A GSM Marine Consulting está no mercado há 16 anos e quase desde o início da sua atividade que Portugal faz
parte dos seus mercados de trabalho. O primeiro porto a contar com os serviços desta empresa alemã foi o de Aveiro, mas rapidamente Viana do Castelo, Leixões, Lisboa e Sines também entraram na rota de trabalho desta empresa.
Entre as principais áreas de atividade estão as inspeções e peritagens – a cargas, navios, cais de embarque – e a consultoria, que se aplica a questões tão diversas como um aconselhamento do transporte e embalamento de carga pesada e de grandes dimensões ou o acompanhamento da mesma desde que sai do porto de origem até ao porto de destino. Da mesma forma, assegurar que toda a documentação para o transporte de carga está em ordem e cumpre os requisitos internacionais também é da responsabilidade da GSM Marine Consulting.
O negócio da energia eólica é um dos que mais conta com a colaboração desta empresa para o transporte correto das turbinas, sobretudo devido ao formato e à dimensão das mesmas. Stefan Degenhardt assume que se destacam em Portugal, sobretudo devido à qualidade: “Trabalhamos com grandes clientes, um pouco por todo o mundo, mas em Portugal existe burocracia massiva. Este é o principal problema do país para fazer funcionar uma atividade empresarial. Depois, há o próprio desconhecimento dos trabalhadores e das empresas do setor”.
Falta uniformizar os padrões de inspeção marítima
Segundo Stefan Degenhardt, não existe uma padronização dos procedimentos a seguir para a área das inspeções e peritagens marítimas a cargas ou navios. Nem a União Europeia desenvolveu – ou pensa desenvolver – uma
legislação que gere conformidade entre todos os países-membros desta comunidade. Isso é uma vantagem competitiva para a GSM Marine Consulting: “Os inspetores das empresas nacionais limitam-se, muitas vezes, a tirar fotografias a uma carga ou a um problema num navio. Na GSM, temos técnicos com experiência de mar, que fazem um acompanhamento de perto, aconselham soluções, percebem se a carga terá problemas durante a navegação e acautelam tudo o que possa correr mal, para garantir uma viagem segura – da carga, do navio e das vidas humanas. Caso algo corra mal, é nossa responsabilidade e traz-nos custos acrescidos. Na Alemanha, temos procedimentos padronizados em que as pessoas têm de ter determinados conhecimentos náuticos para
poder desenvolver este trabalho, com know-how que permita identificar problemas antes de estes acontecerem. Em Portugal, não só não existem cursos de formação nesta área, como as pessoas têm mais dificuldade em aceitar que precisam dessa formação para poderem trabalhar”. A GSM está aprovada e certificada pelas maiores seguradoras mundiais, tais como a Allianz Group ou a International Liberty Underwriters.
No entanto, é possível alinhar os colaboradores portugueses com os padrões alemães, de acordo com o Capt. Ricardo Lobato, que considera que a motivação é a base de um bom processo de aprendizagem. Para Stefan Degenhardt, CEO da GSM Marine Consulting, no entanto, existem três aspetos-chave: educação, responsabilidade e dinheiro: “Os portugueses são algo orgulhosos, não gostam muito que se lhes diga que têm de aprender sobre alguma coisa. É importante passar-lhes a mensagem da necessidade de aprender da maneira certa. Depois, há a questão da responsabilidade. Por exemplo, na GSM sempre que desempenhamos as nossas
funções, estamos 100% focados em realizar operações seguras e eficazes. Isso permite reduzir os custos de demurrage e agilizar operações de carga, assim como prevenir ou minimizar riscos de acidente. Em Portugal, esta atitude não se verifica muitas vezes. Depois, o dinheiro. A GSM paga muito mais do que qualquer outra empresa portuguesa desta área de atividade. Isso é uma motivação para querer vir trabalhar connosco”.
A capacidade exportadora da indústria nacional está muito longe daquela que existe na Alemanha. Ainda assim, a mais-valia de Portugal para a GSM Marine Consulting é evidente, pelo que a empresa apostará, num futuro próximo, em trabalhar o mercado ibérico e em abrir uma filial da GSM Marine Consulting em Portugal.
Boa tarde
Fiquei bastante perplexo com esta entrevista ao se. Capt. Stefan Degenhardt, CEO da GSM Marine Consulting.
Poiis o mesmo deveria ser mais comedido quando fala dos inspetores marítimos em Portugal.
Neste momento penso que a GSM em território nacional tem 4 inspetores dois dos quais conheço perfeitamente pois ambos já trabalharam na e para a empresa em que trabalho, que é conhecida por todos os que trabalham na GSM.
Dois dos peritos. Em primeiro o Cpt. Ricardo Lobato a quem tive o prazer de partilhar conhecimentos que ainda hoje lhe são úteis para o exercício da sua função de inspetor não lhe tirando o mérito na sua área de atuação.
Em segundo o Sr. Marco França que apesar da sua formação em Eng. florestal quando trabalhou como meu colega não tinha qualquer prática neste sector, Mais uma vez foi através da nossa partilha de conhecimentos que consegui obter as competências que o levaram a poder ocupar o lugar de inspetor na GSM.
Há um aspecto em o Cpt.Stefan Degenhardt tem razão que é a desvalorização que as empresas Portuguesas dão aos bons profissionais num sector que exige muita responsabilidade , dedicação e grandes sacrifícios familiares.
Que os profissionais neste sector em Portugal são mal pagos é uma verdade o muitas vezes leva a uma grande desmotivação e á procura de oportunidades em empresas estrangeiras a operar em território nacional que não só pagam substancialmente melhor e com melhores condições como também são mais focadas nas pessoas e valorizam o seu desempenho.
Jorge Viegas Santos
Inspector Marítimo
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