Se pensarmos qual o propósito da existência das nossas empresas, temos de ir mais longe do que a mera definição da missão e visão da mesma e entender conceitos como o bem comum, a solidariedade e o objetivo para além do legítimo retorno ao acionista. Nunca como agora se manifestou tão necessário liderar com um propósito, perceber a quem atingir com o bem que fazemos. Entender que chegar aos números no final do ano não tem de acontecer só pelo enriquecimento vazio, mas sim olhando para o nosso próximo e para as outras empresas como para nós mesmos e aplicar critérios de gestão que nos transformam e transformam o mundo. A componente meramente financeira enfraquece-se tanto mais quanto maior for a nossa consciência de que, para além do nosso negócio, há pessoas, há famílias. Há uma sociedade onde podemos atuar e influenciar positivamente naquilo que nos cabe e na medida das nossas possibilidades, não deixando passar oportunidades para fazer crescer ou, no momento específico que atravessamos, para salvaguardar não só as nossas empresas, mas todos os que nela se veem envolvidos, direta ou indiretamente.
Pessoas. É tempo de dar prioridade às pessoas que ajudam a fazer crescer os nossos negócios em momentos de prosperidade, em lugar de deixar que o pânico nos tolde o pensamento e provoque decisões irrefletidas, descartando precipitadamente quem, de repente, parece estar a mais. Está claramente demonstrado que o despedimento massivo em tempos difíceis nem sempre se manifesta a melhor opção financeira para as empresas, dado o investimento significativo que, na retoma, terá de ser feito em novos recrutamentos.
Famílias. É tempo de entendermos que por detrás “daquela pessoa” está, na maioria das vezes, uma família que é fortemente impactada pelas nossas decisões, no seu bem-estar ou até mesmo nas suas necessidades essenciais.
Empresas. É tempo de saber que aquela empresa a quem deixamos de pagar atempadamente para salvaguardar as nossas reservas financeiras ou o pequeno fornecedor a quem deixamos à espera mais umas semanas, não subsistem se não cumprirmos com tudo o que estiver ao nosso alcance para que ninguém fique para trás.
Sociedade. É tempo de discernir que, quando causamos os impactos acima descritos, influenciamos fortemente o mundo que nos rodeia.
Como líderes, temos agora mais do que nunca de “pôr os nossos talentos a render” e com resiliência, inovação, criatividade, responsabilidade… ser ousados na procura de um bem maior, sem desânimos ou desistências, conscientes de que estamos sempre na linha da frente para construir o futuro económico e que o propósito maior que hoje podemos ter na nossa liderança é o de CONSTRUIR A ESPERANÇA NA CRISE.