Colaborativo, muito tecnológico e sustentável: eis o escritório do futuro!

A WSS Tech trabalha particularmente nas áreas da consultoria e adaptação dos espaços de trabalho às novas realidades empresariais e de recursos humanos. A arquiteta Raquel de Lemos Arnaut, Co-founder, Head of Workspace e WELL AP, deixa clara a importância dos escritórios para as organizações e o impacto que o bem-estar e os espaços de convívio colaborativo têm nestes novos espaços.

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Quais as principais questões que se colocam atualmente quando se fala na possibilidade de ter um escritório à medida da empresa e dos seus colaboradores?

É verdade que os acontecimentos dos últimos dois anos trouxeram muitas dúvidas sobre o tipo de espaço que as
empresas devem ter ou, até mesmo, se ele é de todo necessário. Torna-se essencial iniciar um processo de
pensamento crítico, fazer as perguntas certas, assim como falar com o maior número de pessoas pertencentes à
organização e ouvi-las. As questões “de onde vimos?”, “onde estamos?” e “para onde queremos ir?”, embora pareçam simples, exigem bastante reflexão e, muitas vezes, não são de resposta fácil. A retenção de talento toca aspetos mais abrangentes, como localização e acessos, mas é sobretudo o user experience que deve ser trabalhado. Levantam-se aqui novas questões: “que experiência de trabalho quero proporcionar?”, “que experiência de trabalho procuram os meus colaboradores?” e “o que fará os meus colaboradores quererem vir para o escritório?”.

Enquanto players deste mercado, sentem que existiu uma mudança no que respeita àquilo que as pessoas esperam do seu espaço de trabalho?

Não tenho qualquer dúvida que existiu uma mudança relativamente ao que cada um procura e espera do seu
espaço de trabalho, assim como mais virão. Acredito ainda que não se tratam de “mudanças”, mas de uma evolução natural. Por exemplo, as gerações mais jovens não pedem ou precisam de um gabinete individual nem valorizam ter carro de serviço, mas sim um ambiente que lhes proporcione bom trabalho em equipa, tecnologia e flexibilidade. Este último aspeto tem cada vez mais importância no contexto atual, onde procuramos que cada um consiga equilibrar a sua vida profissional e pessoal, mas também quando queremos reduzir as deslocações
desnecessárias. No entanto, e sendo que cada função, dentro da mesma organização, tem características
diferentes, é muito difícil aplicar uma métrica one size fits all.

Quais são, agora, as características mais procuradas numa remodelação /readaptação de um escritório? Que espaços passaram a ser imprescindíveis?

Sendo que muitas empresas veem, agora, o seu escritório como meio impulsionador da colaboração e da
cultura corporativa, diria que todos os tipos de espaço que proporcionam este aspeto são os mais procurados.
Brainstorm clusters, anfiteatros, salas multi-função, espaços de copa híbridos, com zonas de comer, mas
também onde se possa trabalhar, são exemplos de espaços que propomos aos nossos clientes com frequência.

Quão importante é, para as empresas, ter ao dispor a consultoria adequada para se levar a cabo a reestruturação dos espaços?

É fundamental que uma estratégia de workplace anteceda o projeto, e até mesmo a procura de um espaço. Cada
empresa tem uma cultura distinta, uma organização muito própria e um objetivo para o seu espaço de trabalho.
É através deste estudo aprofundado que delineamos a estratégia para o futuro.

A WSS Tech desenvolveu uma aplicação e um software que ajudam a perceber a dinâmica dos diferentes espaços de trabalho e, com isso, gerir o escritório, no que concerne ao número de pessoas no espaço diariamente, por exemplo. Quais as principais funções deste software e App?

Oferecemos uma ferramenta para a gestão diária dos espaços, que se pretendem flexíveis, muito fácil de
utilizar e que também funciona como meio de comunicação interno. Foram precisamente estes aspetos que encontrámos na Spaceti, que representamos exclusivamente em Portugal e Espanha, e que facilitam a gestão diária do espaço de trabalho, dando aos colaboradores um modo simples e rápido de se relacionarem com a sua empresa, podendo marcar espaços de trabalho, estacionamentos ou desbloquear controlos de acesso, assim como a empresa pode gerir, monitorizar e avaliar a utilização dos espaços, com base em dados concretos e não sensações.

Relativamente à possibilidade de os escritórios voltarem a ser os principais centros de congregação de colaboradores, como se poderão caracterizar os “escritórios do futuro”?

Serão espaços com grande foco no Well Being. Observamos que as empresas estão muito mais focadas na saúde (física e mental) e bem-estar dos seus colaboradores, comprovando-se que pessoas saudáveis são pessoas felizes e mais produtivas. Como já apontado, também muito tecnológicos, não só com as ferramentas de gestão e monitorização, mas também por todas as outras ferramentas que suportam a inovação, a criação e a automatização de processos. Por último, acredito que serão espaços muito mais sustentáveis. A pegada das empresas é de extrema importância, no âmbito global, sendo uma responsabilidade acrescida para os seus líderes e decisores em fazerem um percurso sustentável.

Enquanto co-founder e Head of Workspace, que análise faz da sua evolução profissional e porque é que este é um projeto positivo e enriquecedor, no que respeita à sua carreira?

A WSS veio materializar a visão que, tanto eu, como o meu sócio, Rodrigo Canas, temos para o futuro dos
espaços de trabalho e mercado de CRE. Procurámos trazer para este projeto a capacidade de providenciar um forte apoio de consultoria aos nossos clientes, assim como um serviço completo em Design&Build, nunca esquecendo o caminho paralelo que a Arquitetura faz com a Tecnologia, levando a um resultado totalmente adaptado às necessidades.

Quando olhamos para o posicionamento das mulheres no mercado de trabalho, estas são cada vez mais, e em posições de liderança, mas a igualdade ainda não é absoluta entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções. Como lhe parece que esta realidade vai evoluir?

Espero que, num futuro breve, deixe de ser um tema! As capacidades, as competências, a motivação, a
determinação e a ambição não têm género e há que eliminar estes estigmas. No entanto, também acho que somos nós, as mulheres em posições de liderança, que devem dar o exemplo e concretizar um caminho de igualdade para as gerações futuras. Com a minha experiência pessoal, e num mundo profissional ainda muito dominado por homens, é essa a inspiração que tento passar. Muitas vezes, somos o nosso próprio impedimento, quando perante os desafios. Considero as mulheres especialmente resilientes e determinadas em criar um
futuro de todos e para todos.