“Mulheres em cargos de liderança ainda não é algo natural”

Madalena Costa Macedo é a administradora da TARGETING, uma empresa dedicada ao Marketing e ao Design. Durante o seu percurso enquanto Marketing Manager, trabalhou em empresas multinacionais e as capacidades que desenvolveu permitiram-lhe assumir, mais tarde, o projeto da TARGETING e recuperar, com a ajuda dos seus colaboradores e sócios, esta empresa, posicionando-a agora de uma forma atualizada no mercado.

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É licenciada em Gestão e Administração de Empresas e assumiu a liderança de uma empresa na área do Marketing – a TARGETING. Como caracteriza o seu percurso profissional, até ao momento?

É um percurso pouco habitual, mas olhando para trás não mudava quase nada. Após a licenciatura, fui logo trabalhar. Comecei na Unilever, uma grande escola, depois ingressei na extinta Allied Domecq Spirits&Wines e, antes de iniciar este desafio, na Targeting, trabalhei na Pernod Ricard Portugal, tudo multinacionais que me permitiram crescer, trabalhar sob pressão e aprender muito. Nas funções que desempenhei, Trade Marketing e Marketing Manager, trabalhar o consumidor e a envolvência deste com a marca era o que mais me motivava. Após definir quem é, como se comporta e o que o move, desenhar um plano para ATIVAR a marca e definir que EXPERIÊNCIAS proporcionar, levou-me à Targeting. Aqui trabalho no que mais gosto, para várias marcas,
categorias e mercados onde se posicionam.

Quais as características pessoais que possui que acredita que fazem a diferença quando transportadas para o lado profissional, enquanto líder?

Diria que ser responsável, resiliente, íntegra, autoconfiante, comunicativa e grata têm-me ajudado bastante nesta jornada. “Ser responsável” na tomada de decisões e gestão de todo o negócio, nunca dar passos maiores do que as pernas; “resiliente” no que respeita à capacidade para me sobrepor aos obstáculos, que vão surgindo pelo caminho; a “integridade”, valor que me foi transmitido pelos meus pais e que me permite colocar a cabeça
na almofada e dormir tranquila; a “autoconfiança”, que me tem ajudado a acreditar que fazemos coisas
boas e diferentes e que realmente ajudamos as marcas a atingir o seu potencial máximo; “comunicativa”, que facilita em muito a relação com os nossos clientes e com as pessoas que trabalham na Targeting; por último, mas não menos importante, a “gratidão”, capacidade que nos permite reconhecer o que é, e quem é, importante nas nossas vidas e dizê-lo várias vezes.

Que análise faz do mercado português, tendo em conta o aumento de mulheres em cargos de liderança empresarial ou mesmo a criação do próprio emprego, em que muitas apostam?

Apesar de estar muito melhor, Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer nesta área. Existe uma maior presença das mulheres em cargos de administração ou em cargos públicos, mas ainda não é natural, impõe-se quotas, fazem-se leis, etc…Não é de todo um mercado equitativo, as mulheres ganham menos do que os homens, apesar de a desigualdade salarial em Portugal ser punível por lei. Mas as desigualdades não passam apenas pelos salários. A disparidade entre homens e mulheres no mundo de trabalho passa também por estas
estarem sub-representadas nas posições de poder nas empresas, assim como na discriminação nos processos de recrutamento e seleção.

Que caminho ainda é preciso trilhar para que se atinja o equilíbrio entre géneros no mercado laboral?

As igualdades de género e de oportunidades têm de ser reconhecidas como valores intrínsecos na nossa
sociedade, não algo imposto. Acredito que estas novas gerações venham a assumir estes valores com muito mais naturalidade. Até lá, o caminho a percorrer tem que passar pela maior proteção da maternidade no trabalho, para que as mulheres não sejam prejudicadas em termos de progressão na carreira, maior flexibilidade laboral para um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, igualdade na licença parental e por uma progressão
de carreira baseada na meritocracia e não no género e compadrio.

A TARGETING

A TARGETING completa 15 anos em 2023 e é uma empresa dedicada ao Marketing e ao Design. Numa altura em que o digital sofreu um crescimento acentuado, face ao Marketing e Design físico, e as marcas tiveram de lidar com esse crescimento, como se posicionou a TARGETING para que os seus clientes pudessem obter sempre os melhores resultados?

A nova realidade em que vivemos trouxe, de facto, muitas e novas necessidades que têm sido abordadas através do digital. O cliente procura, cada vez mais, um parceiro a quem possa confiar a sua marca num todo, independentemente do canal onde queira comunicar (online e offline). No entanto, é no offline que nos diferenciamos e apostamos, assegurando o envolvimento do consumidor com a marca no local de compra ou
de consumo e, nestes locais, proporcionar experiências únicas e memoráveis. Mas não queremos, nem podemos ficar de fora e perder este comboio, por isso a Targeting inicia este ano com um novo posicionamento, que nos permite oferecer serviços integrados de comunicação, colmatando a lacuna que tínhamos na oferta de serviços na área do digital.

A TARGETING fez uma caminhada de esforço e sucesso e chegou aos 15 anos como uma empresa bem-sucedida e com clientes fiéis. Enquanto líder da empresa, que avaliação faz do que foi alcançado? Que planos existem para 2023 de que nos possa dar conta?

Uma interjeição e uma palavra: “WOW” e “Inacreditável”. Quando aceitei este desafio, tinha dois filhos pequenos, uma posição confortável com muitas regalias e bem remunerada na empresa onde trabalhava. Vim para a Targeting e o que recebia quase que não dava para pagar as minhas despesas de deslocação, não havia clientes,
os resultados eram negativos, não tínhamos crédito e éramos três pessoas (dois sócios + um colaborador). Passados 15 anos, somos 10 pessoas (eu e nove colaboradores), os ratings da empresa são muito positivos, temos muito trabalho, os clientes que estão connosco estão há muito tempo, temos crédito e somos no momento uma empresa saudável. Planos? Não temos! Apenas vontades. Vontade de trabalhar mais e melhor, vontade de ajudar as marcas, vontade de facilitar a vida a quem as gere e vontade de manter este projeto que continua a seguir o seu caminho!