“Seguros multirriscos mal contratados podem não garantir a indemnização dos danos”

Vânia Mansilhas é mediadora de seguros e explica, nesta entrevista, as razões pelas quais tantas pessoas pagam valores desajustados pelos seus seguros multirriscos. Um prémio muito alto ou muito baixo podem, ambos, ser resultado de uma má avaliação do valor da reconstrução do edifício. Alerta ainda que, em 2025, o valor dos prémios destes seguros irá continuar a subir.

0
296

Os seguros multirriscos habitação são, com frequência, vendidos pelo banco, juntamente com o contrato de crédito habitação do imóvel. Esta é a maneira mais correta de um cidadão poder ter acesso ao seguro multirriscos habitação, ou teria vantagem se consultasse um mediador de seguros?

Sem dúvida que a forma mais correta e segura de qualquer cidadão ter acesso a um seguro multirriscos habitação é junto de um mediador, para que o mesmo possa ajudar o cliente a colocar não só capitais como também coberturas essenciais. Nos seguros feitos nos bancos, aquando da contratação do crédito habitação, apenas é colocado o capital em dívida na apólice, que na maioria das vezes está completamente desatualizado. Devemos ter sempre em atenção o valor de reconstrução do imóvel para que, em caso de sinistro, o cliente possa ser indemnizado com valor suficiente para a reparação dos danos.

Que casos já avaliou em que, após o seu estudo do seguro do cliente, percebeu que era possível baixar bastante o valor que este pagava?

Muitas vezes, os clientes têm o seguro de edifício e de recheio em apólices e companhias diferentes, quando se tiverem ambas as unidades de risco na mesma apólice é mais vantajoso. Também já tive situações em que o cliente tinha meios de prevenção contra incêndios e/ou roubos e não estavam identificados na apólice. Se estivessem, o prémio baixaria substancialmente. Outra situação é quando temos um imóvel que tem mais de 30 anos, mas teve melhorias de canalizações, de eletricidade e mesmo de isolamento. Sempre que sejam feitas melhorias, estas devem ser atualizadas na apólice de seguro.

Quais os erros mais comuns cometidos por quem quer contratar ou atualizar um seguro deste género?

O erro mais comum cometido por quem quer contratar ou mesmo atualizar um seguro multirriscos é querer colocar como capital o valor avaliado nas finanças ou o valor em dívida no crédito habitação e não o valor de reconstrução,
isto porque o valor de compra/aquisição não será o mesmo que o valor de reconstrução em caso de sinistro. Muitas vezes também assistimos a uma desvalorização de determinadas coberturas, como a de fenómenos sísmicos, para que possam pagar um prémio menor.

Como deveria ser calculado o valor do prémio do seguro multirriscos?

O prémio do seguro multirriscos deve ser calculado com base no capital seguro na apólice, nas coberturas selecionadas, no tipo de proteção contra intrusão (alarme, videovigilância, grades), na localização, na idade no imóvel, no tipo de construção e materiais usados e mesmo ter em consideração as melhorias e o ano das mesmas.

Desde 2020 que os seguros multirriscos têm visto os seus prémios subir. O aumento chega já aos 43% desde há cinco anos, segundo o jornal Público, considerando a subida do Índice de Edifícios. Que justificações existem para que assim seja?

As catástrofes naturais têm um grande impacto no aumento dos prémios, pois normalmente provocam danos consideráveis em muitas habitações, aumentando significativamente o valor das indemnizações a pagar. O aumento da reconstrução também é um dos principais fatores, pois qualquer pequena reparação de um sinistro acaba por ficar muito mais elevada do que ficaria em 2022 ou mesmo 2023, por exemplo.

_
vaniaseguros@icloud.com