Como caracteriza a evolução que o gabinete tem conhecido ao longo destes quase 10 anos?
A constituição do atelier acontece em 2016. Estávamos convictos de que passaríamos por uma fase inicial mais difícil, numa tarefa “árdua” de implementação de ideias, caminhando num sentido de uma espécie de afirmação arquitetónica. Ao longo destes quase 10 anos de existência, é notório que esta persistência de implementação
de uma identidade muito própria conheceu bons resultados. Hoje temos clientes que nos buscam pelo que somos capazes de fazer e não pela simples “concorrência de mercado”.
O minimalismo é um dos estilos arquitetónicos mais utilizados atualmente. Ele está também patente em diferentes projetos deste gabinete. Porquê a adoção do estilo?
Para nós, o que realmente importa é construir espaço, despojado de tudo o que não importa no pensamento arquitetónico. Quando pensamos projeto, queremos garantir que nos focamos nos conceitos-base da arquitetura, isto é, dimensão, proporção, luz, enquadramento e matéria. Para nós, tornar algo minimal é elevar estes conceitos ao seu expoente máximo, garantindo uma perfeita harmonia entre o utilizador e a obra.
A sustentabilidade dos edifícios é uma grande preocupação atualmente. Como incluem este fator nos vossos projetos?
A abrangência da sustentabilidade remete para diversos temas, desde um simples sistema construtivo, como também a sua relação com paisagem, sua orientação solar, a maneira como desenhamos o espaço, etc. Entendemos inclusive que, a homogeneização do sistema construtivo é um ato, por si só sustentável, bem como a idealização de edifícios com manutenção mínima e/ou com otimização de energia. Agrada-nos muito a ideia de
contrabalançar este peso que a arquitetura tem no meio ambiente com a inclusão quase obrigatória de elementos
naturais.
Cada vez mais é importante que os materiais sejam ecológicos e o mais naturais possível. Têm este aspeto em consideração quando desenvolvem os vários projetos?
A resposta mais direta é sim. Mas a construção deixa sempre uma pegada na natureza. A ideia passa por compensar, o máximo possível, este desequilíbrio criado. Nos nossos projetos procuramos materiais no mercado que derivem ou nos ofereçam uma relação mais direta com os elementos naturais, como por exemplo a cortiça.
Também nos focamos a projetar boas soluções construtivas que garantam o máximo conforto e o mínimo de consumo energético possível, naturalmente aliado ao orçamento de construção de cada projeto.

Que projetos gostaria de salientar que demonstram os aspetos que foram mencionados anteriormente?
Uma das casas que gostaríamos de evidenciar nesta ideia de sustentabilidade é, sem dúvida, a casa URB 28, localizada na Rua Santo António, nº 28 na cidade de Ponte de Sor. O projeto desenvolveu-se a partir de um antigo lote industrial, tendo-se recuperado algumas pré-existências, retribuindo dignidade ao espaço através de um novo uso. Considero que esta decisão de transformar um abandonado vazio urbano é, por si só, um ato de sustentabilidade.