Esposende tem como lema “Privilégio da Natureza”. Entre o mar e a Natureza feita de trilhos pedestres e história das suas gentes, como caracteriza este concelho?
O epíteto de “Privilégio da Natureza” que Esposende ostenta deriva do vasto património material e imaterial, intimamente ligado à relação com o mar, o rio e a comunidade piscatória. O território concelhio é fértil em
ofertas para o visitante, nomeadamente o património natural, paisagístico, arqueológico, religioso, cultural e etnográfico, bem como a Rede de Miradouros, Rede de Observatórios de Avifauna e Rede de Percursos Pedestres. Ao longo de 18 quilómetros de costa há todo um território para descobrir e usufruir, entre mar, rios e monte. Seja no litoral, de belas praias e mar azul, ou no interior, verde e intenso, convidando ao descanso, ou desafiando à descoberta. A predominância do vento no nosso território, muitas vezes associado à “Nortada”, pode ser analisada como um ponto forte e diferenciador, no desenvolvimento territorial, ou mesmo uma oportunidade, fundindo as naturais sinergias entre os dois temas: a influência atlântica na gastronomia local; e o convite desse mesmo mar, do vento e da excecional costa para a prática de desportos de água, onde o kitesurf regista crescente adesão.
Que condições infraestruturais existem na região que sejam interessantes para as famílias se fixarem em Esposende?
Esposende tem uma das melhores localizações geográficas do Norte de Portugal, a cerca de meia hora de viagem de importantes polos urbanos como Braga, Porto e Viana do Castelo. Facilitando os movimentos pendulares e com uma excelente rede rodoviária, Esposende capta recursos humanos qualificados e capazes de responder às diferentes necessidades do tecido empresarial. Em Esposende há tempo para viver. Próxima de grandes centros urbanos, permite aceder ao seu dinamismo, mas sem perder a sua identidade como pequena cidade com grande
qualidade de vida. Com recursos naturais únicos, como o Parque Natural Litoral Norte, experiências gastronómicas diferenciadoras e uma oferta ímpar de ecovias e passadiços que proporcionam o equilíbrio entre o
trabalho, o lazere uma vida cultural ativa. O território pretende liderar todos os indicadores de qualidade ambiental na região Norte até 2030 e estabelecer as bases para se tornar no primeiro concelho português a
atingir a “neutralidade carbónica” antes de 2050. O Município de Esposende disponibiliza um conjunto de incentivos fiscais e municipais, destinados a investidores privados e institucionais, consciente da emergente necessidade em disponibilizar um ambiente favorável ao investimento, nomeadamente: a aplicação da taxa mínima de IMI; isenções totais ou parciais de outras taxas municipais, concessão de benefícios fiscais nos impostos a cuja receita o Município tenha direito; realização ou comparticipação de infraestruturas inseridas em áreas prioritárias de desenvolvimento económico e incluídas em orçamento ou reconhecidas como de interesse municipal pela Assembleia Municipal; cedência parcial e temporária de espaços e equipamentos de apoio administrativo; sem derrama. Saliente-se que o tecido empresarial esposendense é constituído por 5200 empresas, 600 das quais criadas nos últimos cinco anos, tendo, nesse espaço temporal, o volume de negócios global atingido 1.300 milhões de euros. Em 10 anos foram criados quatro mil novos postos de trabalho, pelo que a taxa de desemprego fixa-se abaixo dos 5%, em janeiro deste ano. No concelho de Esposende existem dezenas de associações, de cariz social, cultural ou desportivo e, conjuntamente com o Município, desenvolvemos projetos que abrangem todas as faixas etárias, das quais destaco, a nível desportivo, o projeto “dar vida aos anos” que abrange os mais velhos e os contratos-programa de desenvolvimento desportivo, para apoio à promoção da prática desportiva de todas as modalidades e provas nacionais e internacionais.
Em Esposende, o Verão é um momento para apostar nos eventos. Que eventos de Verão destacaria, em particular?
O Município de Esposende promove durante todo o ano uma programação cultural regular e bastante diversificada, sendo que nos meses de Verão multiplicam-se os espetáculos e animação no exterior. Ao todo, teremos cerca de uma centena de eventos, procurando ir ao encontro dos vários tipos de público, incluindo música, dança, poesia, teatro, exposições, stand up comedy e atividades desportivas. O cartaz integra espetáculos musicais, com os Black Mamba e os Gipsy Kings, por Andre Reyes e destaco a recriação histórica que ocorre na Galaicofolia, assim como as realizações icónicas que são a Noite Branca, ou o Remembers 80’s e 90’s. O festival da Juventude promete muito som e o concerto de Rita Guerra com a Banda de Belinho deixará um marco neste Verão. No Dia do Emigrante teremos o espetáculo de Ágata e a temática sertaneja marcará uma noite brasileira. Teremos, também, um tributo a Tina Turner. A todos estes eventos acrescentam-se as celebrações associadas ao Dia do Município (19 de agosto) e as romarias que se realizam em todas as freguesias e que apresentam programas próprios. Para acesso a toda a programação aceder a: www.municipio.esposende.pt.
A história de Esposende está indubitavelmente ligada ao mar. Culturalmente, que estruturas e eventos existem para celebrar essa história e dá-la a conhecer a quem chega a Esposende?
As duas milhas e meia de frente marítima de Esposende são porta aberta para uma outra dimensão, onde a biodiversidade merece um trabalho de preservação e respeito que, em Esposende, é compromisso de honra. A empatia aquática de Esposende prolonga-se terra dentro, com dois braços de água (rios Cávado e Neiva) que encontram serenidade ecológica na fase em que desaguam no mar. Fonte de sustento de uma importante comunidade piscatória, o mar esconde uma infinidade de valências, antevendo-se o alargamento da investigação, associado ao arranque do Centro de Divulgação Científica de Atividades Marinhas, em instalação, decorrente do acordo entre o Município de Esposende e a Universidade do Minho. Queremos preservar o património natural marinho, salvaguardando a resiliência dos ecossistemas, com políticas amigas do ambiente, porque o mar é um
importante apoio à atividade turística de Esposende. O Blue Project, que idealizámos, criou uma unidade de processamento de peixe fresco para a comercialização de filetes de ‘Sarrajão’ para servir em cantinas escolares, colaborar com entidades de I&D e aproveitar o desperdício alimentar (de peixe) para criar novos materiais
têxteis (a partir da pele) e outros produtos alimentares (dos remanescentes do peixe) e colaborar na implementação de estratégias de literacia do oceano, de promoção do consumo de peixe e de redução do desperdício alimentar, num verdadeiro projeto de economia circular. Os principais beneficiários deste projeto são as escolas, os municípios, os cidadãos e as entidades com atividades relacionadas a esta temática. Em Apúlia abriu, recentemente, o Museu do Sargaço, estrutura vocacionada para manter vivas as memórias da tradição da apanha do sargaço. Em Forjães funciona o Museu do Junco. Em Vila Chã, no Castro de S. Lourenço, o visitante pode descobrir o património histórico e arqueológico de Esposende, com especial destaque para a riqueza
arqueológica do planalto.
Gastronomicamente, o concelho também se destaca. Está inserido na região demarcada dos Vinhos Verdes e à mesa são servidos pratos como a Lampreia e as Clarinhas de Fão. Esta é também uma área que leva a que as pessoas visitem Esposende?
Em Esposende, a gastronomia tradicional tem lugar cativo à mesa dos nossos restaurantes. O esmero colocado na arte de bem confecionar e servir grandes repastos. Ementas onde despontam, por exemplo, o suculento robalo – assado no forno ou com arroz – sem esquecer a sardinha, faneca, cavala, carapau, polvo e o bacalhau, cozinhados de mil e uma maneiras, ou ainda a riqueza dos mariscos da nossa costa e a lampreia que fazem as delícias de todos nós e representam um cartaz gastronómico ímpar na região e no país. Destaco, ainda, a elevada qualidade dos produtos endógenos, nomeadamente os hortícolas. A degustação destes pratos surge harmonizada pelos vinhos verdes das quintas locais, ligeiros, suaves e aromáticos provenientes das encostas soalheiras dos vales do Neiva e do Cávado. As conventuais e dulcíssimas clarinhas de Fão, as cavacas ou
folhadinhos rematam uma faustosa refeição.
Enquanto autarca, como avalia os objetivos já concretizados durante o seu mandato? Que outros, ainda por concretizar, destacaria como importantes?
Estou extremamente satisfeito com os resultados alcançados na gestão municipal. Desde logo, destaco o trabalho de base que promoveu uma verdadeira revolução ao nível dos estabelecimentos de ensino, avançando o
município uma percentagem de capitais próprios que permitiram realizar as obras de requalificação na escola Secundária com 3.º CEB Henrique Medina, na EB de Gemeses, na EB de Pinhote e na EB do Facho. A estas intervenções soma-se a remoção total do fibrocimento das coberturas dos edifícios escolares. Muito antes da
descentralização de serviços, já o Município de Esposende substituía o Estado, em áreas como a educação e a saúde, encontrando soluções para problemas concretos. Fizemos esforços que se traduziram na instalação do ensino superior em Esposende, através de parcerias com a Universidade do Minho e o Instituto Politécnico do
Cávado e do Ave, no alargamento da ação do ensino profissional, além de termos avançado, recentemente, para uma candidatura para uma residência universitária. Estou muito orgulhoso com o trabalho que desenvolvemos, com a instalação do canal intercetor de proteção e gestão de riscos, cheias e inundações da cidade de Esposende, obra que ultrapassou os 5 milhões de euros. Dotamos as freguesias de melhores condições de circulação automóvel, com arranjos nos centros cívicos das 15 freguesias, rompendo novas vias e travessias de cursos de água, melhoramos as condições de funcionamento das Juntas de Freguesia e instalamos balcões do
cidadão. Quero, porém, vincar que o trabalho autárquico não se define, apenas, por grandes obras que balizam os mandatos. Este é um trabalho contínuo, durante o qual dou tanto valor aos grandes projetos como aos mais
insignificantes. A única razão que motiva a sua concretização é a resolução de uma necessidade de um ou mais habitantes de Esposende. Porque temos projetos que já estão no terreno e que vão impulsionar, definitivamente, o concelho de Esposende para o centro das atividades ligadas à investigação e tecnologia marinhas, com o
arranque do Centro de Divulgação Científica que ficará instalado no Forte de S. João Baptista e com o Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha (IMCTM), na antiga Estação Radionaval de Apúlia. Um outro projeto que já está a nascer no terreno é o Parque da Cidade de Esposende. Trata-se de um equipamento que
disponibilizará 30 hectares para fruição pública, nas duas margens do rio Cávado, integrando percursos pedonais e cicláveis, espaços para eventos ao ar livre relacionados com o rio e a prática de desporto informal. Porque o desporto representa uma importante fonte de capitalização do território, queremos avançar com a nova zona
desportiva a norte da cidade e resolver dois casos pendentes de equipamentos que podem ter um melhor aproveitamento: Fão e Vila Chã. Tem sido desenvolvido um trabalho intenso, em colaboração com as Juntas de Freguesia, para proporcionar as melhores condições de vida à população.