Ajudou a fundar a Unflow. Sendo a área das tecnologias ainda muito marcada pela presença masculina, acredita que, de há alguns anos a esta parte, as mulheres têm dado passos evidentes em direção a esta área? Sente esta mudança, quando analisa a sua própria jornada?
Sem dúvida que as mulheres começam a enveredar por esta área de forma mais massiva, contudo lentamente. Vamos a um evento tecnológico e podemos ver imensas mulheres presentes, o que não acontecia há alguns
anos. Entrar na área tecnológica para mim foi um desafio pessoal e também profissional, via muitos colegas nesta área, mas mulheres nem tanto. Hoje, fico muito contente pela troca de ideias e realização de projetos com outras mulheres empreendedoras.
Quais as principais dificuldades de criar uma empresa na área tecnológica, partindo de Portugal e convivendo com o mercado internacional e toda a concorrência que ele traz?
A empresa surgiu de uma ideia em conjunto, não pensamos muito nos riscos, talvez por sermos jovens, simplesmente iniciamos a Unflow. Diria que o maior desafio foi conseguirmos ter o nosso primeiro cliente, não sabíamos o nosso posicionamento no mercado. Tínhamos tanto para oferecer que acabou por ser avassalador. Passados cinco meses tornou-se algo maior, projetos diferenciadores, clientes internacionais e tudo começou a ficar sério. Desenvolvemos equipas diferenciadas e inovadoras, estudamos de forma profunda gestão, tecnologia e design para que pudéssemos ser “fora da caixa”. Conforme crescemos a concorrência também começou a estreitar e a ser mais definida. Para mim, é bom haver concorrência, quando somos revolucionários na nossa área não estamos a correr contra a concorrência, estamos todos a mostrar novas opções de produtos e serviços.
Enquanto líder de uma empresa onde a dinâmica, a inovação e o constante desenvolvimento formativo é fundamental, como se mantém, também, a par das tendências? Acredita que a pessoa que é atualmente já representa uma evolução de quem era quando ajudou a fundara Unflow?
Gosto de comunicar, mas gosto muito de ouvir. Com a Unflow comecei a ouvir ainda mais, percebi que com ela posso ajudar as pessoas de uma forma inovadora e desafiante. Uma conversa com uma pessoa de outro setor
permite-nos alargar os horizontes, pensar de forma disruptiva. Estar a par das novidades do mercado, e partilhar ideias com pessoas que acreditam na tecnologia como uma mais-valia é o melhor caminho para a diferenciação e
evolução.
Com a exigência da Unflow evoluí muito enquanto pessoa e profissional que sou. Ainda hoje são várias as dores de crescimento que enfrento neste cargo, acredito que podemos evoluir sempre, todos os dias aprendemos algo com as pessoas ao nosso redor.
Quais os pontos-chave que destacaria da sua liderança que acredita que são fulcrais para o desenvolvimento de um bom ambiente laboral e o alcance de bons resultados profissionais?
Quando estudava Gestão pensava em criar uma empresa onde a partilha de ideias e o bem-estar pessoal fosse o ponto fulcral. Haver liberdade para trabalhar de onde quiséssemos e abertura para uma comunicação transparente, onde todos trabalhassem para o mesmo objetivo. Criar uma equipa que amasse o que fazia e que se sentisse orgulhosa de criar algo diferenciador. Tive a oportunidade de criar a Unflow e então coloquei em
prática estes meus ideais, não vou dizer que seja fácil, já aconteceram várias peripécias, mas ter uma equipa feliz e motivada é o melhor reconhecimento que podemos ter.
A Unflow nasceu em 2022, com a tecnologia human-centric a ser o seu principal motor de desenvolvimento de soluções. Quão importante é este aspeto “os humanos no centro da tecnologia”, para a Unflow?
A Unflow tem como dois dos seus valores pessoas e inovação, e para nós estes devem andar lado a lado.
Independentemente do projeto, começamos sempre com uma reunião de interpretação do problema do cliente e questionários aos utilizadores do novo produto. Isto permite à equipa de design criar uma experiência de
utilização intuitiva e próxima a todos os intervenientes.
A inovação deve existir para ajudar e facilitar os humanos, não para tirar o lugar destes. E é assim que a equipa pensa e desenvolve os produtos diferenciadores, tendo como base a melhor experiência possível para os humanos.
Que soluções conseguem aportar ao mercado, no que concerne à área da IA, e que revolucionam, de facto, a forma de trabalhar e de obter resultados do mercado, por parte dos vossos clientes?
Tal como em todas as nossas soluções, vamos ao encontro das necessidades dos nossos clientes. Gostamos de avaliar cada situação individualmente e perceber de que forma conseguimos ajudar o cliente a alcançar novos
objetivos. Avaliar cada situação pode ser um desafio. Temos clientes que necessitam de soluções de IA generativa de texto, imagens e até mesmo áudio num só projeto, como temos clientes que necessitam de um simples projeto de análise de sentimento, isto é, uma ferramenta que interpreta o tom com que um utilizador escreveu uma mensagem. Gostamos de acreditar que o limite é a tecnologia e não o que conseguimos aportar.
No final do dia, o nosso objetivo partilhado com os nossos clientes é que possamos permitir que o negócio deles ultrapasse as metas definidas e possam crescer, para assim reforçar o nosso compromisso de proximidade com as pessoas.
Que impacto geram estas soluções que disponibilizam no workflow das empresas vossas clientes?
O feedback dos nossos clientes tem sido muito positivo no que toca à otimização dos processos diários e a forma como toda a força de trabalho é afetada de forma positiva pelas nossas soluções. Um exemplo perfeito de como a IA revolucionou o dia a dia de um cliente é a Definition. Criamos uma aplicação web que contempla diversos
tipos de IA numa só plataforma. Desde criação de artigos para as redes sociais a press releases prontos a entregar aos media; desde a geração de imagens a serem utilizadas pelos clientes à transcrição de entrevistas completas em questão de segundos. Tudo isto permite que 86% da empresa utilize diariamente a plataforma e otimize os processos diários em 64%.
Sendo a Definition uma agência de comunicação e marketing, a plataforma Definition AI permitiu que fossem nomeados para vários prémios de utilização de IA em contexto de agência no Reino Unido.
Como se mantém a Unflow sempre na vanguarda das soluções que pode oferecer aos clientes? Como analisa o mercado nacional relativamente à área tecnológica?
Gostamos de manter uma ligação contínua com os nossos clientes, acreditamos que sejam nossos parceiros. Entender a evolução e necessidades dos negócios deles é essencial, há melhorias constantes. Participamos de forma ativa em eventos tecnológicos internacionais, gostamos de ver o conhecimento e a evolução de outras empresas no mundo, gostamos muito de aprender em campo. E claro, podemos sair da Unflow, mas ela não sai de nós, muitas vezes as melhores ideias aparecem quando menos esperamos, em viagens, em convívios, numa
simples ida ao supermercado. Somos pessoas que observam, e que gostam de melhorar e diferenciar.
O mercado português está a evoluir de forma positiva. Embora possamos atrair algum investimento com os nossos hubs tecnológicos e ter uma maior procura por talento nacional por empresas estrangeiras, a nossa capacidade de evolução e pesquisa tem de aumentar para que possamos continuar a competir numa maior escala.
