e, acima de tudo, fazedores. Não tenho dúvidas de que Portugal está no grupo da frente na liderança da tecnologia aplicada aos negócios”.

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