“Ainda falta apoio para as profissionais e mães que não têm rede de apoio”

Sandra Lopes é consultora imobiliária e diretora de uma agência de mediação imobiliária – a CASAPARASI. Acredita que a grande presença feminina nesta área de atividade se deve à flexibilidade de horários, mas reclama ainda alguma atenção para as mulheres que são mães e profissionais e cuja rede de apoio é inexistente. Para esta profissional, só quando se parar de fazer distinção entre mulheres e homens e se tratar o ser humano por igual se alcança a prometida paridade entre os géneros.

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Que análise faz à presença das mulheres nesta atividade profissional?

Uma presença positiva, como qualquer outra presença onde se encontre uma mulher. As duas forças são necessárias, as duas forças criam equilíbrio, levando em consideração as suas diferenças.

O que traz a mulher a esta atividade? Que características se evidenciam, na forma como mulheres e homens se distinguem nas suas formas de fechar negócios?

O que traz a mulher a esta atividade é o trabalho em sociedade, a necessidade da atividade económica. Talvez o facto de ser uma atividade mais liberal em termos de horários, o que por vezes acarreta mais horas de trabalho, mas possibilita coordenar com outros afazeres. A mulher distingue-se pela sua sensibilidade, em relação à análise de situações, na gestão de pessoas e emoções, que são, no fundo, a base deste negócio.


Que medidas deve, a seu ver, a Europa tomar, e Portugal por inerência, para apoiar e promover o empreendedorismo feminino?

Continuamos a viver numa sociedade maioritariamente masculina. Exemplo prático: uma mulher que viva sozinha com um ou mais filhos, trabalhe fora de casa, tem de trabalhar o dobro, ou mais para que a sua vida diária tenha “saldo positivo”, entre “fraldas e tachos” passando pela papelada e relações humanas necessárias às funções profissionais. Não pretendo que a mulher seja beneficiada, mas em termos sociais, empresariais, deve haver mais bom senso na facilidade horária da mulher que se encontra nestes casos.

Enquanto mulher, que desafios sente (ou já vivenciou) que podem ter sucedido em virtude de ser mulher?

Talvez mais na minha anterior profissão de jornalismo. Na mediação imobiliária também já vivenciei momentos tristes, em que percebo que, pelo facto de ser mulher, do outro lado está um homem e a dificuldade de lidar com o meu diálogo ou presença é notória. A pior terá sido com um cliente que, devido às suas crenças religiosas, não levantava a cabeça para olhar para mim.

Como acredita que as gerações mais jovens de mulheres veem e lidam com este desequilíbrio ainda existente no mercado?

Parece absurdo que, em 2025, numa sociedade chamada moderna, continuemos a discutir, a conversar, sobre a necessidade de lutar pelos direitos de Ser Mulher. Embora, na sociedade em que vivemos, com algumas exceções, a
“luta” tenha de continuar. Sinceramente, este desequilíbrio não me parece que seja extinto, mas que seja menor. Acredito que as gerações mais jovens se irão deparar com outro tipo de diferenças.