A atividade imobiliária no país está a passar por uma fase em que existe procura de habitação, mas pouca oferta de imóveis no mercado. Esta é, também, a realidade do mercado de Elvas?
Sim, a realidade de Elvas acompanha a tendência que se observa a nível nacional. Tenho assistido a um aumento da procura por imóveis, principalmente devido à sua localização estratégica, proximidade com a fronteira e o
crescimento de interesse pelo Alentejo em geral. No entanto, a oferta de imóveis no mercado tem sido escassa, principalmente no que diz respeito a imóveis prontos a habitar, porque a maioria dos imóveis disponíveis são de
tipologia mais antiga, o que requer um investimento adicional por parte dos compradores para reabilitação. Este cenário tem sido uma oportunidade para muitos investidores, dado o charme histórico da cidade e a possibilidade
de transformar edifícios antigos em espaços modernos. Embora Elvas ainda se mantenha uma cidade com uma excelente relação qualidade-preço, é inegável que a procura crescente tem feito com que os preços subam.
”Embora Elvas ainda se mantenha
uma cidade com uma excelente relação
qualidade-preço, é inegável que
a procura crescente tem feito com que
os preços subam”.
Como caracteriza este mercado? Que tipologias são mais procuradas?
O mercado imobiliário de Elvas pode ser caracterizado como um mercado em crescimento, onde a procura tem vindo a aumentar nos últimos anos, especialmente pela sua localização, pela qualidade de vida que oferece e pelo seu ambiente tranquilo. Quanto às tipologias, as mais procuradas atualmente são apartamentos T2/T3 e as moradias. A procura pelos apartamentos tem sido mais expressiva, principalmente nas camadas mais jovens. Por outro lado, as moradias, especialmente as localizadas nos arredores da cidade, têm ganhado bastante popularidade, especialmente após a pandemia.
O interior do país é, por norma, menos procurado para viver e trabalhar, no entanto existem famílias que optaram por se afastar dos grandes centros urbanos. O turismo é outro fator importante para a aquisição de um imóvel no interior do país. Elvas tem exemplos representativos do que está menciona do acima? Como caracteriza este mercado?
Sim, Elvas é um bom exemplo de como o interior do país tem vindo a ganhar destaque. Tenho assistido a uma crescente mudança de mentalidade, com muitas famílias e profissionais a optarem pelo interior, à procura de uma
qualidade de vida melhor. Além disso, ao estar localizada na fronteira com Espanha, facilita o acesso a muitas oportunidades. Por outro lado, o turismo tem contribuído bastante para o crescimento do mercado imobiliário aqui em Elvas. Muitos imóveis, antigos e históricos, têm sido reabilitados e transformados em alojamentos locais, aproveitando a autenticidade e o charme da cidade. O turismo tem gerado não só oportunidades de negócio, mas também tem valorizado a cidade, tornando-a cada vez mais visível a nível nacional e internacional.
Com uma experiência de mais de 15 anos de mercado imobiliário, como analisa o seu próprio percurso? Ter uma marca em nome próprio ajuda-a a ser reconhecida no setor?

O meu percurso no mercado imobiliário tem sido muito gratificante e desafiador. O sucesso neste ramo não depende só do conhecimento do produto, mas, principalmente, de criar uma relação de confiança com os clientes,
perceber quais as necessidades e, acima de tudo, proporcionar-lhes soluções que respondam às suas expectativas. O mercado imobiliário está em constante mudança, e foi precisamente a adaptação a essas transformações que me permitiu crescer e evoluir.
Estar em sintonia com as tendências do setor e com as novas exigências dos consumidores tem sido um dos meus principais focos, assim como a formação contínua. Quanto ao facto de ter uma marca em nome próprio, posso
afirmar que tem sido um fator determinante na minha trajetória. Permitiu-me consolidar a minha identidade no setor e ser reconhecida pela qualidade do serviço prestado, pela seriedade e pela transparência.
“Acredito que o PRR tenha um grande
potencial para impulsionar o mercado,
e aumentar a oferta de habitação,
mas a construção de novos fogos
não é um processo simples e rápido
e enfrenta uma série de obstáculos,
como a escassez de mão de obra qualificada
no setor da construção”.
Os valores do PRR destinados à construção de habitação são, a seu ver, concretizáveis dentro do prazo estipulado pela Comissão Europeia? É viável e real que o país consiga criar mais de 20 mil novos fogos para fazer face à falta de imóveis que se verifica?
A ideia de criar mais de 20 mil novos fogos para fazer face à falta de imóveis no país é, sem dúvida, ambiciosa, mas acredito que seja viável, desde que sejam tomadas as medidas adequadas e implementadas com rigor.
Acredito que o PRR tenha um grande potencial para impulsionar o mercado e aumentar a oferta de habitação, mas a construção de novos fogos não é um processo simples e rápido, e enfrenta uma série de obstáculos, como a escassez de mão de obra qualificada no setor da construção. Além disso, a atual elevada procura e os elevados custos dos materiais de construção podem também atrasar a execução destes projetos. Outro ponto importante é o tipo de habitação que será construído. É fundamental que a habitação criada seja equilibrada em termos de tipologias, não se limitando a criar imóveis de maior dimensão, mas também a habitação acessível para as famílias
de rendimentos mais baixos, que são as que mais sentem a escassez de oferta no mercado atual. O investimento em reabilitação urbana e em incentivos fiscais à renovação de imóveis deve ser igualmente considerado no
âmbito do PRR, pois pode complementar os esforços de construção de novas habitações e contribuir para a revitalização de muitas zonas do país. Quero acreditar que o objetivo é possível, mas para que seja realmente alcançado dentro do prazo estipulado, será necessário um esforço conjunto entre o governo, as autarquias, os agentes imobiliários e construção civil.