O que a levou a criar a WeCareOn?
O projeto nasce quando se juntaram dois fatores pessoais que me fizeram avançar: a minha mãe, que estava com uma depressão após o falecimento da minha avó, e eu, que estava a equacionar mudar de carreira. Quis ajudar a minha mãe, que vive numa aldeia com acesso restrito a profissionais de saúde mental e, tendo em conta que sempre trabalhei em consultoria tecnológica, pareceu-me que usar a tecnologia seria uma mais-valia. A WeCareOn é uma plataforma que disponibiliza consultas online com psicólogos, psiquiatras e coaches e já existe desde 2015. Os clientes podem fazer facilmente as suas consultas via videochamada, voz, chat ou e-mail.
Uma consulta de psicologia/coaching online não é antagónica à ideia de proximidade entre cliente e profissional de saúde?
Não! É até uma mais-valia em muitos casos. Existem vários estudos mundiais que provam que a terapia online pode ser mais eficaz e mais rápida. Nós temos essa experiência com os nossos clientes. Os clientes online vão mais rápido ao assunto, estão na sua zona de conforto e têm poucas distrações e por isso conseguimos resultados mais rápidos e cria-se uma boa empatia entre cliente/profissional. A maioria dos clientes diz que nem se apercebe que há um computador/telemóvel entre a sessão.
Quais as mais-valias deste serviço online?
Poupança de tempo e dinheiro, rapidez e flexibilidade nas marcações, contacto mais frequente com o profissional, sem deslocações, confidencialidade, resultados que podem ser mais rápidos e segurança. Tudo isto acontece na comodidade e privacidade do cliente. É via online que tudo se processa: a sessão é marcada, feita e paga pela Internet. O cliente pode escolher o seu profissional e o canal ou pedir ajuda na escolha, se assim preferir. Marca a primeira consulta e depois o processo continua por si só. Tem ainda a possibilidade de escolher o profissional pelas suas possibilidades económicas. Queremos chegar a todos e temos vários preços disponíveis. A maioria dos clientes prefere usar a videochamada.
O serviço de psicologia e coaching ainda é visto como algo “não fundamental”?
Em Portugal ainda há algum estigma, sim. As pessoas não foram educadas a cuidar da saúde mental e não entendem que é na ‘’cabeça’’ que se comanda o corpo todo. Muitas pessoas que chegam a nós já vêm em estados de depressão ou ansiedade extremos e deixam tudo para a última da hora ou então vão ao médico de família e a medicação é usada em excesso, sem resolver as causas dos problemas. Nós temos feito a nossa parte, ao querer desmistificar este conceito, e escrevemos muito no nosso blog sobre estes temas, para que possamos ajudar na educação e desmistificação da saúde mental e bem-estar. Cada um de nós pode mudar e acreditar que cuidar da nossa saúde é algo que é integral, mental, físico, espiritual e começa na prevenção.
Como antecipa o futuro da sociedade?
Espero muito que a sociedade no geral tenha aprendido as mensagens bonitas que há para aprender com este acontecimento. Espero que haja finalmente a valorização do tempo para coisas que realmente importam e que as palavras amor, celebração, gratidão, solidariedade, família, conexão interior, alegria, paz e verdadeira abundância, façam parte do dia-a-dia de todos nós.
DICAS PARA MANTER O BEM-ESTAR
- Manter rotinas, pois dá a sensação de orientação e controlo, a resposta fisiológica de stress diminui, o sistema imunitário agradece. Defina no espaço de casa, se possível, as áreas de trabalho, descanso, lazer e refeições. Quando organizamos o ambiente que nos rodeia arrumamo-nos “por dentro”.
- Praticar exercício físico. A prática regular de exercício é um poderoso relaxante muscular e tem efeito antidepressivo. Medite. Pratique respiração abdominal.
- Escolha uma alimentação equilibrada. Beba água de forma regular, hidrate-se.
- Limitar a exposição a notícias. Escolha apenas fontes credíveis, como DGS.
- Manter a conexão. As redes socias e videochamadas são ferramentas valiosas para reconectar pessoas, especialmente as mais isoladas. A solidariedade é uma das palavras-chave, seja porque decidimos ficar em casa como forma de diminuir a propagação do contágio, seja porque nos disponibilizamos para ajudar quem precisa.
- Gerir conflitos em casa. Tem direito a pensar e sentir o que quer que seja. Não use argumentos sobre o outro (“tu isto e aquilo”), procure usar a linguagem do eu (“eu sinto isto, eu penso que”).
- Se estava já num processo terapêutico continue com o mesmo, agora com recurso a ferramentas online.
- Acalmar as crianças. Transmitir segurança às crianças passa por sermos sinceros, usando linguagem acessível. Isto é uma novidade para todos e as crianças podem saber disso.
- Fale com as pessoas idosas. Mantenha o contacto, especialmente com as mais frágeis. Faça questão de lhe falar sem tempo contado.
- Saiba que não está sozinho(a), pode pedir ajuda. É um ato de grande coragem, pedir ajuda para si ou para quem está consigo. Significa que está atento a si mesmo.