“O interesse por práticas sustentáveis está a aumentar”

Paula Pinheiro Rocha é partner da Global Eco, uma empresa que ajuda, no âmbito da consultoria e da formação, as restantes organizações a reformularem os seus procedimentos e serviços numa ótica sustentável. Portugal pode ser um ótimo mercado para a economia verde, na opinião desta profissional.

0
140

A sustentabilidade é um desafio, hoje, para as empresas nacionais, mas a Global Eco vem simplificar essa ideia, comprometendo-se a ajudar as empresas a descobrir o seu “ADN sustentável”. Como é que isso se faz?

A sustentabilidade pode parecer um desafio complexo, mas na Global Eco acreditamos que ela deve ser encarada como uma oportunidade estratégica. Por exemplo, quando trabalhamos com o rótulo ecológico europeu para um hotel, trata-se de olhar para a operação daquela organização e perguntar: “O que faz sentido aqui? Onde é que podemos ter impacto real, sem perder eficiência?”. No fundo, é uma questão de simplificar: traduzir o que parece complexo em passos concretos e mostrar que sustentabilidade e resultados andam de mãos dadas.

A formação e a certificação são práticas absolutamente essenciais para as empresas que queiram continuar na vanguarda dos seus setores. Em Portugal, este é um interesse que as empresas também demonstram?

Em Portugal, há um interesse crescente por parte das empresas em implementar práticas de sustentabilidade, muito impulsionado pelas exigências internacionais e pelo quadro normativo europeu. Diretivas como a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), que obriga as empresas a reportar o seu desempenho em critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), e os critérios de taxonomia da UE, estão a pressionar as organizações a adotar padrões rigorosos de rastreabilidade e transparência. A rastreabilidade é, atualmente, um fator-chave para a competitividade, especialmente em cadeias de fornecimento globais.

Quais os maiores desafios que sentiram neste caminho?

O maior desafio tem sido a mudança de mentalidade. Apesar de a sustentabilidade estar cada vez mais presente no discurso empresarial, ainda encontramos empresas que a veem como um custo adicional ou uma imposição externa, e não como uma oportunidade estratégica. Outro desafio são as complexas normas europeias, como as exigências da CSRD e a taxonomia da UE.

Os critérios europeus de sustentabilidade estão cada vez mais apertados e os objetivos estão cada vez mais perto do fim das suas metas. Portugal caminha para conseguir cumprir, de facto, alguns deles?

Portugal tem dado passos importantes na direção certa, mas ainda há muito a fazer para garantir o cumprimento pleno dos objetivos europeus de sustentabilidade. Muitas organizações já estão a adotar práticas mais sustentáveis
e a preparar-se para as futuras exigências de reporte ESG. A grande questão é a capacidade de transformar esse esforço em ações concretas e mensuráveis, e aí o papel da consultoria técnica é essencial para apoiar as
empresas a dar os passos necessários.

Se Portugal se afirmar no mercado europeu enquanto mercado sustentável, este pode ser um bom motivo para que o mercado nacional cresça além-fronteiras?

Sem dúvida, o potencial de Portugal para se afirmar como um mercado sustentável é enorme e pode ser um verdadeiro motor de crescimento para as empresas nacionais, especialmente se considerarmos o cenário europeu e
global. O nosso país tem tudo para se destacar nesse contexto. De facto, somos já reconhecidos pelo investimento em energias renováveis, a sustentabilidade no turismo e as boas práticas em setores como a construção sustentável e a gestão de resíduos.