Mobilidade urbana, sustentabilidade, e as tendências das cidades inteligentes

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Os múltiplos desafios que se colocam diariamente à mobilidade nas zonas urbanas não têm resposta rápida sem
criar soluções disruptivas que a grande maioria das populações diretamente afetadas não aceita pelo impacto imediato, somos maioritariamente seres de rotinas e hábitos e mudar leva-nos a sair da nossa zona de conforto. Os decisores políticos por essa mesma razão gerem opções, tendencialmente em início de mandato e quando
reúnem condições de decisão, cuidando do impacto positivo a médio/longo prazo.

Os interesses das diversas partes interessadas comércio, serviços privados e públicos, estabelecimentos de ensino e saúde, e os direitos associados às populações de acessos de qualidade e fruição de espaços em segurança, para todas as idades, cria condicionantes extremamente difíceis de conjugar sendo certo que a prioridade terá de ser para as populações que se deslocam nos espaços urbanos quer sejam residentes ou visitantes, estes habituais ou esporádicos.

A qualidade da cidadania está intimamente ligada aos interesses e prioridades de cada um dos cidadãos e da forma como podem aceder e usufruir das suas opções que, em meios urbanos, tem à disposição quer seja de índole laboral, educação, lazer, nas suas vertentes desportivas e culturais, saúde ou repouso.

A dispersão e os percursos associados que têm de percorrer para aceder a cada um destes locais ou áreas e o número de pessoas que o faz diariamente em movimentos pendulares cria necessidades de transporte de pessoas e mercadorias, nomeadamente bens alimentares, que geram conflitos entre as diversas partes
interessadas que, cada vez mais, todos tomam consciência que é urgente mitigar, quando não é possível eliminar, e de forma sustentável deixando de contribuir negativamente para a qualidade do ar que todos respiramos, para os tempos necessários para percorrer as necessárias distâncias e os níveis de ruído existentes.

O encerramento do acesso a viaturas de transporte privado, a determinadas zonas urbanas, o incentivo à mobilidade elétrica, a renovação e reforço dos meios de transporte públicos, a criação de parques de
estacionamento nas periferias urbanas dissuasores da utilização de viaturas privadas nas zonas urbanas, a criação de zonas verdes e espaços de lazer, a deslocalização de serviços públicos, a flexibilização de horários/teletrabalho têm sido opções que os diversos municípios urbanos têm implementado ou incentivado que, a par de algumas operações piloto de aplicação da inteligência artificial na gestão de tráfego e acesso a serviços públicos, têm permitido conter a degradação da mobilidade e sustentabilidade das atividades em meios urbanos.

Os desafios que se colocam à mobilidade urbana e simultaneamente à melhoria da qualidade de vida de todos os que usufruem dos espaços urbanos são cada vez mais exigentes pela crescente concentração da população nas grandes cidades em detrimento das zonas rurais e cidades de pequena e média dimensão.

Em Portugal, só em Lisboa temos uma população superior a 500 mil habitantes, as regiões metropolitanas de Lisboa (2,8 milhões) e do Porto (1,8 milhões) concentram cerca de 45% do total da população residente no continente com tendência crescente deste desequilíbrio.

Estes números reforçam a necessidade de complementar as necessárias medidas de intervenção nas áreas urbanas de maior dimensão com medidas de valorização e atração nas cidades de pequena e média dimensão, com o objetivo de reduzir a crescente concentração da população residente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Só a conjugação de medidas mitigadoras dos desequilíbrios nos grandes meios urbanos complementada com medidas de valorização e atração das cidades de pequena e média dimensão permitirá criar condições, dotação
orçamental e tempo de projetar e executar, para implementar soluções sustentáveis com o apoio das populações residentes sem exclusão das demais partes interessadas que disponibilizam serviços e bens, que interessa concorram para objetivos comuns, melhor cidadania, melhor qualidade de vida.

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