O que vos levou a fundar uma empresa como a Agro Demand?
Começou tudo com uma conversa entre mim e o meu sócio e amigo, Luís Seatra. Já nos conhecíamos há largos anos, trabalhámos juntos numa empresa de rega, cada um na sua área profissional, e sempre mantivemos o respeito, a amizade e valorizávamos muito a área um do outro. Depois de cada um ter seguido a sua vida profissional por outros caminhos, encontrámo-nos num evento desportivo e surgiu a questão: ambos éramos empreendedores, seria interessante falarmos sobre isso e vermos se havia um projeto interessante que pudéssemos trazer para o mercado. Este foi o primeiro passo para a criação da Agro Demand.
Ora, tanto eu como o Luís sempre estivemos na parte da operação, na execução dos projetos em si, a “fazer acontecer”. Quando se trabalha na frente de concretização dos projetos, é preciso muito foco na base da concretização, na realização e sobretudo nos resultados. A Agro Demand resultou de unir duas competências – uma na parte da gestão estratégica, financeira e tesouraria e outra mais na parte agrícola, uma componente
muito técnica – essa é a parte do Luís.
A Agro Demand também necessita de alguns parceiros estratégicos, mas ao longo dos anos também adquirimos uma rede de boas empresas e pessoas que trabalham connosco e que estão a permitir que o projeto cresça.
Que serviços disponibilizam atualmente?
Nós temos o serviço de apoio à gestão, que engloba gestão de tesouraria, agrícola e agroflorestal. É um serviço macro, porque é contínuo, já que dispomos de algumas avenças mensais, nas quais o nosso tempo está muito
dedicado às operações diárias nas empresas nas quais temos estes serviços. Depois temos outra componente, mais técnica, onde existe a avaliação de conformidade das infraestruturas, o procurement e serviços de manutenção.
No âmbito da execução de projetos de infraestruturas, temos feito alguns estudos entre os quais estudos com um parceiro especialista na área da hidrogeologia, com o objetivo de compreender, por exemplo, até onde é possível
expandir a sua área de produção, garantindo a sustentabilidade do recurso. É essencial termos foco no cliente, uma proximidade grande com os mesmos. Por vezes, acontece que a empresa começa por nos solicitar um serviço e
depois percebe que há outras necessidades e acaba por falar connosco. Os projetos vão surgindo e eles vão-nos contactando. Nós, como estamos na parte do “fazer acontecer”, conseguimos sempre ir um pouco mais além.
Como avalia o conhecimento atualmente detido pelos responsáveis empresariais sobre a importância do procument?
É um serviço fundamental e existem duas oportunidades para nós – a primeira é implementá-lo nas agroindústrias, caso não o tenham; a segunda é melhorá-lo, caso o mesmo já exista. Acredito que este é um serviço que está muito adequado ao público-alvo que temos, nomeadamente grupos de investidores que já têm uma estrutura grande e, cada vez mais, precisam que as escolhas que são feitas sejam as acertadas para o seu negócio, de forma a garantir que estão a adquirir aquilo que necessitam para maximizar o investimento. Quanto mais eficientes forem, melhor. A margem é fundamental.
O nosso papel é sermos assertivos nas estratégias que indicamos aos clientes, garantindo a melhor opção para cada caso.
O desenvolvimento, construção e manutenção de infraestruturas é também muito importante para o sucesso do negócio. Que considerações tece à velocidade a que os projetos – particularmente na área agrícola – tomam forma? Quais são os principais problemas com que se deparam neste serviço que prestam?
Esta é uma área que exige cada vez mais do ponto de vista financeiro, mas também de conhecimento. Estes são os dois grandes pontos que poderão fazer um match perfeito para quem queira entrar no mundo agrícola. Culturas permanentes ou temporárias podem necessitar de grandes investimentos em infraestruturas caso elas não existam, além de que é necessário garantir que o local possui os recursos necessários sejam eles de solo ou água para responder às necessidades das culturas a instalar.
Muitas vezes os empresários têm de fazer os investimentos de raiz – e nesses investimentos estamos a incluir, por exemplo, a rega – que é uma infraestrutura de extrema importância para qualquer empresa agrícola – e só nisso o investimento é enorme. Aliado a isso, se estamos a falar de infraestruturas, deve ser feita uma boa manutenção das mesmas e isso é outro desafio, porque quando a manutenção não é feita da maneira adequada, nem sempre é possível utilizar os equipamentos quando estes são necessários.
Que avaliação faz ao estado do setor agrícola nacional?
Olho para o setor agrícola com bons olhos. A maior parte das empresas familiares já vão tendo maior volume de negócio, até porque acaba por ser uma questão de sobrevivência empresarial. Além disso, esta é uma área da
qual haverá sempre necessidade, portanto o mercado existe. Veja-se que até grandes grupos económicos, com atividades alicerçadas noutras áreas, estão a começar a apostar na agricultura. Parece-me que é um setor que está no bom caminho. Hoje, já quase não existe o agricultor que tem de se deslocar à parcela para regar as plantas.
Isso é feito através de tecnologia com recurso a um computador ou telemóvel. Tudo é monitorizado através de sondas e sensores desenvolvidos com muita pesquisa e investigação académica. A juntar a isso, o país tem boas condições para o desenvolvimento de culturas rentáveis e excelentes profissionais.
Em 2025, o objetivo é continuar a crescer?
Nós somos uma empresa que vai para o seu terceiro ano de existência. Para 2025, projetámos um crescimento entre os 15 e os 20% em relação ao ano de 2024. Eu diria que, com base no que tem sido o nosso desempenho comercial e também no facto de alguns negócios terem vindo ter connosco, este objetivo é alcançável e
continuaremos a potenciar o mundo agrícola. Isso deixa-me extremamente feliz.