Beatriz Marques Pinto e a Minter Creative: Um projeto assente na experiência do caminho percorrido

Beatriz Marques Pinto começou o seu percurso profissional na área da Engenharia Civil, especializando-se em Acústica Arquitetónica, mas rapidamente compreendeu que o caminho passava por desenvolver a sua criatividade. Assim, desenvolveu uma carreira de mais de duas décadas ligada às áreas de Marketing, Publicidade e Relações Públicas e foi em virtude deste caminho que nasceu, em 2018, a Minter Creative. O objetivo desta agência de publicidade 360º é ajudar as diferentes marcas das mais variadas indústrias a alinharem a sua comunicação e estratégia de marketing com os seus objetivos de vendas e comércio.

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O seu caminho profissional sempre passou pelo Marketing e Comunicação, nos mais variados setores de atividade. Sendo uma profissional com cerca de 20 anos de experiência no mercado, recorda-se do que a fez optar por esta área de atividade? Continua a ser válido, hoje?

Formei-me em Engenharia Civil com uma especialização em Acústica Arquitetónica. O curso acabou por ser fruto de uma vontade de formação sólida e que correspondesse às expectativas de todos: minhas e família, que apesar de entender que eu tinha muitos sonhos e vontades era boa aluna em muitas áreas e a minha prioridade devia ser desenvolver capacidade de raciocínio e estrutura mental. Não vou negar que me foi útil (e é ainda) mas não era a minha vocação. Sempre gostei de escrever, sempre gostei do formato e da forma para além do conteúdo e apesar de não falhar na parte analítica a parte criativa estava em mim e acabou por ditar as grandes mudanças na minha vida. Pouco depois de terminar o curso e de estar envolvida no projeto da Casa da Música no Porto com uma breve passagem pela Holanda, entendi que a minha realização profissional passaria por equipas multidisciplinares, por outras culturas e pela criação. Portugal era pequenino para mim e o que fazia mesmo tendo sido reconhecido com prémios pela Sociedade Americana de Acústica esgotava-se e fazia antever um percurso muito técnico e isolado, algo que não me agradava. Acabei por ir para Barcelona e fiz um Mestrado em
Direção de Marketing e Comercial numa escola de negócios de prestígio. Foi o primeiro passo para a grande mudança de carreira. Abriu horizontes, trouxe novos conhecimentos e novas possibilidades. Como sentia que
começava do zero passei por todas as áreas do marketing e comunicação: trabalhei em publicidade exterior, numa revista, em eventos e em publicidade 360º, depois a nível ibérico em Retail Marketing e já em Portugal em Marketing de Vinhos e hoje tenho a minha própria agência. Na área do Branding há vários percursos válidos, mas o mais importante é ter mundo. Podemos ser excelentes a nível técnico, mas se não temos uma série de experiências dificilmente fazemos algo que faça a diferença.

Considerando que a área do Marketing e Design são áreas em que o trabalho é contínuo, como consegue assegurar, para si mesma, tempo para desfrutar sozinha, em família ou com amigos? Em que é que esse tempo é, também ele, fundamental para ter novas ideias e fazer florescer a criatividade?

Esse é o grande desafio de quase todas as profissões atualmente. Não é fácil e eu venho de uma geração que tem uma grande dificuldade em garantir esse equilíbrio. Passa inevitavelmente por estar rodeada de quem entende e apoia as nossas escolhas. Torná-los parte das nossas escolhas é fundamental. Dito isto, o segredo talvez seja empregar bem o tempo que dedicamos ao trabalho, fazendo algo que nos realiza, e no tempo que sobra saber fazer o mesmo. E sim, é nesse tempo que sobra (ao que espanhóis chamam “sin pausa pero
sin prisa”) que temos as melhores ideias porque desaceleramos e conseguimos ter a paz mental para ver coisas que no dia a dia não conseguimos.

Porque escolheu fundar a sua própria empresa de Design e Marketing? Isso mudou-a, enquanto pessoa e profissional? Em que medida? No aspeto contrário, que características suas aportou à empresa?

Acho que sempre quis ter essa grande liberdade. De poder escolher a cultura da minha empresa, as pessoas e a forma como abraço os projetos. O mundo corporativo tem tanto de interessante (escala e dimensão para grandes projetos) como desinteressante, não somos livres e obedecemos a regras que nos limitam e com as quais muitas
vezes não nos identificamos. Acho que foi mais isso do que achar que havia uma grande falha no mercado, porque há ótimas agências. Há também espaço para todos os que fazem as coisas bem. Poderia ter seguido no mundo corporativo, todos os que foram verdadeiramente meus líderes são hoje amigos e vesti a camisola por cada sítio onde passei, mas o sonho era outro e o momento acabou por chegar. Criar uma agência já perto dos
40 traz a vantagem de percurso feito. Há uma rede de contactos construída baseada em trabalho feito, confiança e respeito, há uma noção clara dos bons profissionais e dos que queremos ao nosso lado, das apostas que queremos fazer e outra maturidade, claro. Com o meu perfil este passo nunca poderia ter sido o passo inicial, eu
precisei do que vivi para ser o que sou hoje. Aprendi muita coisa com as dificuldades e com as conquistas, sobretudo que a responsabilidade é a que assumimos e a que nos colocamos, sempre. Nada nunca me parece verdadeiramente impossível.

A Minter Creative

Como caracteriza a Minter Creative? Em que se distingue das restantes agências de design e marketing do mercado?

Na verdade, eu ia abrir a sucursal de uma das maiores agências independentes de Espanha em Portugal e esse era o plano inicial, mas essa agência acabou por ser comprada e ainda na fase de plano de negócio percebemos que não podia acontecer. Decidi abrir a minha própria agência e assim nasce a Minter Creative. “To Mint” é transformar algo em algo rentável, quase perfeito. É fazer a diferença com elegância e com sentido de negócio. Não é apenas uma operação estética a uma marca, é mais do que isso.

A abordagem personalizada às marcas e às pessoas (personal branding) é essencial, hoje, para se marcar uma posição no mercado? Como consegue a Minter Creative ajudar nisso? Que outros serviços oferece?

Sem ovos não se fazem omeletes. É preciso um ponto de partida. As pessoas e as marcas têm de ter algo para oferecer e a partir daí é construir. Implica muito trabalho. Nele incluo, tempo, dedicação, capacidade, empatia e depois sentido de oportunidade. A minha agência acaba por ser uma casa – The House Of Minter – e somos uma
pequena família. Como todas as casas queremos que quem a habita e a visita se sinta em casa. Isto significa que há espaço para autenticidade e daí só saem coisas boas. Não acredito em sítios sem alma. Depois há que somar profissionalismo e o “extra mile”. E sim, tocamos todas as áreas do Branding, tendo mais recentemente
desenvolvido a área do Personal Branding.

Que mudanças nota no setor da Comunicação e Marketing? Que impacto teve a comunicação digital na forma como as marcas comunicam e como as pessoas procuram as marcas? Esta relação marca-consumidor mudou?

O digital tornou tudo mais frenético e por isso mais difícil de gerir. Claro que há inúmeras vantagens, mas para os profissionais do setor é a verdadeira loucura instalada. As marcas estão mais desprotegidas, os consumidores mais informados, mas mais baralhados também. O digital oferece mais possibilidades, mas exige mais de nós.

Qual o impacto que o Design e a Comunicação de marca têm na forma como as marcas chegam hoje aos consumidores? Esta comunicação tem por objetivo máximo levar ao consumo, mas é um parceiro fundamental da marca para que tal se concretize? Quais as tendências de futuro nesta área, considerando que hoje o digital obriga a constante inovação?

Extremamente relevante em todas as fases: no primeiro contacto com a marca, na consideração e na escolha. O melhor produto vendido da pior forma não é inteligente. Comunicar bem envolve muita coisa, mas é basicamente dizer as coisas certas, da melhor forma e às pessoas certas. Nesta era digital onde abundam porta-vozes há
que ter uma abordagem analítica e saber escolher os líderes de opinião, bem como ter um domínio das ferramentas de alcance neste meio, mas o principal continua a ser criar conteúdo relevante. E uma sensibilidade para entender como se pode ajustar a mensagem às grandes “trends” do digital.