Portugal e Japão mantêm relações históricas desde o século XVI e o seu Tratado de Paz, Amizade e Comércio já conta com 154 anos de existência. Como se têm desenvolvido estas relações históricas entre estes dois países? Há espaço para reforçar esta relação?
As nossas relações bilaterais remontam a 480 anos. Portugal é visto de forma muito positiva no Japão. Nas escolas japonesas, do ensino primário ao secundário, as aulas de história abordam a chegada dos portugueses e o seu impacto cultural e histórico. Após a democratização, do Japão após a Segunda Guerra Mundial e de
Portugal em 1974, ambos compartilham valores como liberdade, democracia, Estado de Direito e direitos humanos. A nossa parceria tem-se tornado cada vez mais vital na conjuntura internacional atual. Fomentar o intercâmbio pessoal é essencial para fortalecer ainda mais as nossas relações. A EXPO Osaka-Kansai 2025, onde Portugal terá um pavilhão, será uma grande oportunidade para aprofundar a nossa amizade.
A nível cultural, Portugal e Japão têm ambos muitos exemplos das suas marcas identitárias. Que mostras, feiras ou outros eventos culturais são partilhados entre Portugal e Japão? É possível aproximar mais estas duas culturas?
Em Portugal, parece-me que a cultura japonesa é muito apreciada, desde a cultura tradicional à pop. É possível que as duas culturas se aproximem ainda mais através de vários eventos culturais, como a Festa do Japão, o Iberánime, a representação japonesa na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) e “Work Shops” de diversas atividades culturais do Japão que têm lugar ocasionalmente em cidades grandes. Sigam também a nossa rede social que
frequentemente emite informações para dar a conhecer o Japão no âmbito cultural. No Japão, Portugal terá o seu pavilhão na EXPO Osaka Kansai 2025. Acredito que, através deste grande evento, os japoneses terão acesso a uma imagem de Portugal e que tanto os japoneses como os portugueses poderão apreciar a longa história de amizade, contemplar a atualidade e olhar para o futuro.
Atualmente, a Embaixada do Japão realiza conferências para dar a conhecer o país e propor aos alunos portugueses uma experiência de estudo no Japão. Por que motivo é importante esta maior proximidade educacional entre os dois países?
O objetivo das bolsas de estudo do Governo japonês é contribuir internacionalmente para a promoção do intercâmbio intelectual e de amizade, e para o desenvolvimento de recursos humanos nos países estrangeiros. Como consequência, este sistema tem contribuído para o desenvolvimento do Japão e do mundo mutuamente. Além disso, esperamos que os estudantes que estudaram no Japão e que se tornaram fãs do Japão sejam ativos como pontes de ligação entre o Japão e Portugal, após o regresso a Portugal.
Economicamente, o Japão é conhecido pelas suas empresas tecnológicas de vanguarda. Quão importante é o mercado português para estas empresas? Quais as principais áreas de atividade das empresas japonesas instaladas em Portugal? E que impacto as mesmas têm na economia nacional?
Muitos empresários japoneses apreciam os jovens portugueses, enquanto recursos humanos, sobretudo os que se formaram em engenharia e, ao mesmo tempo, sabem falar bem inglês. Algumas companhias preferem
estabelecer os seus polos de pesquisa e desenvolvimento em Portugal, considerando o ecossistema da proximidade industrial com institutos do ensino superior e com startups. Ao nível macro, ainda que seja abaixo da sua potencialidade em números, o comércio exterior bilateral mostra a boa complementaridade entre os nossos países. Cerca de 100 empresas japonesas atuam cá tendo como foco as indústrias automóvel, informática, química e médica. O impacto das empresas não é pequeno para a sociedade portuguesa, seja através de capital, do emprego e do desenvolvimento regional onde se encontram por longos anos.
Entre todas as áreas mencionadas anteriormente, é possível ao Japão e a Portugal estreitarem mais os laços que os unem, seja a nível económico, educacional ou cultural?
Digo sim, é possível. A nossa parceria não se limita à relação bilateral, mas ela abrange o contexto global. Nunca se esqueçam de que somos países marítimos que partilham os valores fundamentais modernos. Juntos, de mão
dada, poderemos contribuir ainda mais para a paz mundial, as ações climáticas, a preservação ambiental, a prosperidade e a saúde do ser humano.